19 de nov. de 2024

LUCAS GUIMARAENS RECEBERÁ COMENDA EM MARIANA

Crédito: Cabine JB fotos


Doutor em Filosofia Estética e Política pela Universidade Paris 8, França, poeta, ensaísta, gestor público e da iniciativa privada, com sete  livros publicados no Brasil e na Europa e membro da Academia Marianense de Letras, Lucas Guimaraens, receberá a Comenda Moção de Aplausos 2024, honraria da Câmara Municipal de Mariana/MG.

A  solenidade será realizada no dia 29 de novembro, sexta-feira, às 18h30, no Salão Nobre do Clube Marianense (Praça Gomes Freire, 152, Centro Histórico – Mariana – MG).














Lucas Guimaraens recebe a honraria “por seu exemplo de dedicação e seriedade e os seus diversos postos ocupados em órgãos públicos de nosso estado, prestando relevante contribuído ao nosso estado e ao nosso país. Considerando, ainda, que o nosso homenageado é autor de 

diversas obras de fundamental importância  para nossa gente, enriquecendo a cultura de nosso povo, em especial por toda contribuição especial que deu junto à comissão de cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e as bibliotecas públicas do nosso estado, mostra bem diante do nosso currículo apresentado, a árvore genealógica a qual pertence, sendo o mesmo bisneto do nosso ilustre poeta e escritor, Alphonsus de Guimaraens, que nesta terra viveu e deixou profundas raízes”, destaca o vereador Marcelo Monteiro Machado.

Com a sensibilidade que lhe é peculiar, Lucas - que, também, é embaixador do Círculo Universal da Paz (Suíça) e membro do Conselho deliberativo da Cátedra Unesco de Filosofia da Cultura e das Instituições (1996/2020) -, revelou sua surpresa e felicidade pela homenagem: “Por diversas razões, eu me considero mais filho de Villa Rica e da Villa do Ribeirão do Carmo. Guimarães/Guimaraens na veia. Esta Comenda me emocionou por  Alphonsus de Guimaraens, pelo trabalho empreendido, sempre em conjunto, para a defesa do Museu Alphonsus, por ser membro da Academia Marianense de Letras e pelas primeiras lembranças que eu tenho da minha própria vida, quando da inauguração do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, com a família toda viva, Alphonsus de Guimaraens Filho e Afonso Henriques Neto (já poetas).

Uma luta grande, desde que voltei a morar no Brasil, para conseguir orçamento municipal, emenda federal, sensibilização do IEPHA-MG e do IPHAN (não foi nada fácil, o museu só faltava cair), até auxiliar na atual museografia (textos etc) e conseguir, com a família, novos acervos do poeta simbolista. E pudemos ainda contar com a gravação de Milton Nascimento cantando versão do poema Ismália. Há pouco tempo, Fernanda Montenegro, com Emicida, fez uma releitura musical excelente do poema Ismália, com participação da gigante do dramaturgia. Acessibilidade total do Museu. Enfim. Um projeto de vida.

Ocorre que, nestas idas e vindas, eu me tornei um apaixonado pela cidade que é, em meu imaginário, meu berço. E, na literatura e filosofia, Mariana é definitivamente meu berço.

A felicidade e emoções maiores: dia 29/11 é a data de nascimento de minha (tia) mãezinha Selene, apaixonada por literatura como ninguém, e que fez a grande viagem neste ano. 

Assim, esta Comenda, emocionalmente, é para ela e também vem dela, uma neta de Alphonsus de Guimaraens. Uma saudade que não tem fim, a experiência da finitude dela e da minha própria nestes tempos. Uma profusão de sentimentos.”

 

JAZZ BRAZZILIANO celebra o dia do Músico, em show na Fundação de Educação Artística

 

Foto Márcia Francisco 

Em comemoração ao Dia do Músico (22), o Jazz Brazziliano se apresenta na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320 – Funcionários – BH), na próxima sexta, 22 de novembro, às 20h.

Neste show inédito, o respeitável grupo que sucede a memorável Orquestra Engeletro, interpreta um emocionante repertório de música brasileira, jazz, cinema e internacionais, com qualidade e alto astral!

O saudoso Maestro João de Deus Peluci (falecido em 2022), regente da extinta Engeletro e primeiro maestro do Jazz Brazziliano será lembrado nesta noite, através da execução de composição feita em sua homenagem, pelo  atual regente, Frederico Carlos Natalino.

Os ingressos (R$40,00 inteira /R$20,00 meia) já estão à venda pelo site da Fundação:  https://bit.ly/3CvJGD5

Informações adicionais: WhatsApp 31 999819984

JAZZ BRAZZILIANO

Sob a direção geral de Marcelo Ribeiro da Silva, o Jazz Brazziliano é composto por treze músicos, entre saxofones, trompetes,  trombone, piano, contrabaixo, bateria e percussão. O grupo conta com  músicos veteranos e de grande experiência, atuantes do auge das big bands, além de jovens talentos, convergindo em uma fusão artística especial. Os integrantes são: Paulo Sérgio de Moura Linhares (sax alto/clarinete), Marcos Soel Paulino da Silva (Sax Alto), Moisés Adelmo Oliveira (Sax Tenor),  Marco  Paulo Alvim Reis (Sax Tenor), Marcelo Ribeiro da Silva (Sax Barítono), Francisco de Assis Ribeiro (Trompete), José Geraldo Fernandes (trompete), Ana Cecília Soares de Souza (trompete), Oscar  Pereira da Rocha Neto (trombone), José Dias Guimarães de Almeida (contrabaixo), Bo Hilbert (bateria), Victor José de Oliveira Barbosa (bateria),    Valmirar Bernardino Soares  (percussão) e Frederico Carlos Natalino (piano/regência).

HISTÓRIA

O Jazz Brazziliano sucede a  memorável Orquestra Engeletro e  nasceu em 2007, com integrantes da Orquestra e artistas convidados. 

Orquestra Engeletro

A Orquestra Engeletro nasceu na década de 80 e foi uma big band atuante, por mais de 25 anos. Mantida pela empresa Engeletro, foi fundada e dirigida pelo Marcelo Ribeiro da Silva.

Em história memorável, marcou presença em, praticamente, todos os clubes e salões de festas em Belo Horizonte, além de eventos em muitas cidades mineiras e outros estados. Destaque para Brasília (apresentação na Granja do Torto).

Entre inúmeros reconhecimentos, a Orquestra foi agraciada com o diploma de “Mérito Artístico Rômulo Paes”, em 1996, pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, por relevantes serviços prestados à Cidade e com o diploma de  “Melhor Orquestra de Baile”, em Belo Horizonte, em 1995.

Nasce o Jazz Brazziliano

Administrado pelo engenheiro eletricista e eletrônico, Marcelo Ribeiro da Silva  - diretor da Engeletro -, o Jazz Brazziliano ganha vida, em sequência à Orquestra Engeletro, graças ao seu amor à música e à sua determinação em conservar a memória musical do gênero no Brasil, como foi com a Orquestra Engeletro.

