29 de nov. de 2023

Bia Lucca: novo single chega com show em BH

 

FOTO: Ana Paula Couto 

Em clima festivo, com a proximidade das celebrações de final de ano, a cantora mineira Bia Lucca inicia dezembro com novo show em Belo Horizonte, onde será lançado o single “O novo 40”. A apresentação será no dia 06 de dezembro, quarta-feira, às 20h, no Madame Geneva (Rua Luís Soares da Rocha 21 A – Luxemburgo). O espaço, inspirado nos cabarés dos séculos XIX e XX e com decoração retrô, conta com um teatro.

Para o espetáculo, Bia Lucca preparou um repertório composto por clássicos da bossa nova e MPB. Ao todo, serão cerca de 12 músicas. O ponto alto da apresentação será a participação do cantor e compositor do single “O novo 40”, o belga Michel Tasky, que reside em Portugal, e que virá especialmente para o show acompanhado da clarinetista Bia Stutz, que também mora no mesmo país e fará parte da equipe dos músicos. Além deles, integram à banda os músicos Leandro Aguiar (violão e direção musical) e Guilherme Stephan (bateria).

“O show traz uma proposta mais intimista.  Eu e Michel vamos conversar e contar casos que marcaram nossas vidas e nos trouxeram até aqui. Será divertido e interessante. Espero que todos gostem”, diz Bia Lucca.

A cantora conta que conheceu Michel Tasky durante um curso online voltado para área musical. Desse contato nasceu a parceria. “Nós compartilhamos muitas ideias, inclusive sobre a letra da música novo 40. Há um trecho que fala o seguinte: Dizem que é dia de felicidade, que estou muito bem pela minha idade...Que 60 é o novo 40, que o corpo aguenta...e vou acreditar que é verdade. Eu me vejo assim. Sessentei com dinamismo e vontade de viver”, explica.  

“O novo 40”, que estará disponível nas plataformas digitais no dia 06 de dezembro, contou com a participação de Felipe Fantoni (baixo e direção musical), Raissa Anastásia (flauta), Fábio Martins (percussão), Richard Neves (teclado), Pablo Malta (cavaquinho) e Lincoln Cheib (bateria). O coro foi gravado com Analu Fradico e Ary Nóbrega. 

Os ingressos online estão à venda no site do Sympla: Clique aqui! A saber: R$ 20 (primeiro lote), R$ 30 (segundo lote) e R$ 40 (terceiro lote). Também poderão ser adquiridos no próprio local do evento.  Informações e reservas pelo telefone: (31) 98482-1133 ou pelo Instagram @madamegeneva_bh.

Bia Lucca

O primeiro contato com o universo musical foi na infância por meio da influência familiar paterna. Belo-horizontina, Bia participava das festas em família que tinham como atração a roda de violão. As irmãs faziam vocais com o irmão, tios e primos. O avô Zito era músico desde os tempos de tropeiro, quando levava café para vender no Rio de Janeiro. Foi fundador da banda Santa Cecília, em Inhapim (MG). O pai, Altair Chagas, também era um excelente cantor.

A musicalidade também exerceu um papel importante na fase da adolescência. Haja vista que Bia enveredou-se pelo caminho teatral. À época um dos requisitos para os trabalhos era saber cantar. Antes disso, no início dos anos 1980, cursou Artes Dramáticas na Fundação Clóvis Salgado, por meio do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart (Palácio das Artes). Também ajudou a fundar o grupo Minas Artes Gerais, conhecido pelo show adulto de variedades “Sem nexo, sem plexo” e pelo espetáculo teatral infantil “Os Alegríssimos”, que era apresentado semanalmente no extinto programa “Clubinho” da Tia Dulce, na TV Alterosa.  Entre 1982 e 1983, atuou em “Jeitinho brasileiro”, “Quem roubou o branco do mundo” e “O quarto que virou circo”.

O amor à arte fez com que Bia deixasse seu trabalho como bancária, em 1986, e também a faculdade, para se dedicar à profissão de atriz e produtora cultural. Como era fluente em inglês, dava aulas desse idioma para cobrir suas despesas. E com essa habilidade e a experiência adquirida na produção teatral, foi convidada a trabalhar como produtora na Quilombo Criação e Produção, na turnê nacional de Milton Nascimento, em 1989, e em 1990 foi contratada como assistente de produção internacional.

De funcionária pública concursada, de 1991 a 2015, passou a se dedicar ao que mais gosta, cantar. E assim deu início à carreira solo profissional com estreia oficial em 2018. De lá para cá, inúmeros têm sido os projetos na área musical, como apresentações em espaços culturais, lives, gravações de canções e clipes. Já lançou 1 EP e vários singles. Versátil, canta diversos estilos.

21 de nov. de 2023

VIVER DE ARTE: NOVO SHOW DE SIDNEY GRANDI

Foto:Mônica Brant 


Será no dia 5 de dezembro, terça-feira, às 20h30, na Casa Outono (Rua Outono, 571 – Carmo - BH), o show “Viver de Arte”, do cantor e compositor Sidney Grandi.

Administrador com especialização em Economia Industrial, Sidney Grandi é empresário e desde 1968 atua na área de indústria gráfica e distribuição de papéis, em Belo Horizonte/MG, sua terra natal. Começou a cantar com 60 anos de idadeAtualmente, aos 75 anos, celebra cinco álbuns em sua discografia: Sidney Grandi, 2006; Roda de Samba, 2007; Meu ideal, 2014; Meu Interior, 2018 e Viver de Arte, 2022.

 

O show do dia 5, com repertório de MPB autoral, que traz entre os ritmos, o samba e a bossa-nova, tem direção musical, arranjos e violão: Samy Erick; vozes de Sidney Grandi e Stéfanni Lanza; baixo de Sanches Almeida – Chacal e percussão por Serginho Silva.

