14 de mar. de 2012

Cláudia Raia traz Cabaret a Belo Horizonte






Nas categorias:Assessoria de Imprensa Após sucesso absoluto na capital paulista, com lotação esgotada desde a estreia, em outubro do ano passado, e indicado a duas categorias do Prêmio Shell (Melhor Ator Coadjuvante, Jarbas Homem de Mello, e Melhor Iluminação, Paulo Cesar Medeiros), o musical Cabaret chega Belo Horizonte na próxima semana. A montagem, que traz Claudia Raia no papel da cantora Sally Bowles, ficará em cartaz na cidade de 15 a 18 de março (quinta a domingo), no Sesc Palladium. Com versão brasileira de Miguel Falabella, direção de José Possi Neto e produção de Sandro Chaim – em parceria com a atriz –, o espetáculo tem patrocínio máster do Banco BVA e copatrocínio da Sul América Seguros e Previdência.

Encenado pela primeira vez há exatos 45 anos, com texto de Joe Masteroff, música de John Kander e letras de Fred Ebb, Cabaret se tornou um dos musicais de maior sucesso de todos os tempos – não só por sua poderosa equipe de criação, mas também por ter sido uma das mais felizes transposições já realizadas do palco para as telas. Se a montagem de Harold Prince para a Broadway conquistou oito prêmios Tony, o filme de Bob Fosse não ficou atrás: levou o mesmo número de estatuetas no Oscar e, de quebra, consagrou Liza Minnelli no papel principal.
Dono de larga experiência na viabilização de dezenas de musicais, como os recentes A Gaiola das Loucas e Hairspray, Sandro Chaim é parceiro de Claudia na empreitada e assina a produção geral de Cabaret, cujos créditos incluem ainda direção musical e vocal do maestro Marconi Araújo, coreografia de Alonso Barros (de volta ao Brasil depois de uma temporada de 23 anos na Áustria), cenários de Chris Aizner e Renato Theobaldo, figurinos de Fábio Namatame e iluminação de Paulo César Medeiros. O elenco tem 21 atores e uma orquestra de 14 músicos, regida em cena pela maestrina Beatriz de Luca.

“Estou cercada de profissionais fantásticos que admiro muito. O Chaim é muito corajoso, vai atrás daquilo que quer fazer. Sempre quis trabalhar com o Possi, que tem uma sofisticação, um bom gosto e um conhecimento da linguagem dos musicais como poucos. O Alonso eu conheço desde o começo da minha carreira, em A Chorus Line, e é um dos melhores profissionais com quem já trabalhei. Os arranjos e o trabalho de vocalização feitos pelo Marconi estão impecáveis”, desmancha-se a atriz.

Ela nunca cogitou outro nome que não o do ator, produtor, dramaturgo e grande amigo Miguel Falabella para fazer a versão das músicas e do texto. “Tinha certeza de que seria o Miguel. Nós temos um amor comum por este musical e dentre todas as adaptações maravilhosas dele, esta é a melhor”, garante.
Ambientada no Kit Kat Club, uma decadente casa noturna em Berlim, em 1931, a trama, baseada no livro de Christopher Isherwood, gira em torno do relacionamento da inglesa Sally com o escritor americano Cliff Bradshaw, encarnado pelo jovem ator Guilherme Magon, de apenas 25 anos. Paralelamente ao romance entre os personagens principais há ainda a relação entre uma alemã tolerante, Fräulein Schneider (vivida pela atriz Liane Maya), e um judeu, Herr Schultz (Marcos Tumura, protagonista de diversos musicais, entre eles Les Miserables e Miss Saigon).

“O que me fascina em Cabaret é que a sua trama tem um peso. Na maioria dos musicais, as histórias normalmente são leves. Aqui, não. Ela é densa, retrata seres mundanos da noite num momento em que a raça humana estava à beira do abismo. O enredo é situado historicamente numa Alemanha transformada pela ascensão do Partido Nacional Socialista, onde judeus e minorias são acossados e o mundo vive a tensão de uma iminente Segunda Guerra Mundial”, analisa Possi.