Formado em 1970, pela UFMG, com especialização em Automação Industrial, pela mesma Universidade e músico profissional, Marcelo cuida de cada detalhe para que a qualidade artística do grupo some-se ao amor de cada integrante pela Música. E é assim que este grupo se fortalece e encanta o público com a expressão dos artistas em sentimento é técnica.

Acervo e memória

O Jazz Brazziliano conserva em seus arquivos, os arranjos originais de orquestras belohorizontinas, desde a década de 1950, tais como: as Orquestras dos maestros Osvaldo Castilho, Delê, Erasto Meniconi, João de Deus Peluci, entre outros.

Conserva, também, o repertório de arranjos originais da famosa Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, (Rio de Janeiro). Big band mais longeva do mundo, com mais de 80 anos de atuação no Brasil e exterior.

Maestros:

João de Deus Peluci

Com uma vida inteira dedicada à música, João de Deus Peluci foi o maestro exclusivo da Orquestra Engeletro e, em seguida do Jazz Brazziliano  até 2022, quando faleceu, aos 93 anos.

Frederico Carlos Natalino

O atual Maestro do Jazz Brazziliano é Frederico Carlos Natalino, pianista formado pela UFMG. É o mais jovem do grupo. Aos 38 anos, além de regente, atua como compositor e arranjador para  formações musicais diversas, inclusive big bands.

Curiosidades sobre o Jazz Brazziliano

Com diversos integrantes longevos em história musical e vida, o Jazz Brazziliano conta com artistas de  38 a 88 anos de idade.

Há músicos oriundos da Policia Militar do Estado de Minas Gerais e do Corpo de Bombeiros.

De origens profissionais diversas, traz entre seus músicos: piloto de Linha Aérea, psicólogo, empresários...  

Formada pela UEMG, a trompetista Ana Cecília é a única representante do sexo feminino.

O baterista dinamarquês BO Hilbert, músico de grande experiência, deixou sua terra Natal e veio morar no Brasil, onde constituiu família e história de vida.

16 de set. de 2024

JÚLIA ASSIS - UM CANTO ANCESTRAL

 











A cantora e compositora Júlia Assis abre frentes para a chegada do seu primeiro álbum "Maya". E,  exatamente hoje, soma duas faixas já disponíveis nas melhores plataformas digitais.

Júlia Assis não chega em universo de simples  aventuras desavisadas, seja na música, seja na autenticidade de expressão pessoal. Ela preza e tem "raízes". Aliás, esse é o nome do primeiro single lançado, recentemente. A música "Raízes" dá o recado. É o ventre feminino e o canto aberto de prazer  "que merece ser vivido". 

Cantora e compositora, essa mulher e mãe é presente com forças intrínsecas de entrega, coragem, feminilidade e consciência de pertencimento em um conceito amplo, universal. Soma sua essência à conexão com a natureza e com os reinos espirituais.  

Haja vista, o novo single "Sara Kali" que exala ritmo, encantamento e encantaria. Júlia, que nasceu no dia de Santa Sara Kali, nos traz, nessa composição, a ternura da saia rodada das ciganas em energias que transcendem tempos, numa simples audição musical. Os ritmos intensos, instrumentos melódicos, instrumentistas notáveis  e interpretação da voz suave, sem excessos e bem cuidada, nos convidam a bailar. Sim. É faixa para ouvir com fones de ouvido, extraindo a magnitude de cada cuidado. Ou escutar, dançando e rodopiando para nos lembrarmos de saudar vida que pulsa.

A artista, ao se apresentar, soma sua essência à conexão com a natureza e com os reinos espirituais. Contudo, aterra sua verdade, no cotidiano da mulher mãe ativa, da esposa e companheira, da profissional que tem a Música como divindade. 

O álbum "Maya" já se desenha com a força e a delicadeza das duas faixas recém compartilhadas. Mas, outras virão, inclusive, com mais convidados muito especiais. Vou citar Laura Catarina e Gabruga, para aguçar.

Maya é o nome da primeira filha de Júlia que, novamente, une descendência e ancestralidade em si e, antes mesmo das dez outras faixas serem entregues para nossa melhor apreciação, já se faz sagrado.  Vamos aguardar o  que ainda virá, degustando essas duas maravilhas. 

Tem meu apreço, reverência e voz de  reverberação.

Márcia Francisco


Veja mais: 

IG @juliassis.canta

PLATAFORMAS DIGITAI: JÚLIA ASSIS

 


9 de set. de 2024

13ª edição do Festival Artes Vertentes




Reconhecido como um dos mais importantes festivais de artes integradas do país, o Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, anuncia a temática escolhida para a décima terceira edição, que será realizada entre os dias 19 e 29 de setembro na cidade histórica. A programação reúne concertos, exposições, exibições, bate-papos, residências artísticas, oficinas, além de uma série de atividades voltadas para a promoção das artes e do conhecimento.

 

O tema escolhido para nortear a programação da próxima edição será Alteridade. A proposta é oferecer uma programação que seja capaz de promover reflexões acerca da importância de se respeitar as individualidades e a construção coletiva na busca pela compreensão das diferenças. “Estamos convictos de que reconhecer a existência de pessoas e culturas singulares e subjetivas, que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras é um primeiro passo importante para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante. Estamos empenhados em realizar esta reflexão de forma plural e diversificada”, destaca Luiz Gustavo Carvalho, curador e diretor artístico do Festival Artes Vertentes.

 

Entre as participações confirmadas desta edição, estão: o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor Ailton Krenak. Também estão confirmadas as participações dos escritores e pensadores:  Sidarta Ribeiro(Brasil), Prisca Agustoni(Suíça), Marina Skalova(França), o vencedor do Prêmio Oceanos 2023, Joaquim Arena(Cabo Verde), Egana Djabbarova(Rússia), Vó Geralda(Brasil), Liça Pataxoop(Brasil), entre outras referências na área.


Na área musical, entre os destaques nacionais desta edição estão: Cátia de FrançaMetá Metá (Juçara MarçalKiko Dinucci e Thiago França)Cristian BuduHercules GomesGustavo Carvalho, e Manuela Freua. Entre os destaques internacionais, o violoncelista Guillaume Martigné (França), que vem pela primeira vez ao Brasil, clarinetista Thorsten Johanns (Alemanha), a violinista Sofia Leandro (Portugal), o pianista Ryutaro Suzuki (Japão), que também participa pela primeira vez, o pianista Jacob Katsnelson (Rússia), o violinista Ara Harutyunyan (Armênia), a violinista Dárya Filippenko (Bielorússia), e o fagotista Adolfo Caberizo (Espanha).

 

No campo das artes visuais, o festival contará com apresentações de trabalhos assinados por nomes como Leonilson (Brasil), Alcino Fernandes(Brasil), que será o artista residente,  Alejandro Cartagena (México), Eder Santos(Brasil) e Ghayath Almadhoun(Palestina).