 

Os ingressos: R$40,00, já à venda pelo Sympla:

https://www.sympla.com.br/sidney-grandi---show-viver-de-arte__2256970

 

Sidney Grandi é desses artistas que a vida convida a emprestar seu talento às questões profissionais, antes de mostrar, nos palcos, a que veio. Sempre atuou nas pioneiras empresas familiares do ramo gráfico, onde construiu, inovou e segue surpreendendo em qualidade e profissionalismo. Quando a música já não cabia naquele coração, nos presenteou com uma sequência discográfica cuja força está na sensibilidade do ser às coisas cotidianas, simples e de origem essencial. As composições falam de amor, tem humor e beleza. Sua música contempla as raízes da MPB, com a fluidez de sua assinatura.  Tive a honra e alegria de ser o produtor musical, gravando um dos seus álbuns. E a cada novo convívio, através das plataformas digitais ou nos palcos, celebro, no artista, sua profunda qualidade de viver o presente”.

(Sérgio Moreira, cantor e compositor)

 

SIDNEY GRANDI, por ele mesmo:

“O samba e a bossa-nova marcaram minha juventude. Sendo assim, minhas composições, em sua maioria, navegam por essas águas.

Baden Powell, Paulinho Nogueira, Hélio Delmiro, Sebastião Tapajós, Rafael Sete Cordas e tantos outros violonistas inovaram e expandiram as fronteiras da música brasileira. Em capítulo à parte, poderíamos gastar horas falando só de Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Privilégio viver em uma época de músicas inspiradas e letras de pura poesia.

Sempre gostei de música, mas, só aos 60 anos resolvi abraça-la, realizando um sonho

Nossa última apresentação foi em 20 de agosto de 2018, com o CD “Meu interior”.

Em 2020, quando retomaríamos os shows, ocorreu a Pandemia.

Em 2021/2022, preparamos e gravamos o CD “Viver de Arte” e só agora, em 2023, vamos retomar as apresentações com músicas deste álbum, além de algumas inéditas: “Menina do mar”, “Portas abertas”, “Pegada”, “Acordes banais”, “Conselho”     e “Palavras”.

Aos 75 anos, é preciso vencer o medo e ousar. Mas, afinal, seu eu não mostrar o trabalho, ele vai ficar escondido, no fundo de uma gaveta. Minha coragem é sustentada por meus amigos músicos renomados, que me suportam há 15 anos, pelos meus familiares e amigos que me incentivam e minha professora de canto, Steffani Lanza, que não deixa minha voz ficar muito velhinha”. (Sidney Grandi)

 

19 de nov. de 2023

As Artes Plásticas e o Flamenco perdem Carlos Carretero

 










Foto:Marcelle Facury  (Carlos Carretero, Adão e Eva) 


Morreu, hoje, dia 19 de novembro, em Belo Horizonte/MG, o artista plástico Carlos Carretero. 


Carlos estava internado no CTI da Santa Casa, desde que sofreu um infarto, há 11 dias. Morreu no mesmo hospital. 

Carlos Carretero (15/12/1947 - 19/11/2023), nasceu em Madri, cresceu em Granada e se mudou para o Brasil, em 1971. Filho de Angel Carretero e grande amigo de Federico Garcia Lorca. 

Foram cinco décadas de profunda conexão com o Brasil e a capital mineira. 

Aqui, casou-se com a bailairina flamenca, Fátima Carretero, com quem constituiu família e um legado que foi além do próprio núcleo. Juntos, através de seu respeitável “La Taberna Centro de Cultura Flamenca" foram pioneiros e responsáveis por estabelecer, difundir e fomentar o Flamenco em Belo Horizonte. De lá, saíram  inúmeros profissionais relevantes do mercado que, posteriormente, criaram os próprios espaços e grupos de dança. O La Taberna também acolheu os mais diversos tipos de arte, abrindo espaço para a música, em décadas de atuação. Vale lembrar as belas "Romerias Del Rocio", que ganhavam as ruas de Belo Horizonte, cidade-irmã de Granada.  A festa, em homenagem à Virgen Del Rocio, tornou-se tradição e parte do calendário oficial da cidade.

 “ Desde pequeno, sempre senti o aroma das tintas dos quadros pintados pelo meu pai ”(Carlos Carretero)

Das memórias olfativas à própria arte, foram passos firmes, cores quentes, pinceladas próprias:
após ganhar alguns prêmios, ele ganhou uma bolsa para estudar na Escola de Artes e Ofícios de Granada, passou pelo Círculo Artístico São Lucas, em Barcelona, por Paris e desembarcou no Brasil.

Sua arte compreendeu o estilo e as fases dos expoentes da época, sem perder a originalidade e a identidade. 
Em tempos de Guignard, Carretero rememorava os sábados de convívio na galeria com Inimá de Paula, Chanina, Álvaro Apocalypse, Haroldo Mattos, Fernando Pacheco, Carlos Wolney, Yara Tupinambá. De Bracher, revelou, certa vez: “Identifico-me com o despojamento, a pincelada solta, a força das pinturas dele”.
Mas, o seu pincel tinha voz própria, sempre, permeada de emoções, onde retratou, por exemplo, o rosto do pai do bailarino flamenco, Alejandro Garcia, num corpo de bailarino, em uma homenagem por ocasião do falecimento deste pai. 
Assim, contava e recontava histórias com sua visão sensível e sua personalidade elegante. 

Carlos Carretero deixa a esposa Fátima, duas filhas, Aixa e Marien e as netas, Marisol e Analiz. 

O velório de Carlos Carretero acontece nesta segunda, dia 20 de novembro, das 9h30 às 12h, no Memorial Grupo Zelo (Av. Contorno, 8657 - Gutierrez - BH).  A cremação será terça-feira, com acesso restrito à familiares.