A versão cinematográfica, onde a personagem de Liza Minnelli é uma desvairada cantora de cabaré, é mais leve do que a do texto original, que a retrata como uma cativante, porém traiçoeira, prostituta em fim de carreira.

“Ela é extremamente paradoxal. É adorável, mas ao mesmo tempo também é alcoólatra e histérica. Fora dos holofotes, a vida dela é um desastre absoluto e ela precisa usar de suas artimanhas para sobreviver. Ela não é bipolar, é tripolar”, destaca a atriz.

As duas versões também se diferem no tratamento dado ao Mestre de Cerimônias, que tem uma participação mais destacada na escrita para o teatro. Vivido na telona e no musical da Broadway pelo ator Joel Grey, cujas incontestáveis atuações o levaram a receber duplamente o Tony e o Oscar, o papel é de Jarbas Homem de Mello, indicado ao Premio Shell por esta atuação.
A versão original de Cabaret, de 1966, foi escrita pelo dramaturgo Joe Masteroff, que se baseou na peça Eu Sou uma Câmera, de John Van Druten, inspirada, por sua vez, no livro Adeus, Berlim, de Christopher Isherwood. Com músicas de John Kander e Fred Ebb – uma das principais duplas de compositores de musicais da história, donos de sucessos como Chicago e Beijo da Mulher Aranha, entre outros –, o espetáculo teve 1.165 apresentações na Broadway e depois recebeu uma versão londrina, onde a protagonista era interpretada por ninguém menos que Dame Judi Dench.

“Assisti ao espetáculo em diversas oportunidades, em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires… O filme, eu vi umas 30 vezes”, conta Claudia. “É impossível fugir totalmente das referências, mas acredito que a Sally que construí tem a minha assinatura, é a minha Sally”, compara.
A primeira e única produção nacional do musical foi realizada em 1989. Claudia foi convidada na ocasião pelo diretor Jorge Takla para interpretar a protagonista, mas se viu obrigada a declinar por estar comprometida com uma novela. A vaga terminou ocupada por Beth Goulart e o Mestre de Cerimônias foi vivido por Diogo Vilela. Desde então, interpretar Sally Bowles virou uma espécie de obsessão para ela.

“Dizem que os personagens também caçam seus intérpretes. Foram anos de perseguição recíproca e algumas oportunidades se desenharam, mas os direitos estavam sempre com alguém. No ano passado, quando eles foram liberados, eu e o Sandro Chaim corremos para adquiri-los”, lembra Claudia.



Tamanha perseverança se refletiu no esmero da produção. A iluminação de Medeiros (também indicada ao Prêmio Shell), os 150 figurinos luxuosos de Namatame e o cenário de Chris Aizner e Renato Theobaldo foram desenhados meticulosamente para fazer com que todos se sintam dentro de um cabaré de fato.

“Quero que o público se sinta como se estivesse observando o universo fascinante do cabaré pelo buraco da fechadura”, diz Possi.

Cabaret em números:
- 80 profissionais envolvidos, entre artistas e técnicos
- 150 figurinos (Claudia Raia usa dez figurinos e tem nove trocas de roupas durante o espetáculo)
- 18 músicas
- 40 perucas usadas pelo elenco
- 11 mesas que acomodam um total de 60 pessoas (do público) instaladas em cima do palco para formar o clima de cabaré
- cenário de 7 toneladas
Curiosidades:
- A produção precisou importar 20 caixas de cigarros de alface, para Claudia, que é ex-fumante, usar em cena. Ela acende dois cigarros por sessão.
- O vestido que Claudia usa em Grana (Money), criado por Fabio Namatame, tem 20 mil pedras de cristais Swarovski bordados à mão.

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