 

A programação ainda conta com artes cênicas, incluindo a apresentação dos espetáculos Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui, vencedor do Festival Cenas Curtas 2023 e O Estrangeiro reloaded, protagonizado por Guilherme Leme, com direção da Vera Holtz, além do premiado “Tebas Land”. Com dramaturgia do uruguaio Sergio Blanco, e direção de Victor Garcia Peralta, a peça é uma autoficção que acompanha os encontros entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história do crime. A montagem é vencedora de diversos prêmios como Shell de Melhor Ator (Otto Jr.), Botequim Cultural de Melhor ator: (Robson Torinni), Melhor diretor: (Victor Garcia Peralta), Melhor espetáculo, o Prêmio Cenym de melhor montagem brasileira, além de receber diversas outras indicações.

 

Os destaques da programação de cinema serão os filmes de Michel Khleifi(Palestina), Hanna Polak(Polônia), Maria Saakyan(Rússia), Djibril Diop Mambéty(Senegal), Forough Farrokhzad(Irã), Lionel Rogosin(Estados Unidos), entre outros.

 

Programação

 

primeiro dia do 13º Festival Artes Vertentes, 19 de setembro, contará com uma ampla programação, incluindo a abertura de quatro exposições, às 17h, em diferentes espaços da cidade histórica. O Centro Cultural Yves Alves receberá duas dessas exposições: “Leonilson: Na cor dos lábios do meu amor” e “Alcino Fernandes: Você disse que sabia amar”Com curadoria de Ricardo Resende e Luiz Gustavo Carvalho, “Leonilson: Na cor dos lábios do meu amor” reúne desenhos, pintura, objetos e instalações do artista. Durante a sua trajetória, Leonilson explorou temas distintos, com os últimos dez anos de produção marcados por uma obra com forte cunho autobiográfico. Em suas obras, o artista percorre o limiar entre o dito e o silenciado, dialogando seu fazer artístico com suas vivências enquanto soropositivo.

 

Já “Alcino Fernandes: Você disse que sabia amar” é fruto do desejo do Festival Artes Vertentes de ressaltar também o impacto de Leonilson no universo criativo de diferentes artistas contemporâneos, propondo um diálogo entre a obra de um dos maiores nomes da arte brasileira do século XX e a produção de outros artistas que estarão presentes no Festival. É o caso de Fernandes, que será um dos artistas residentes desta 13ª edição. Com uma produção que explora fricções entre violência-sutileza e densidade-vazio, Alcino atravessa a dor como ofício de memória e esquecimento.

 

Quatro Cantos Espaço Cultural receberá a exposição “Silêncios dos exílios”. Entrelaçando a escrita e a fotografia, a exposição reúne trabalhos produzidos pela poeta Marina Skalova e a fotógrafa Nadège Abadie. As obras questionam a migração por meio da linguagem e da imagem através de um trabalho delicado desenvolvido entre os anos de 2016 e 2019, envolvendo a participação de quase cem imigrantes. Já a exposição coletiva “Gente que somos... apenas gente” ocupa a Galeria IPHAreunindo trabalhos realizados pelos alunos e alunas da Ação Cultural Artes Vertentes, que o Festival realiza ao longo do ano na cidade de Tiradentes. Serão apresentados os trabalhos dos alunos dos cursos de Artes Visuais, Fotografia e Cerâmica.

 

As exposições permanecem abertas ao público ao longo de todo o período do Festival, entre 19 e 29 de setembro.

 

Ainda no primeiro dia, a abertura oficial do 13º Festival Artes Vertentes está marcada para as  18h30, no Centro Cultural Yves Alves. A cerimônia contará com a exibição da videoarte Gente, realizada pelos participantes da Ação Cultural Artes Vertentes e apresentação do Coro VivAvoz e do coro Vozes da APAE. Desde 2013, o Festival Artes Vertentes vai além dos onze dias da programação de cada edição. De fevereiro ao início de dezembro, ele promove a Ação Cultural, oferecendo gratuitamente a crianças, adolescentes e adultos de Tiradentes cursos de música, artes visuais, cerâmica e fotografia.

 

Concluindo a programação de abertura, às 21h, no Largo de Sant’Ana, o público é convidado para o concerto “No rastro de Catarina”, com a cantora, compositora, instrumentista, escritora, sonoplasta e diretora musical, Cátia de França. O repertório contempla as canções que fazem parte do quinto disco de estúdio da paraibana, que possui uma vasta trajetória musical pautada pela evolução de ritmos, experimentações e parcerias com artistas como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Lulu Santos, Chico César, Elba Ramalho e Bezerra da Silva.

 

No dia 20 de setembro, às 17h30, o violoncelista francês Guillaume Martigné se apresenta na Igreja Nossa Senhora da Penha de França, no distrito de Bichinho. No repertório do concerto, obras de Johann Sebastian Bach, Gaspar Cassadó e Gilberto Paganini. Às 19h, o Jardim do Museu Padre Toledo exibe “A pequena vendedora de Sol”, uma das obras-primas do mestre senegalês Djibril Diop Mambéty.  Além dessa exibição, o média (45 min.) poderá ser visto gratuitamente em mais quatro sessões, nos dias 24 e 25 de setembro, terça e quarta-feira respectivamente, 10h e às 16h, no Centro Cultural Yves Alves.

 

Já às 20h, o Centro Cultural Yves Alves será palco do espetáculo “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui”, vencedor do Festival Cenas Curtas 2023, promovido pelo Galpão Cine Horto, abordando a experiência de pessoas surdas e ouvintes negras e traz à tona questões essenciais de inclusão e diversidade nas artes. A montagem tem direção de Carlandreia Ribeiro, com texto escrito por ela em parceria com Marcos Andrade, e direção de texto em Libras por Dinalva Andrade.

 

O Ciclo de Ideias abre a programação do dia 21 de setembro, às 11h, no Jardim do IPHAN, promovendo uma conversa sobre formas de educação fora das paredes escolares com a participação de Vó Geralda, autora do livro “A porta aberta do sertão: histórias de Vó Geralda”, da educadora e liderança indígena Dona Liça Pataxoop e Isabela Nogueira.

 

Já às 15h, será inaugurada a exposição “A linha invisível” no Solar da Baronesa, em São João Del Rei. A exposição reúne trabalhos assinados por três artistas contemporâneos: o fotógrafo mexicano Alejandro Cartagena, o videoartista mineiro Éder Santos e o poeta palestino Ghayath Almadhoun As obras selecionadas tratam sobre os limites geográficos impostos pela sociedade, que são capazes de restringir ou delimitar a extensão do nosso olhar e alterar a nossa percepção em relação ao outro. Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, a exposição ficará em cartaz entre os dias 21 de setembro a 13 de outubro.