Depoimentos:
"Belo Horizonte perdeu hoje um artista criativo que soube unir as artes visuais, a gastronomia, a dança e arte flamenca à cidade e sua cultura. Que sua história na cultura de Belo Horizonte seja sempre lembrada e nossos sentimentos e conforto à família e amigos" (Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte) 

"Hoje o Flamenco está de luto. E meu coração agradece todos os momentos de Arte e amizade com este grande artista e amigo. Agradeço a vida todo aprendizado e momentos inesquecíveis. Viva Carlos Carretero!” (Noemi Gelape, Bailaora Flamenca, produtora cultura e psicóloga)

"Carlos Carretero se foi. Mais um, amante das artes e das manhas em geral deixa esse mundo e parte para outro. Gostava muito dele. Na Taberna da Sergipe ainda nos anos 80, abriu seu belo restaurante e seu Tablao para a poesia e seus poetas dentro do projeto Viva Poesia. Dias de enorme tristeza, esses!" (Tonico Mercador, publicitário e escritor) 

"Extremamente sentido com a passagem do estimado Carlos Carretero. A alma do flamenco em Belo Horizonte, e que deu origem a tantas histórias e caminhos através da casa de shows La Taberna. Lembranças boas ficarão como dos ensinamentos  posturais para baile e Toureiro. Seus  registros fotográficos da dança e em belas pinturas . Uma convivência prazerosa sempre!"(Alejandro Garcia, bailarino flamenco, DJ e produtor cultural)

"Carlos Carretero era um visionário. Devo a ele, não somente, o início do Sempre um Papo, em Agosto de 1986. Iniciamos uma nova etapa do meu projeto, que se desdobrou em essência, até hoje, como era naqueles dias. Fizemos ali, no seu La Taberna, debates memoráveis, com: Décio Pignatari, Frei Betto, Leonardo Boff, entre tantos.
Num momento difícil da vida brasileira - 1986 -, ele teve a coragem e a visão para enxergar num pequeno projeto de debates, a extensão que ele teria hoje. Já são 37 anos de trabalho. Mais de nove mil eventos. Só tenho a agradecer a Carlos Carretero". (Afonso Borges, escritor, jornalista e gestor cultural, criador do Sempre um Papo)

"Quando conheci Carlinhos Carretero, seu pai ainda estava vivo. Éramos muito meninos, eu tinha 20 e poucos anos, Carlos, também. Ficamos amigos para o resto da vida. Fui dos primeiros a chegar no dia da inauguração do La Taberna, instalado onde seu pai teve um restaurante. Não havia dúvidas que o lugar ia ser sucesso. E foi. Ele sempre foi muito trabalhador e um grande artista. Fiz uma das poucas exposições do Carretero, na Galeria Guignard, nos anos 70. Éramos companheiros na Arte. Era uma pessoa do bem, sensacional. Um poeta das tintas e, também, das palavras." (Pedro Paulo Cava, diretor teatral)

"Muito triste o falecimento do nosso querido e inesquecível Carlos Carretero! Junto com a Fátima difundiu a Cultura Flamenca nas terras mineiras com muito amor e dedicação! Que Deus ilumine a sua passagem!" (Saulo Laranjeira, cantor, humorista, ator e apresentador)

16 de nov. de 2023

Literatura perde o escritor Olavo Romano

 

FOTO: Jota Renan


Presidente emérito da Academia Mineira de letras - AML, o escritor Olavo Romano morreu, às 16h40 da tarde de hoje, 16 de novembro, aos 85 anos. 
Olavo Romano (Morro do Ferro/MG 06/09/1938 – Belo Horizonte/MG - 16/11/2023), estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Madre Teresa, desde o dia 8 de novembro, onde morreu vítima de câncer de pulmão, com metástase óssea. 
O velório será realizado nesta sexta-feira, dia 17, das 10h às 15h, no Edifício Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras – AML (Rua da Bahia, 1466 - BH). O sepultamento acontecerá no sábado, dia 18, às 9h30, no Cemitério Parque da Colina. 
Olavo Romano deixa esposa, dois filhos, seis netos e um bisneto. 

DEPOIMENTOS
“Nunca passou em minha vida uma pessoa tão generosa, tão coração, tão sensível. Passo por problemas delicados de saúde e, vejam só, é Olavo que sempre me deu a mão. Voa, Olavo! Seus sonhos serão cumpridos”
(Lucas Guimaraens, escritor)

“Olavo Romano foi uma pessoa exuberante em vários sentidos: pela inteligência, pela generosidade, pela escrita cativante e capacidade de comunicação. Na Academia Mineira de Letras, sua gestão como presidente imprimiu à instituição os novos rumos que vamos trilhando. Em luto pela privação da convivência, a Academia celebra os frutos deixados por tão rica vida para a literatura e a cultura brasileira”
 (Jacyntho Lins Brandão, atual presidente da AML)

“Além de respeitável pela sua história, trajetória na literatura, admirável pela ética, generosidade, carisma e sorriso, Olavo Romano era um dos meus grandes amigos, meu padrinho, ao lado da querida Kátia, sua esposa. Com ele aprendi muito, de muitas maneiras, mais ainda pela suavidade de sua conexão com o ser e espiritualidade, como essência da vida. Muitas histórias memoráveis. E, hoje, após a notícia - durante conversa telefônica com Lucas Guimaraens, pouco antes do pôr-do-sol, em Belo Horizonte -, da janela vi o céu escuro, anunciando chuva e uma cena que nunca experimentei: um arco-iris saltar da escuridão.  Entre analogias e metáforas, tentativa de autoacolhimento ou fé, não tive dúvidas: sinal em conexão com Olavo, indo à sua maneira, contar causos no firmamento – no que Lucas, concordou. Resta, junto à saudade, gratidão”. 
(Márcia Francisco – jornalista e escritora)

ELEGIA  PARA OLAVO ROMANO
Elegia?
Olavo era alegria.
Meu Deus, como ele ria!

Olavo soltava gargalhada
Como voo de passarada
Cada caso que ele contava
Todos caíamos na risada.

A história que mais me comoveu;
A daquele menino da roça
Que foi pela estrada de Santiago
Levando um espelhinho
Com um escudo do Vasco
E um pente Flamengo:
Tudo na santa paz
E no silêncio profundo
Quando o menino descobriu
Como era grande o mundo...

Se não me engano,
Encantou-se para sempre
Olavo Romano.
(Caio Junqueira Maciel, escritor)

“Olavo Romano foi uma das melhores pessoas que conheci na vida: generoso, alegre, fraterno, solidário, o sorriso sempre aberto. Pouca gente consegue manter viva dentro de si a criança que foi um dia. Ele conseguiu. Fará uma falta tremenda”
(Rogério Faria Tavares , acadêmico e Presidente Emérito da AML)

No WhatsApp, o grupo Literatura de Minas que reúne escritores, mudou nome e substituiu a foto por uma imagem preta. “Em luto, por Olavo Romano”. Inúmeros depoimentos e fotos, estão sendo postados, desde a hora da notícia.

OLAVO ROMANO
“Olavo Romano está entre os maiores contistas de Minas Gerais e sua prosa matiza a nossa língua, renovando-a na medida em que refunda a própria noção de mineiridade. Suas histórias são passagens da vida de gente simples tomando café ao pé do fogão, de homens do campo fazendo catira na porteira, da rotina do paiol e do curral,  do encontro de amigas na saída da missa para botar a conversa em dia, da lida com a terra e a  criação, do estirão de légua e meia em marcha picada. Os causos contados por Olavo são, enfim, um retorno ao tempo antigo, sempre reverenciado e, sobretudo, atualizado nas páginas de quem domina o ofício de bem dizer”.
(Leonardo Costaneto – Caravana Editora)

Olavo Romano nasceu em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, na região Oeste de Minas Gerais, em 1938. Foi presidente emérito da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira 37, editor sênior da Caravana e autor homenageado da Bienal Mineira do Livro de 2022. Formado em Direito, Romano cursou o mestrado em Administração na Fundação Getúlio Vargas. Ele também foi professor nos cursos de Serviço Social e Comunicação da PUC e fez carreira no serviço público aposentando-se como Procurador do Estado.  
“Casos de Minas”, seu livro de estreia, completou 40 anos em 2022. A obra, lançada em 1982, registrou o jeito mineiro de ser, viver e falar do Brasil rural em que Olavo nasceu e foi criado.
omano não parou de escrever e na sequência vieram “Minas e seus casos” (Ática, 1984), “Dedo de prosa, Prosa de Mineiro” (Lê, 1986), “Os mundos daquele tempo” (Atual, 1988), “Um presente para sempre” (Atual, 1990), “Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo” (Dimensão,  2002), “São Francisco rio abaixo” (Abigraf, 2006),  “Retratos de Minas” (Conceito, 2007), com o fotógrafo José Israel Abrantes, “Eta mineiro jeito de ser” (Leitura 2007), com relatos que, encenados, resultaram em três CD-ROMs distribuídos em escolas públicas.  A toada de casos mineiros prosseguiu com “A cidade submersa” (Ramalhete, 2016) e agora com este “Café com prosa” (2021).  
A produção de Olavo Romano incluiu, ainda, outras vertentes, como a coordenação do concurso de relatos selecionados presentes em “A História das Eleições é também a minha História”, de 2013. A obra fez parte da celebração dos 80 anos da instalação da Justiça Eleitoral no Brasil. Olavo também participou de antologias, como Tertúlias Quixotescas (Caravana, 2020) e duas outras alusivas à pandemia da COVID 19.   
Pela Fundação João Pinheiro, o autor participou de Belo Horizonte & o Comércio, 100 anos de História, 1977, seguido de dez fascículos focalizando a vida de empresários da Capital. Para Além da Cidade Planejada, 1997, focaliza o Colégio Magnum e região Nordeste da Capital mineira. Memória Viva (1998) resume 50 anos da Alcan em Ouro Preto; Mestres Minas Ofícios Gerais (2000) resgata culturalmente o artesanato em Araxá. Seu livro Pés no Caiçara – um olhar sobre a Pampulha, escrito para o Shopping del Rey, foi lançado em 2003.  Iluminando os caminhos de Minas (2005) registra os 50 anos da Cemig, enquanto Notas e tons de Israel (2014) conta a vida do empresário Israel Kuperman, resgatando sua experiência de “judeu que saiu da arca”. 
O conto “Como a gente negoceia” gerou o curta-metragem “Negócio Fechado”, produção premiada no Festival de Gramado de 2001. O texto Zeca Lifonso serviu de base a curta metragem produzida em Muriaé pelo cineasta Euler Luz.  
Com o concertista Roberto Corrêa, desenvolveu, pelo interior de Minas, o projeto Causo, Viola e Cachaça, do SEBRAE/AMPARC. Já com o projeto Minas Além das Gerais, do Governo do Estado, apresentou-se em Brasília, Rio de Janeiro e em São Paulo. No programa “Sempre um Papo”, animou saraus por diversas cidades mineiras. Fez parcerias musicais com Pereira da Viola, Chico Lobo, Lu e Celinha, com apresentações em shows e animados saraus. Durante muitos anos, aos domingos, participou do quadro Prosa Arrumada, do programa Arrumação, ao lado de Saulo Laranjeira.  
Presidiu a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Prof. Luiz de Bessa e pertenceu ao Conselho Curador da Fundação Caio Martins, ao Conselho de Integração Social da Faculdade Estácio de Sá e integrou os Conselhos Consultivo de Instituto Fernando Pacheco e o de Administração da Imprensa Oficial de Minas Gerais. Foi Sócio Benemérito do Instituto Maestro João Horta. 
No sossego do sítio onde se refugiou, Olavo Romano organizou seu legado, construído nos últimos quarenta anos. Presente com oito obras na Bienal Mineira do Livro de 2022, autografou também exemplares de dois livros conjuntos: “Tertúlia Quixotesca” e “FAMÍLIA ROMANO: Memória – Afeto – Gratidão”. Além disto, ainda em 2022, recebeu no projeto “Prosa e Cantoria”, os amigos Carlos Farias, Celso Adolfo, Chico Lobo, Lu e Celinha, Paulinho Pedra Azul, Rodrigo Delage, Saulo Laranjeira, Tau Brasil, Tino Gomes e Wilson Dias. 