 

Às 16h, o Centro Cultural UFSJ também receberá o lançamento de “Falta de ar”, livro da poeta franco-alemã de origem russa Marina Skalova. A atividade irá contar com a participação da autora, que fará algumas leituras de peças da obra, acompanhada pela violinista portuguesa Sofia Leandro e pelo percussionista Bruno Santos. Em paralelo, também às 16h, o Centro Cultural Yves Alves abre a programação cinematográfica do Artes Vertentes com a exibição de “A paixão de JL”, com direção de Carlos Nader. O documentário traz um recorte do cotidiano de Leonilson com base em um diário em fitas cassete, nas quais ele gravou pensamentos, memórias e comentários sobre acontecimentos da época, sua relação com o trabalho e o impacto causado pelo diagnóstico de HIV.

 

Na sequência, às 18h45, Casa Museu Padre Toledo exibe o filme “Essa não sou eu”, drama russo/armênio de Maria Saakyan, um retrato de duas gerações de mulheres. Uma, diretora de um coral de prestígio internacional. A outra, sua filha, perdida entre a solidão e a tecnologia e experimentando os primeiros extremos da emoção adolescentes. Fechando a programação do dia 21 de setembro, às 20h30, a Igreja São João Evangelista, em Tiradentes, recebe o concerto “Schubertiade Ernestiana I”, com obras de Schubert e Lobo. Participam do concerto, os musicistas: Neto Bellotto (contrabaixo), Ryutaro Suzuki (piano), Jacob Katsnelson (piano) e Gustavo Carvalho (piano).

 

A programação do dia 22 de setembro terá início às 10h com um Café Literário no Sítio Serra Azul, na zona rural de Tiradentes, com a participação de Vó Geralda, que celebra o lançamento do livro “A porta aberta do sertão: histórias da Vó Geralda” (Relicário, 2024), Geralda Brito Oliveira, Isla Nakano e Renata Ribeiro. Na sequência, às 12h, o público terá a oportunidade de conferir, na Igreja São João Evangelista, o concerto “Ludus tonalis”, reunindo obras de Bach, Hindemith, Beethoven e Mozart. As peças serão executadas por Fábio Ogata (trompa), Ara Harutyunyan (violino), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello), Jacob Katsnelson (piano) e Ryutaro Suzuki (piano).

 

Já as 15h, o Centro Cultural Yves Alves exibe o filme “Relações de classe”, do duo Danièlle Huillet e Jean-Marie Straub, dois dos maiores nomes da história do cinema de autor. Mais um Café Literário será realizado, às 16h, na Taberna d’Omar, com o escritor cabo-verdiano Joaquim Arena, vencedor do Prêmio Oceanos 2023 na categoria prosa pelo livro “Siríaco e Mister Charles”. O premiado livro do autor caboverdiano acompanha a história da improvável amizade entre o jovem Charles Darwin e Siríaco, um velho negro, ex-escravizado, que sofre de vitiligo. Sobrevoando os territórios da História e da imaginação, este é um romance sobre cumplicidade, raça, racismo, império e memória.

 

Dois concertos fecham a programação do dia 22 de setembro. Às 17h30, o concerto “Ao pôr do sol, irá ocorrer ao ar livre, no Largo de Sant’Ana, apresentando obras de Rebecca Clarke, Schubert, Schnittke, interpretadas por Thorsten Johanns (clarineta), Adolfo Cabrerizo (fagote), Fábio Ogata (trompa), Ara Harutyunyan (violino), Sofia Leandro (violino), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello) e Neto Bellotto (contrabaixo). Mais tarde, às 20h30, o Jardim do Museu Padre Toledo será palco do concerto “Fragmentos kafkianos”que celebra o repertório de Kurtág, um compositor húngaro (ainda vivo), com a participação de Manuela Freua (soprano) e Sofia Leandro (violino). A apresentação é uma homenagem à efeméride de Kafka, que se estende por 2024, bem como os impulsos trazidos por meio de sua obra, evocando reflexões acerca da alteridade.

 

Após um fim de semana intenso, a programação do 13º Festival Artes Vertentes segue em pleno vapor ao longo de toda a semana. A programação do dia 23 de setembro inclui a realização de dois concertos. O primeiro deles, “Schubertiade Ernestiana II”, será no formato didático, e receberá alunos das escolas de Tiradentes. A atividade está marcada para às 15h30, na Igreja São João Evangelista, reunindo peças de Schubert, ao lado de brasileiros, como Ernesto Nazareth, Radamés Gnatalli, Tia Amélia, Chiquinha Gonzaga, Henrique Alves de Mesquita e Francisco Mignone, interpretadas por Cristian Budu (piano) e Gustavo Carvalho (piano).

 

O segundo concerto do dia, “A flor da pele”, dá continuidade ao diálogo entre a erudito e o popular e irá retratar a música de diversos compositores que foram perseguidos e tiveram suas composições proibidas por diversas ditaduras ao redor do mundo. A apresentação está prevista para começar às 18h, também na Igreja São João Evangelista. No repertório, obras de Messiaen, Guarany, Nascimento, Gál, Berg, Vasques Dias, Taiguara, Buarque. A execução ficará por conta de Manuela Freua (soprano), Thorsten Johanns (clarineta), Ara Harutyunyan (violino), Sofia Leandro (violino), Guillaume Martigné (cello), Jacob Katsnelson (piano), Gustavo Carvalho (piano) e Bruno Santos (percussão).

 

Fechando o dia 23, o cinema russo é destaque com a exibição do longa “Algo melhor por vir”, de Hanna Polak, às 20h, na Casa Museu Padre Toledo. O filme acompanha Julia, que tem um sonho: ter uma vida normal. Durante 14 anos, a diretora Hanna Polak acompanha a vida de Iulia no território proibido da Svalka, um lixão localizado a apenas 20 quilômetros do Kremlin, na Rússia de Vladimir Putin.

 

No dia 24 de setembro, às 17 horas, o Ciclo de Ideias “A arte do expurgo ou da fraternidade - Leonilson e a contemporaneidade”, recebe o escritor Ricardo Domeneck e o artista visual Alcino Fernandes, para uma conversa acerca da obra de Leonilson. Na sequência, às 19h, o Festival Artes Vertentes exibe na Casa Museu Padre Toledo o único filme dirigido pela pioneira poeta iraniana feminista Forough Farrokhzad: o documentário “A casa é escura”. No curta-metragem, Farrokhzad encontra uma graça inesperada onde poucos pensariam em olhar: uma colônia de leprosos cujos habitantes vivem, amam, aprendem, brincam em uma comunidade independente isolada do resto do mundo. Encerrando o dia, às 19h30, o concerto “A alguns centímetros do chão: Hommage à Robert Schumann” apresenta uma coletânea de obras de R. Schumann, Clara Schumann e Kurtág. As peças serão executadas por Thorsten Johanns (clarineta), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello) e Gustavo Carvalho (piano). A apresentação será na Igreja São João Evangelista.