Lançamento de nova edição do livro de Dona Lucinha e inauguração da réplica de sua escultura




Apaixonada pela cozinha simples de sua terra, Maria Lúcia Clementino Nunes, a Dona Lucinha, foi uma das precursoras em levar e representar a nossa gastronomia para além das montanhas. Na sexta edição do livro escrito em parceria com sua filha Márcia Nunes, com lançamento marcado para o dia 22 de novembro, na matriz do Restaurante Dona Lucinha, em Belo Horizonte, duas novidades prometem emocionar os convidados: um texto de apresentação assinado pelo jornalista Chico Brant na nova tiragem e a réplica da escultura feita por Léo Santana e instalada na porta do Mercado Central de BH, dando boas vindas aos clientes da casa. 

"Encontramos uma 'página em branco' no livro, pronta para receber este reforço magistral com um texto lindo do Chico", conta empolgada Marcinha, co-autora, filha e mantenedora do legado de Dona Lucinha na cozinha do restaurante herdado da mãe. O evento especial de lançamento ainda contará com apresentações especiais: Seresta, com Luiz Antônio e Banda; Declamação de Cordel, com Paulinho Ferreira; e Contação de Casos, com Olavo Romano. "Uma celebração à cozinha mineira e uma homenagem a Dona Lucinha", resume Márcia.

Dona Lucinha abriu os segredos de seus disputados pratos pela primeira vez em 2001, quando lançou o livro “História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha”. De lá para cá, foram mais de 10 mil exemplares editados. A obra ganhou, inclusive, versão em inglês, tamanho o renome da autora fora do país. Muito antes do reconhecimento da gastronomia mineira, Dona Lucinha já defendia com orgulho a história de seu povo e de sua terra. Hoje, com título de Cidade Criativa da Gastronomia para a capital Belo Horizonte e com a bandeira do desenvolvimento da gastronomia mineira contemporânea pelo Governo de MInas Gerais, o livro se mantém atual, com reproduções de manuscritos com dicas e receitas, que remetem ainda mais aos cadernos herdados de nossas avós.

A sexta edição de “História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha” é uma realização do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, e do Restaurante Dona Lucinha, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, via patrocínio da Cemig. A produção executiva é da Base Projetos Especiais.

6a. EDIÇÃO "HISTÓRIA DA ARTE DA COZINHA MINEIRA POR DONA LUCINHA" 
Quarta-feira, 22/11 - a partir das 19h
Restaurante Dona Lucinha (Rua Pe. Odorico, 38 - São Pedro)
Valor do livro: R$ 80
Atrações especiais: Seresta, com Luiz Antônio e Banda; Declamação de Cordel, com Paulinho Ferreira; Contação de Casos, com Olavo Romano; Réplica escultura Dona Lucinha por Léo Santana



10 de nov. de 2023

Wagner Cosse - Abissal


Já estão à venda os ingressos para o show de lançamento do álbum “Abissal”, do cantor e compositor Wagner Cosse.  O evento, que acontece 12 de novembro, domingo, às 19h, no Teatro Santo Agostinho (Rua Aimorés, 2679 - Santo Agostinho – BH/MG), integra a programação oficial de 25 anos do Teatro Santo Agostinho BH.

 

"Abissal" traz 13 canções autorais – nove delas, compostas durante a experiência de Wagner Cosse pelo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, quando percorreu mais de 1.000 quilômetros em 37 dias, nos meses de em junho e julho de 2019. Apesar da vasta trajetória artística, que inclui discografia respeitável, esse é o primeiro disco autoral deste artista.  O disco tem direção musical e arranjos de Rogério Delayon, também responsável pela mixagem e masterização.

 

As músicas, que integram álbum e espetáculo, abordam uma multiplicidade de temas que são caros ao artista, como o autoconhecimento, o amor, a generosidade, a amizade, a liberdade, o respeito, a justiça, a coragem, a sabedoria popular, as desigualdades socioeconômicas, os muros que dividem o mundo e a utopia fundamentada na possibilidade de se construir uma sociedade harmônica, fraterna, saudável e feliz.

 

Com direção musical do violonista Daniel Rodrigues e participação de um quarteto   instrumental formado por Daniel Rodrigues – violão, Nikolas Yuri – piano, Thiago Hamsik. – baixo e Rafael Pereira - percussão, o show do dia 12 tem classificação livre. Na apresentação ao vivo, serão exibidas algumas das imagens registradas por Wagner Cosse, ao longo da trilha.

 

Os ingressos (R$40,00 – inteira/ R$20,00 – meia entrada) podem ser adquiridos pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/tw

Para melhor experiência do público, dez músicas do novo disco já estão disponíveis nas principais plataformas digitais.

Clipes de algumas das obras estão no canal www.youtube.com/c/WagnerCosse

 

“A voz de Wagner Cosse parece a voz da natureza primordial, essencial, sagrada... a voz da verdadeira plenitude que reside em cada ser! Composições belíssimas, arranjos excelentes, danças e gestuais envolventes, a alegria de corpos que expressam lindeza e liberdade, em repouso e em movimento... Toda essa harmonia em vídeos sublimes, roteiros irretocáveis e fotografia deslumbrante, assinados por Thelmo Lins. Gratidão sincera e infinita a vocês por este presente à humanidade! Senti uma poderosa energia de cura, a partir de toda essa profusão de beleza que emana do seu trabalho”. (Adriana Martins, médica clínica geral e profunda admiradora da obra do artista) 

 

 

 

 