 

Já no dia 25 de setembro, literatura e cinema de encontram no Jardim do Museu Padre Toledo, às 19h, com a performance literária “Leite negro” e a exibição de videopoemas do poeta palestino Ghayath Almadhoun. Traduzido para inúmeras línguas, a obra de Ghayath traz como temáticas principais a guerra e a destruição, a morte e a luta, o exílio e a saudade de casa. No mesmo dia, às 20h, na Igreja São João Evangelista, o Festival Artes Vertentes recebe um dos grandes destaques desta edição: um solo com o pianista japonês Ryutaro Suzuki, presença inédita no festival. Ele irá interpretar obras de Chopin e S. Rachmaninov, dois compositores que possuem uma relação muito forte com o exílio.

 

Abrindo a programação do dia 26 de setembroum nome incontornável quando se pensa na questão da Alteridade, tema proposto para esta edição volta ao Festival Artes Vertentes: Ailton Krenak. Ele participará, de maneira virtual, de uma mesa redonda com Joaquim Arena, às 16h30, no Jardim do IPHAN. Na sequência, às 18h, o poeta Ricardo Domeneck apresenta o livro “Cabeça de galinha no chão de cimento”, nas galerias do Centro Cultural Yves Alves. Na ocasião, o convidado realizará a leitura de poemas do livro e de textos criados durante o processo criativo em diálogo com a exposição “Leonilson: Na cor dos lábios do meu amor”.

 

Duas apresentações musicais fecham a agenda do dia, entre o erudito e o popular. Às 19h30, na Igreja São João Evangelista, o concerto “Schubertiade Ernestiana III” reúne os músicos Jesús Reina (violino), Ryutaro Suzuki (piano), Jacob Katsnelson (piano) e Gustavo Carvalho (piano), na interpretação de obras assinadas por Schubert, Nazareth, Otaka, Rachmaninov e Ginastera. Na sequência, às 21h, o Largo de Sant’Ana, recebe uma apresentação gratuita do Metá Metá, trio formado pelos virtuoses Juçara MarçalKiko Dinucci e Thiago França. O grupo une elementos do jazz e rock, da música brasileira e africana, com sonoridades e ritmos únicos, entrelaçados pelos encontros de diversas culturas.

 

No dia seguinte, 27 de setembro, às 11h, a poeta russa Egana Djabbarova e poeta palestino Ghayath Almadhoun participam de um Ciclo de Ideias nos jardins do IPHAN, numa conversa sobre exílio político com medição de Svetlana Ruseishvili, pesquisadora transdiaspórica (Geórgia - Ucrânia - Rússia) e professora de sociologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Os jardins do IPHAN também recebem um Café Literário às 16h30, com a aclamada poeta israelense Tal Nitzán, que lança seu romance de estreia Todas as crianças do mundo, que narra a história delicada de quatro protagonistas humanos e uma gata, em meio à violência arbitrária da vida urbana.

 

Na sequência, às 18h, o concerto “Notas do cárcere”, reúne um repertório assinado por compositores que foram presos durante os períodos de ditadura, na Igreja São João Evangelista. No repertório, composições assinadas por Bach, Beethoven, Schubert, Erik Satie, Chiquinha Gonzaga e Freitas. Os musicistas convidados são: Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), Hercules Gomes (piano) e Gustavo Carvalho (piano). Fechando a programação do dia, o Centro Cultural Yves Alves recebe o espetáculo “Tebas Land”, às 20h, com direção de Victor Garcia Peralta. A peça narra os encontros entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em contar sua história. Inspirado no mito de Édipo e na vida de São Martinho de Tours, o espetáculo ocorre na quadra de basquete de uma prisão.

 

O sábado, 28 de setembro, abre sua programação às 11h, com um Café Literário com o pianista Hercules Gomes e o jornalista, escritor e tradutor Irineu Franco Perpétuo na Taberna d'Omar. Criativo representante da tradição do pianista-compositor, com amplo trânsito no repertório erudito e popular, Hercules Gomes falará da diluição das fronteiras dos gêneros na música em conversa com Irineu Franco Perpetuo, autor do livro História Concisa da Música Clássica Brasileira (Alameda Editora). Já às 16h, mais um Café Literário é destaque, na Taberna d’Omar, com a participação de Egana Djabbarova, Marina Skalova, Maria Vragova e Prisca Agustoni. Na conversa serão abordadas questões de autotradução e tradução, já que a Marina Skalova e Prisca Agustoni se autotraduzem de várias línguas e Maria Vragova traduz de russo para português e vice-versa. Mais uma atração literária integra a agenda do dia, às 18h, no Jardim do Centro Cultural Yves Alves: “O que vocês têm a dizer?”, uma performance literária com as poetas Prisca Agustoni e Egana Djabbarova. Na ocasião, Djabbarova lança pela primeira vez no Brasil o seu livro de poesia “Rus bala” (Ars et Vita, 2024).

 

As artes cênicas e a música são destaque na programação noturna do dia 28. O Centro Cultural Yves Alves será palco, às 19h, da montagem “O Estrangeiro reloaded”, uma adaptação do clássico livro de Albert Camus (1913-1960), Prêmio Nobel de Literatura em 1957, protagonizada pelo ator e diretor Guilherme Leme, com direção de Vera Holtz. Meursault, o personagem central de “O Estrangeiro”, leva uma vida banal, até ser arrastado pela correnteza da vida e da história, numa narrativa que tem como ponto central o absurdo. Na sequência, às 20h30, a Igreja São João Evangelista recebe o concerto “Após um sonho, que reunirá obras de Haydn, Fauré, Piazzolla e Shostakovich, com a participação dos musicistas Jesús Reina (violino), Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), e Gustavo Carvalho (piano).

 

O último dia de Festival Artes Vertentes, 29 de setembro, conta com uma programação intensa e diversa. Começando às 11h, o Centro Cultural UFSJ, com uma apresentação do músico Hercules Gomes, que integra a série Artes Vertentes solo. No repertório, uma série de composições autorais, além de obras assinadas por nomes que integram a sua trajetória na música. Encerrando a programação de cinema do Festival Artes Vertentes, o dia 29 conta com uma sessão especial dupla no Centro Cultural Yves Alves que mergulha no conflito árabe-palestino em seus aspectos humanos e culturais. Às 14h, será exibido “Casamentos proibidos na Terra Santa”, documentário de Michel Khleifi que examina vários tipos de casamentos mistos entre árabes e judeus na Palestina e em Israel abrangendo diferentes gerações e classes sociais, mostrando o lado humano de um aspecto do conflito árabe-israelense. Na sequência, às 15h15, o Festival exibe “Diálogo árabe israelense”, de Lionel Rogosin. O documentário foi filmado no porão do Bleecker Street Cinema, cinema de arte fundado pelo diretor Lionel Rogosin em 1960. Durante dois dias, em setembro de 1973, o poeta palestino Rashed Hussein e o escritor israelense Amos Kenan buscam o diálogo como forma de encontrar uma possível solução para o conflito interminável. A sessão dupla de cinema será acompanhada pelo debate Diálogo árabe israelense, com os curadores de cinema, Aaron Cutler e Mariana Shellard, poeta israelense Tal Nitzán e poeta palestino Ghayath Almadhounàs 16h, também no Centro Cultural Yves Alves.