O DISCO

Primeiro disco autoral de Wagner Cosse, Abissal, em seu próprio título faz referência a profundidade de seu mergulho interior. As experiências de cunho espiritual, quando vividas junto ao exercício do corpo, nos aproximam do genuíno do ser, com suas verdades, conexão com a natureza humana e com o todo. O corpo fala e somos conduzidos a sair do ordinário e do ego, lidar de forma mais essencial com medos, fraquezas. Vem a entrega e a compreensão de integrarmos o universo, ser e deixar ser.  É desta forma que, arte e artista, em sua criatividade mais apurada, experimentam o encontro - no cansaço de um caminho, na beleza de paisagens e encontros, no inusitado das expressões de tempo, temperatura e sentidos, suas memórias, consciência e insights -, e se fundem através de letra e música numa entrega pura de raro valor. “Abissal é disco de cura, de encontro interior, com a leveza de ritmos vários, com sabor de infusões brasileiras, em consciência de linguagem universal. Trata de aspectos do ser, com emoções elevadas que vão além de um otimismo induzido. Em harmonia, canções de Wagner Cosse e arranjos belíssimos de Rogério Delayon, florescem num jardim de sentimentos essenciais - o amor, como norte, nítido e vívido em clareza de experiência e força de entrega. Em sua história musical consolidada através de décadas, em voz, palco, discos, a maturidade das técnicas, encontra, então, sua legitimidade. Wagner assina disco, linguagem e sua arte, com verdade própria, generosa e tranquila. Presente ao público, pois há presença do ser. (Márcia Francisco, jornalista cultural e escritora, pós-graduada em Psicologia Positiva, Ciência do Bem-estar e Autorrealização, consultora em desenvolvimento humano)

 

O PROCESSO

por Wagner Cosse

“Se queres viver o amor, doa-te”

(Wagner Cosse, in “Doa-te” – faixa integrante de “Abissal”)

"Por ocasião da celebração dos meus 60 anos de vida, escolhi viver uma experiência pessoal e mais profunda e adentrei a jornada do Caminho de Santiago de Compostela.

Após caminhar por mais 34 dias, cheguei em Santiago e, então, segui por mais três dias até Finisterra, considerada o marco zero do Caminho. Foram mais de 1.000 quilômetros em 37 dias de caminhada.

Ao longo dessa trajetória, o desgaste físico foi enorme, especialmente para vencer a topografia acidentada e as repentinas alterações climáticas. Subi e desci montanhas sob sol e chuva, enfrentei temperaturas que variavam de 12 a 43 graus centígrados, umidade e sequidão, ventos fortes e ar parado, enfim, situações as mais diversas. Mas as dores no corpo e, por vezes, o estado de exaustão eram minimizados pela beleza da paisagem e pelo prazer de me sentir capaz de vencer aqueles desafios. Nunca pensei em desistir. Pelo contrário. A cada passo eu me percebia mentalmente mais forte, mais focado e com vontade de prosseguir.

Durante esse período, compus nove canções, que foram mostradas a algumas pessoas do meu círculo. Elas não só se emocionavam, como, por vezes, chegavam às lágrimas. Foi aí que percebi que tinha um material potente nas mãos, e que ele deveria ser compartilhado.

As melodias e as letras eram criadas enquanto eu caminhava, sem o apoio de instrumentos musicais. Nesse processo criativo, repetia cada uma delas inúmeras vezes, corrigindo-as, lapidando-as, até que ficassem prontas. Então, gravava as músicas no celular, cantando-as à capella. Assim, não corria o risco de perdê-las.

Após retornar ao Brasil, compus mais quatro canções, ainda sob o impacto das experiências vividas.” (Wagner Cosse)

No repertório de “Abissal”: Mantra de Santiago de Compostela, El Camino, De volta pra casa, Coragem, Ceciliana, Meu céu, Azul de Ísis, Doa-te, Te amo tanto, Utopia, Velas na escuridão, Muros e Sabedoria Popular.


CINCO FAIXAS, na concepção do autor: 

"El Camino" – "Esta é a forma como, na Espanha, as pessoas se referem ao Caminho de Santiago de Compostela. Compus essa música, já de volta ao Brasil, a partir das lembranças de minha jornada. Decidi fazê-la somente instrumental, com vocalizes, sem letra, pois não encontrei palavras para traduzir a intensidade e a dimensão do que vivi. E, dessa forma, ela poderia ser sentida por qualquer pessoa de qualquer nacionalidade, sem a barreira da língua. Queria que ela tocasse os ouvintes por meio do viés sensorial e não do raciocínio. Afinal, foi assim minha vivência no Caminho: estive sempre mais conectado à profunda dimensão do sentir do que do entender”.

 

"Meu Céu" – Quando compus o Mantra de Santiago de Compostela, enviei-o à minha mãe – Conceição Cosse – pelo WhatsApp. Dois dias depois, recebi uma mensagem dela com um áudio anexo. Ela havia gravado a música para mim! Fiquei muito emocionado e, nos dias seguintes, enquanto caminhava, ficava me lembrando de sua voz cantando. Então, compus essa música para ela, declarando que, mesmo distante fisicamente, ela estava sempre comigo. Esta ideia está expressa já nos primeiros versos: “Da imensidão sempre ouço tua voz / A voz que guia o meu caminho / Estás aqui no mais fundo de mim / Habitas o meu coração”.

 

"Doa-te" – Esta música foi composta para enfatizar a importância da generosidade nas relações. Para lembrar que o caminho que leva à felicidade passa por nossa capacidade de entrega, de doação. Seu refrão diz: “Se queres viver o amor, doa-te”.  Ela foi inspirada em meu irmão, Vinícius Cosse, que é uma pessoa muito generosa e alegre, e possui um altíssimo astral. Por isso escolhi o ritmo contagiante do Carimbó para cantá-la.

 

"Azul de Ísis" – Há quase trinta anos não nascia uma criança em nossa família. Então surgiu a Ísis, filha de meu irmão Guilherme Cosse e de minha cunhada Izabela Naira. Ela iluminou nossas vidas com sua alegria e seus lindos olhos azuis. Por estar no Caminho de Santiago de Compostela, não pude participar das comemorações de seu primeiro aniversário. Resolvi, então, compor essa música, em forma de um sambinha bem saltitante, e enviá-la como meu presente. “Você nos chegou como o sol / Iluminando nossas vidas / Trouxe consigo o céu, o mar / E os rios que deságuam em seus olhinhos”.