 

O escritor e neurocientista Sidarta Ribeiro participa do Café Literário, às 17h30, na Taberna d'Omar, numa conversa a partir do livro “Sonho Manifesto” (Companhia das Letras, 2022). Sidarta estará pela primeira vez na programação do Festival Artes Vertentes. O concerto “O círculo mágico” fecha a programação do 13º Festival Artes Vertentes, às 20h, na Igreja São João Evangelista. Com obras de Enescu, Milhaud, Dukas e Falla, trata-se de um concerto com caráter festivo, que explora uma reflexão sobre o encontro com o incompreensível, resumindo a experiência vivida pelo público e pelos artistas ao longo da programação. Para esta missão, foram escalados: Jesús Reina (violino), Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), e Gustavo Carvalho (piano).

 

20% dos ingressos da programação musical e de artes cênicas do Festival Artes Vertentes será reservada para distribuição gratuita entre estudantes e professores universitários. Os ingressos poderão ser retirados no dia de cada evento mediante apresentação de comprovante. A distribuição dos ingressos termina meia hora antes do início de cada apresentação.

 

O 13º Festival Artes Vertentes é realizado pela Ars et Vita e Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes e, é viabilizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura com o patrocínio do Itaú, e pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com patrocínio da Cemig.

 

Sobre o Festival Artes Vertentes

 

Criado em 2012 por Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, o Festival Artes Vertentes é projeto realizado pela Ars et Vita e pela Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes. O evento vem apresentando, ininterruptamente, uma programação artística que estimula diálogos entre as mais diversas linguagens artísticas e propõe, por meio da arte, reflexões sobre temas de relevância para a sociedade contemporânea. Vencedor do prêmio CONCERTO 2021 e nomeado para o prêmio internacional Classic: NEXT Innovation Award 2022, durante as últimas doze edições, o Festival Artes Vertentes já recebeu mais de 470 artistas, originários de 40 países.

Informações adicionais: www.artesvertentes.com


 

FORMOSAS: o alto astral do show de Babaya, Lu Braga e Celinha Braga, no Jardim Musical

 


Foto: Márcia Charnizon



Jardim Musical da Casa Belloni (Av. João Pinheiro, 287 – Belo Horizonte),  recebe Babaya, Lu Braga e Celinha Braga no show "Formosas". O evento acontece na quinta-feira, 26 de setembro, às 20h.

Estas amigas, parceiras profissionais, reconhecidas e admiradas, mergulham no universo do Samba, com seus vários estilos, importantes compositores e intérpretes. O repertório traz músicas que emocionam e divertem. Com arranjos vocais, solos, unissonos, duetos e trios, cantam de forma brejeira e alto astral!

O processo de concepção do show "Formosas" aconteceu em 2008,
Quando o show de origem, dirigido por Marina Machado, nasceu, o sucesso transbordou em apresentações várias. 
É um espetáculo que tem uma linguagem lírica, romântica e humorística. Resgata o lado feminino da mulher favorecendo valores, comportamentos e atitudes, através do canto emocionado das cantoras, dos movimentos suaves no palco, do cenário feminino, dos acessórios delicados e dos arranjos melodiosos executados pelos instrumentistas, provocando no público sentimentos de alegria, emoção, suavidade, mostrando o lado mais poético da vida.

Atualmente, o privilégio do público em assistir as três cantoras juntas nesta performance musical é ainda mais especial. Elas seguem, incansaveis, trabalhando muito, acreditando na vida e com fé no ser humano. Cada uma com suas ações profissionais se empenha para a rara oportunidade deste encontro, cuja ação, igualmente profissional, é um prazer compartilhado com todos.

O show do dia 26 tem número limitado de ingressos - R$60,00, que podem ser adquiridos pelo WhatsApp 31 991659778

Lugares ocupados por ordem de chegada Reserva de mesa, sujeita à lugares compartilhados pode ser feita, após a confirmação da compra, sob solicitação pelo mesmo WhatsApp 
O evento conta com bistrô em funcionamento. Abertura do Jardim às 19h. 

Vale lembrar que, este projeto aplaudido pelo acolhimento aos artistas e audiência, em experiência sensorial valiosa, tem a curadoria da jornalista Márcia Francisco. 

Nele, já se apresentaram Henrique Portugal, Clóvis Aguiar, Amaranto e Tabajara Belo, Tadeu Franco, Célio Balona, Duo Serenata, Ladston do Nascimento, Tadeu Franco Nolli Brothers, Celso Adolfo, Lu e a Celinha, Patrícia Ahmaral, Projeto Brasil, Lívia Itaborahy e Arnon Oliveira.  A constatação é de experiência singular, na capital mineira: um espaço onde as pessoas já compreenderam o diferencial de viver instantes especiais em audição e escuta ativa de boa música, em momento sensorial, para aguçar os sentidos, curtindo autores e intérpretes qualitativos, com a possibilidade de apreciar boa gastronomia e conexões refinadas, em ambiente intimista e sofisticado.

24 de ago. de 2024

BOLERO METAL - CELSO PENNINI E BANDA




















Hay que romantizarse, pero sin perder lo overdrive jamás.

Já estão à venda, os ingressos para o show do compositor, arranjador, guitarrista e cantor Celso Pennini, realiza no dia 21 de setembro, sábado, às 19h.  A única apresentação de "Bolero Metal”, acontece no Chopperhead Garage Pub (Rua Cássia, 26 – Prado – BH).  Haverá show de abertura da Banda Quo-tzar, que também tem Pennini como integrante. 

O show, que inclui algumas músicas do novo álbum, a ser lançado em doses homeopáticas, através de singles, até o final do ano, chega com um repertório de composições do artista e surpresas  para se divertir e  refletir e, principalmente, se emocionar com as melodias. 

Celso Pennini – voz e guitarra será acompanhado por Ricardo Gomes – baixo, Inácio Cavallieri – voz e guitarra e Luis Patrício – bateria. 

Ingressos já à venda pelo Sympla. 
Reservas de mesa: 31 984304996. 

BoleroMetal é uma síntese das minhas influências. Um show que traz a guitarra elétrica como catalisadora das emoções que quero transmitir através das minha música. Trago, além de minhas canções e temas e instrumentais, algumas releituras que refletem este meu conceito. Apresentar isso ao público, encontrar as pessoas que curtem meu trabalho, me traz muita alegria. Pois, a força desta conexão direta  justifica a criação. Tenho me envolvido em várias composições novas. Estou gravando, somando participações especiais e, em breve, haverá partilhas através das plataformas musicais, também. Está sendo um ano fervilhante. Então, chegou a hora de soltar as crias." (Celso Pennini)

CELSO PENNINI
Guitarrista de raiz roqueira e violonista de dedilhados sutis são boas definições para o músico. Mas, vale reiterar o que disse uma vez o grande jornalista Kiko Ferreira sobre  Celso Pennini: “é mais conhecido como mola propulsora, que veste de adrenalina e energia boa parte da carreira inicial da cantora Patrícia Ahmaral”. Afinal, foram 12 anos de parceria nos palcos com a Artista. Pennini transitou desde os bailes com orquestra dos anos 80, música instrumental, samba punk na lendária banda Los Amigos de Tu Madre, com Ana Proença, diva do samba de BH, com quem chegou a ser finalista do concurso de marchinhas Mestre Jonas. O artista integrou também outras bandas de rock do underground de BH, mas nunca deixou de lado seu trabalho autoral. Já soma três álbuns – todos disponíveis nas plataformas digitais: Outras cenas (2003), Tênue como o tempo (2014) e Dados Biográficos (2022). Sua reconhecida atuação como arranjador, compositor e guitarrista, soma-se, a partir do disco mais recente, à sua vertente de cantor. Veja mais em @celsopennini: Instagram e linktree. 

SHOW CELSO PENNINI E BANDA
21 de setembro,  sábado, 19h 
Chopperhead Garage Pub 
Rua Cássia, 26 – Prado – BH 
Ingressos já à venda pelo Sympla: R$40,00
Reservas de mesa: 31 984304996

22 de ago. de 2024

LEO MINAX & CHICO AMARAL QUARTETO

 



 










Foto:Luana Buenano 


Acontece na próxima terça-feira, dia 27 de agosto, às 20h, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Funcionários – BH)   a única apresentação do show  “Leo Minax & Chico Amaral Quarteto”.  Parceiros desde 2006, Leo Minax  e Chico Amaral  apresentam as principais canções que compuseram juntos, além de valiosas parcerias, com diferentes autores mineiros. 

Leo Minax (voz e violão) e Chico Amaral (saxofone e flauta)  se apresentam  acompanhados por André Limão Queiroz (bateria) e Bruno Vellozo (contrabaixo).

Os ingressos para o show custam a partir de R$20,00 e já estão à venda via Sympla:

O SHOW, por Leo Minax:
“Esse show me traz a alegria de rever amigos e  de levar ao público nossas canções. É um grande prazer! 

Não fizemos tantas músicas juntos, se pensamos que são quase 20 anos de parceria mas, talvez, também por este motivo, são canções únicas, compostas com muito carinho, feitas sem nenhuma pressa, e sempre com o critério inegociável de tentar agradar aos compositores em primeiro lugar. Em todo caso, uma robusta e suculenta coleção de canções e, a estas alturas, um perfeito argumento para a realização de um show conjunto. 

Voltar às canções, e comprovar que elas não envelhecem! Sinto as nossas parcerias como se fossem aqueles sonhos, protagonistas emblemáticos da maravilhosa e reverenciada canção-hino escrita há décadas pelos grandíssimos Milton, Lô e Márcio... Encontro muitas referências musicais comuns entre nós: a inspiradora marca de todas as vertentes do Clube da Esquina e suas reverberações, a grandiosidade e a diversidade do formato canção na MPB, atravessando décadas e geografias e, também, a inesgotável e inspiradora beleza da linguagem do jazz. 

Por certo, falando sobre o jazz e da sua importante influência, o Chico é um dos músicos mais virtuosos e estudiosos que conheço! A ideia de um show compartilhado veio depois de assistir muitas performances do parceiro, em diferentes formatos, ao longo de muitos anos, nas minhas viagens a Belo Horizonte. Sempre tive muita vontade de participar ao vivo, também nos palcos, ao lado da musicalidade e do talento do Chico Amaral instrumentista. E, claro, fiquei muito feliz quando ele me disse que gostava da minha proposta!

Também compartilhamos o prazer da leitura, o prazer de conversar, de trocar ideias – o Chico é um desses magníficos conversadores!... Tudo isso também aparece de algum jeito na composição das nossas canções, claro! Algumas vezes de maneira involuntária. Falando sobre o prazer de conversar, fico imaginando as conversas do Amaral com o Milton Nascimento, naquela série de entrevistas que foram a base do belíssimo livro que o Chico escreveu sobre a obra deste artista que é uma das mais importantes referências musicais pra nós, entre tantas referências mundo afora...

E, já que menciono a importância das influências do Milton, a sua forma de compor e interpretar, acho que é o compromisso com um lugar de experimentação, livre, que me conecta ainda mais com o Amaral. É muito bom poder desfrutar este lugar de liberdade e de experiências na atividade de composição de canções. Poder escrever - e também interpretar! - canções, sem saber onde exatamente elas vão nos levar. 
Claro que não são somente coincidências entre nós quando escrevemos uma canção... Mas há muito carinho e respeito nos processos de criação, nas diferentes maneiras de colocar lado a lado as nossas sensibilidades. Saber confrontá-las e, quando se afastam, tentar voltar a reuni-las para a criação daquela canção onde ambos nos reconheçamos, no que somos e, também, no que não somos.

Chico e eu escrevemos músicas e letras, algo que nos ajuda muito no trabalho criativo. Ainda que haja mais canções no nosso repertório onde o Amaral é o autor da letra, e eu sou autor da música, há também canções onde estes papéis se invertem. Há muita liberdade também em relação às nossas atribuições, aos nossos papéis nos nossos processos de composição.

Também há muitas formas de começar e desenvolver a composição: às vezes a letra vem primeiro, às vezes a música... Houve uma das nossas canções, “Nave”, por exemplo, que nasceu praticamente inteira durante a primeira vez que li o poema original escrito pelo Chico. Ainda bem que estava com o violão no colo, e que decidi ligar o gravador antes de começar a leitura!...

O show “Parcerias” é um pouco de tudo isso. É o que reunimos até agora dessa nossa viagem criativa, da nossa fantasia. São os frutos do nosso grande prazer de tocar e fazer canções, da importância que isso tem pra nós.” (Leo Minax) 
 
Leo Minax é compositor, cantor, violonista e tem vários discos gravados. É parceiro também de Celso Adolfo, Vander Lee, Affonsinho, Marcelo Sarkis, Estrela Leminski, Jorge Drexler, Vitor Ramil, entre outros. Gravou com Toninho Horta, Joyce, Arnaldo Antunes.

Chico Amaral é letrista, saxofonista e compositor. Seu trabalho com Samuel Rosa e o Skank lhe deu projeção nacional. Fez músicas com Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Lô Borges, Ed Motta e muitos outros. Atualmente tem se dedicado à música instrumental.