 

"Ceciliana" – Enquanto eu caminhava sozinho e em silêncio, muitas reflexões brotaram em minha mente e em meu coração. Quanto mais eu me aprofundava nessas questões, mais me surgiam, na memória, poemas de Cecília Meirelles. Por isso resolvi homenageá-la com o título desta canção que foi criada tendo, como propósito, a contínua busca pelo autoconhecimento. “Revela-te / Reconheça-te / Liberta-te das prisões do mundo / Alcança as alturas e os abismos / Sem medo”.

Thelmo Lins em dose dupla

 


No dia 8 de novembro o cantor e compositor Thelmo Lins lançou o clipe “Ai, não me deixes não!” – nome da faixa que integra seu novo álbum “Aguaceiro” que, por sua vez, será lançado nas principais plataformas digitais, no dia 18 de novembro.

 

CLIPE

Com filmagem e edição: Thelmo Lins, assistência de filmagem de Wagner Cosse, direção musical de Daniel Rodrigues e produção da TW Cultural, o clipe “Ai, não me deixes, não!”, tem música de Thelmo Lins sobre poema de Gonçalves Dias e valoriza o bicentenário de nascimento do escritor, comemorado em 2023. 

 

Foi gravado no sítio Casa de Pedra, em Córrego do Bação, Itabirito, MG. Pela relação com a cidade e seu valor literário, o lançamento do clipe aconteceu no Canal You Tube Thelmo Lins – link direto: www.youtube.com/c/ThelmoLins –, no dia 8, por ocasião da abertura da Feira do Livro de Itabirito/MG.

 

ÁLBUM

“Aguaceiro” é o décimo disco da carreira de Thelmo Lins que, em 2024, completa 40 anos, e marca a comemoração de seus 60 anos, completados em maio deste ano. O projeto tem oito músicas, em sua maioria inéditas e autorais. Do repertório, são de autoria do artista “Aguaceiro”, “Pastel de Angu”, “Não quero cantar tão só”, “Um Grito de Dor” (esta, em parceria com Wagner Cosse) e “Ai, não me deixes não”, poema de Gonçalves Dias musicado por Lins. Outras canções completam o repertório: “Habanera” (Bizet), ária da ópera “Carmen”; “Pra que chorar? (Leo Mendonza), que fez parte da trilha sonora da peça “Pluft, o Fantasminha”; e “Cuíca, Pandeiro, Tamborim...” (Custódio Mesquita), compilada da obra de Carmen Miranda.

 

O álbum tem direção musical de Daniel Rodrigues, que também atuou como arranjador e violonista. O contrabaixista Nathan Morais, o percussionista Rogério Sam, o baterista André Limão Queiroz, a pianista Júlia Carvalho, o clarinetista Junio Ferreira, o cavaquinista e bandolinista Rafael Delvaux participam do disco, que ainda conta com um quarteto de cordas, formado pelos músicos Vitor Dutra (violino), Alexandre Kanji (violino), Cleusa Nébias (viola) e Antonio Viola (violoncelo). As gravações, mixagem e masterização aconteceram no Estúdio Galvani, sob a responsabilidade de Fabrício Galvani. No vocal da faixa “Pastel de Angu”: Letícia Garcia, Paula Gallo, Pirulito da Vila, Rosane Mendonça, Serginho Barbosa e Wagner Cosse.

 

 AGUACEIRO - Faixa a faixa:

 

“Aguaceiro” (Thelmo Lins) – A canção, criada em 1998, foi incluída no show “Sons de Minas”, que Thelmo Lins e Wagner Cosse apresentaram no projeto “Sons do Horizonte”, naquele mesmo ano. A música ficou inédita desde então, quando o cantor resolveu gravá-la neste álbum comemorativo de seus 60 anos de vida. A letra fala da importância da água para a vida humana. O arranjo abre espaço para o solo do contrabaixista Nathan Morais, ganhador do prêmio Jovem Instrumentista do BDMG Cultural.

 

“Habanera” (Bizet) – A famosa ária da ópera “Carmen” ganha um registro bem brasileiro, inspirado na bossa nova. Thelmo Lins já interpretou a canção no palco, em seu formato original, quando ainda integrava a Escola de Música Padre Xavier, em sua cidade natal, Itabirito, entre o final dos anos 1980 e início dos 90. Em 2008, desenvolveu o projeto de gravação do CD “Pop Opera”, cujo repertório era formado por trechos famosos de ópera adaptados para ritmos brasileiros. Infelizmente o projeto não se concretizou. Agora, depois de todos esses anos, Thelmo Lins relembra uma das faixas, com novo arranjo e concepção, mas com a letra original, em francês.

 

“Ai, não me deixes não!” (Thelmo Lins sobre poema de Gonçalves Dias) – A poesia sempre esteve presente na obra de Thelmo Lins, em especial nos discos de poemas musicados. Drummond, Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa, Leo Cunha, Vinicius de Moraes, Affonso Romano e Marina Colasanti foram temas de seus principais trabalhos. O drama da flor que se vê arrastada pelas águas do regato fazia parte do livro “As mais belas histórias”, usado em sua alfabetização, na escola fundamental (naquela época, primária). Recentemente, ao reler o texto, resolveu musicá-lo, em forma de chorinho.

 

“Cuíca, pandeiro, tamborim...” (Custódio Mesquita) – Esta pérola, de um dos maiores compositores brasileiros da primeira metade do século XX, integrou o repertório de Carmem Miranda (1909-55). O samba foi registrado pela Pequena Notável em maio de 1936, antes dela alcançar o estrelato internacional em Hollywood. Nesta nova versão, ele conta com a participação inspirada o percussionista Rogério Sam, que se revezou em vários instrumentos.

 

“Pra que chorar?” (Leo Mendonza) – O mineiro Leo Mendonza notabilizou-se como dramaturgo e compositor de trilhas sonoras para o teatro. Uma de suas obras é a trilha para a versão da peça “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, realizada pela Copas Produções. A montagem estreou em 2012, na capital mineira. Thelmo assistiu à peça e imediatamente se apaixonou por esta canção. Ainda inédita, neste álbum, ela ganha seu primeiro registro fonográfico. Na gravação, a música recebeu uma roupagem sofisticada, com o apoio de um quarteto de cordas.

 

“Pastel de Angu” (Thelmo Lins) – A famosa iguaria, criada pelas escravas Maria Conga e Filó, no século XIX, é o prato típico de Itabirito, terra natal do cantor. A canção traz a receita do famoso pastel, inspirada nos no samba de roda do Recôncavo Baiano, com direito, inclusiva, à percussão feita com prato e faca.

 

“Um Grito de Dor” (Thelmo Lins e Wagner Cosse) – Os versos de Wagner Cosse para a música de Thelmo Lins falam da opressão sofrida pelos povos originários brasileiros, em especial na recente chacina dos Yanomamis. Contra a devastação, um canto de compaixão em formato de oração. Participação especial do violoncelista Antonio Viola e do baterista André “Limão” Queiroz.

 

“Não quero cantar tão só” (Thelmo Lins) – Esta canção foi composta em 2021, para o show “Palco Iluminado”, que Thelmo fez ao lado do cantor Serginho Barbosa e dos músicos Daniel Rodrigues e Júlia Carvalho e registrado em vídeo, sem plateia. A gravação, ao vivo, está disponibilizada nas principais plataformas musicais. A música relata as dificuldades enfrentadas durante o isolamento social imposto pela pandemia do Covid-19. Nesta versão, em formato de blues, a canção ganha novo arranjo com o piano de Júlia Carvalho e o clarinete de Junio Ferreira, dois jovens talentos que despontam na cena musical mineira.

Roger Waters em BH: show marcado por arte, emoção e defesa da dignidade humana







Fotos: Márcia Francisco 

A noite belo-horizontina da turnê brasileira  “This is Not a Drill”, de Roger Waters, no Mineirão, foi digna.

Sim! E e essa pode ser a última turnê do artista.

Cerca de 40 mil pessoas assistiram Roger Waters, no melhor dos seus 80 anos, exaltaram seu lugar entre as lendas do Rock mundial e sua voz em nome dos direitos humanos e causas ambientais. 

Ele cantou e tocou guitarra, violão, piano e  baixo.

O show contou com muitos recursos visuais junto a paisagem sonora impecável, escolhas impactantes de imagens para cada música de um repertório, onde os clássicos do Pink Floyd estavam presentes para o delírio da plateia. 

O jeito Waters de se apresentar, ganhou momentos impactantes, fortalecendo sua marca. Entre eles, a abertura do show trouxe Roger vestido de médico, sentado em frente à uma cadeira hospitalar vazia munida suporte de soro,  interpretando "Comfortably Numb", composta em 2022. Noutro momento, Roger em camisa de força, atravessa o palco, conduzido por dois homens. Ele está sentado numa cadeira de rodas, onde o microfone adaptado, dará voz à performance. Nos telões, as grades brancas, com o número 1943, data de nascimento do artista.

Numa sucessão interconectada de performance e recados para valorizar o ser em contraponto ao capitalismo, à corrupção, às guerras, à violência em expressões de racismo, misoginia e tudo que desrespeita a diversidade e a dignidade humana, Roger deu seus recados. Através dos LEDs, pirotecnia, luzes e mais. Em alusão ao álbum "animals" - com a música "Sheep" -, uma ovelha gigante sobrevoou o gramado. O mesmo aconteceu com o porco "voador", que trouxe cravado no corpo, o alerta: "He's mad. Don't listen/ You’re up against the wall right now”. 

Para citar outros momentos de destaque, é preciso mencionar falas de Waters ou frases dos telões, como  “Stop The Genocide”," Direitos humanos" e imagens e vídeos de líderes americanos e mundiais, em crítica à sua  postura desumana. 

"I wish you were here foi uma das canções em que o coro de milhares se destacou. Nela, a pancada  de outro despertador: "Quando você perde alguém que ama, isso serve para lembrá-lo: é fácil esquecer que a vida é aqui e agora. Isso não é um treinamento".

O ídolo fez homenagens especiais, dedicando canções à sua esposa e seu irmão e, ainda, a Bob Dylan. "The bar" foi dedicado à Palestina. A libertação de Assange foi tema de uma das falas de Roger. Sob aplausos. 

Roger Waters agradeceu o público com o obrigado em português e recebeu dele um coro afinado em paródia do canto pro-Lula: "Olê, olê, Olê, olá, Roger, Roger!" Fez o L, apresentou um a um dos músicos de palco e, com todos eles, encerrou o espetáculo, após sair do palco, com imagens da coxia. No telão, o vimos estampando visível alegria em dança e música. 

Não houve bis e não seria necessário. O show, que começou com raios e trovões, para não dizer bombas e explosões, nos colocou num campo de guerra, em vivida dor do que nunca experimentamos. Um ser humano não sairia das mais de duas horas desse encontro, sem olhar a  realidade do universo desumano, de frente. Com mais de 20 canções em dois atos, e breve intervalo de cerca de 20 minutos, Waters garantiu a mensagem da boa música e do desejo de paz mundial, amplamente, defendida durante a vida desse grande artista. 

PS.: sobre as produções externas e locais, um show de qualidade, organização, acolhida e entrega. Do fosso frontal do palco, copos de água mineral foram distribuídos ao público durante o  intervalo e após o show. Isso pode ter acontecido em outros pontos do estádio. 

Independentemente do ato, gerações inteiras, representadas por famílias e grupos vários, viveram uma grande e histórica noite, no estádio da capital mineira.

Márcia Francisco, jornalista e escritora 

IG @marciafranciscooficial