Anexo útil:
Mais sobre Leo Minax
Se falamos de composição, e se o critério for originalidade e sofisticação, Leo Minax é, sem dúvida, um dos grandes nomes entre os músicos brasileiros de sua geração. Vive há muitos anos em Madrid e já publicou dez álbuns na Espanha, com música original, com diferentes propostas e formações. Quase todas as suas produções foram gravadas ao vivo em estúdio, critério com o qual o artista opta pela liberdade na interpretação e improvisação.
No Brasil, a carreira de Minax está associada aos nomes de Toninho Horta, Vitor Ramil, Arnaldo Antunes, Vander Lee, Ronaldo Bastos e Moska, entre outros grandes artistas, como colaboradores, ou como coautores de suas canções. Na Europa e na América Latina sua música já foi gravada pelo uruguaio Jorge Drexler, pela mexicana Ximena Sariñana, pela brasileira Joyce Moreno e pela espanhola Ana Belén, entre outros. Nos seus concertos já partilhou palco com importantes artistas: o argentino Lisandro Aristimuño, a chilena Francesca Ancarola, o espanhol Miguel Poveda, Iván Ferreiro, Miguel Ríos e Javier Ruibal, entre outros.
Leo Minax já apresentou sua música em diversos países. Compôs com grandes autores espanhóis, como Pablo Guerrero ou Pedro Guerra, entre outros. Atualmente desenvolve um projeto, paralelo à carreira como solista, com o quinteto do músico dinamarquês Steen Rasmussen, com quem já lançou dois discos nos últimos anos. Leo também acaba de começar um projeto de shows - e futura gravação - ao lado do grande compositor e instrumentista mineiro, Chico Amaral. O espanhol Suso Saiz é produtor de quatro dos dez álbuns editados pela Minax na Espanha.
Mais @leominax IG. | www.leominax.com


12 de ago. de 2024

Mais pesado é o céu: o dédalo da execrável miséria humana











Um filme que retrata a realidade nos âmbitos da miséria do homem e da violência que habita este cotidiano, precisa ir muito além de um soco no estômago, ele tem que abrir espaço para o pensar. E assim, nos chega “Mais pesado é o céu”. Trata de temas sérios e graves com a sutileza da poesia, com a intensidade possível na alternância de emoções. Entregas exatas em harmonia que, através da Arte, nos permitem abrir o terceiro olho. A medida encontrada por Petrus Cariry é tão justa e perfeita que torna esse filme necessário, contemporâneo e, absurdamente, imperdível.  Não é à toa que ‘Mais pesado é o ceu’, que já circulou por pelo menos duas dezenas de festivais pelo mundo, antes mesmo de chegar às telas brasileiras, levou pra casa quatro ‘Kikitos’, no respeitável Festival de Cinema de Gramado, edição do ano passado. A saber, ‘Melhor Direção’, ‘Fotografia’, (assinadas por Cariry), ‘Montagem’ (Firmino Holanda) e, ainda, o ‘Prêmio Especial do Júri, para a atriz Ana Luiza Rios. 

Vamos para uma breve sinopse, só para localizar: Ana Luiza Rios é Teresa. Matheus Nachtergaele é Antônio. Ambos se encontram em uma estrada, a caminho de uma cidade... submersa. No caminho, Teresa encontra e leva consigo um bebê, abandonado em um barco. A jornada dos dois segue por um brutal, árido e desesperançoso sertão, onde se aventuram, lado a lado, em busca de sobrevivência deles próprios e da criança. Num caminho de desafios infindáveis, encontram Vitória (Silvia Buarque), uma senhora frustrada em suas expectativas maternas, abandonada em uma casa perdida no meio do nada. Além dela, situações e pessoas que vão construindo uma trama onde o extremo da miséria humana salta aos nossos olhos e adentram nosso pensamento. 

Tratar de mais detalhes nessa descrição, ainda que básica, seria reduzir o que a película propõe a um patamar longe do que se poderia imaginar. Tentar dizer mais na sinopse, uma agressão ao fazer artístico de uma equipe profissional de raro valor, que se uniu nesta produção. Este é o ponto. O olhar abrangente sobre a temática fez de Petrus Cariry, a coroa de si mesmo, em qualidade já demonstrada nas produções cinematográficas anteriores e que aqui, une o melhor do cinema, numa entrega incomparável. Marca um momento de retomada do Cinema Nacional, em contemporaneidade, síntese e evolução. O diretor dá ao público a condição de exercer, para além da sua inteligência racional, a sensibilidade do pensar pelas vias da emoção, do sentimento, da conexão com aspectos intrínsecos do ser humano no trato terreno. 

A arte que alcança é a que se torna universal em sua expressão singular. O olhar de Petrus abre frentes que permitem a Ana-Teresa e Matheus-Antonio alcançarem o íntimo das interpretações. A fotografia do filme, quase integralmente nos apresentando extensas rodovias sem fim, a cortarem vastas paisagens – secas, dolorosas de ver, mas, cuja apresentação prega nossos olhos à grande tela -, amplia a compreensão de um mundo gigantesco, dramático e estático, ao lado do caminhar em pulso constante, dos dois personagens, em contraposição com essa imensidão. O ser torna-se nada, o momento do encontro com o que se busca, longínquo, senão impossível. Uma estranha esperança insiste em nos rondar, mesmo diante do cenário deprimente. A trilha sonora nos conduz, ao lado da ternura que habita os olhares de Ana e Antônio, se apegando às quimeras restantes. Se aproximam, se afastam. O silêncio do olhar que tudo vê, a defesa de uma permissão de liberdade mútua, os medos, o desejo e o afeto. Humanidade escancarada para conexão de todos os públicos.  Os dois seres que levam consigo o bebê – não por acaso, sem nome – talvez, nem saibam o que realmente buscam, naquele quase utópico lugar que inicialmente vislumbram alcançar. Entre os poucos personagens do caminho, destaca-se Dona Vitória, com a força da veterana Sílvia Buarque, que faz da generosidade solidária uma estratégia de compensação, através do bebê e nos atiça para mais reflexões.  Quão, maravilhosamente, bom é ver Danny Barbosa, na pele de outra presença no filme – Letícia. Deixo para vocês, a leitura de cada entrega que ela é capaz de nos trazer, em tão poucas cenas, em presença desta paraibana, que há muito quebra paradigmas vários, com sua grandeza artística que, entre outras produções, foi vista em ‘Bacurau’, destacou-se com seu curta ‘Pedra Polida’, fez história em Cannes e, ouso dizer, seguirá plena em muitas realizações. 

Naquelas mesmas estradas, caminhões e camionetes em alta velocidade passam, indiferentes, pelo que vai se tornando um casal.  Unido pela miséria, pela memória do que não se foi, pela sombra dos primeiros sonhos de infância. No drama áspero e intrigante, tudo é contraponto, diverso, afastado daquele submundo existencial que insiste em tentar sobreviver. O roteiro segue lúcido e sem arestas. E descortina a ampla visão, inclusive, através dos diálogos, que tantas vezes, se esbarram em perguntas ditas sem direito à resposta dos interlocutores. 

O que a sua criança desejava antes de esboçar os passos da história e de seu palmilhar até aqui? Será que você consegue se lembrar com clareza? Teresa e Antônio, sim.

O que seria a liberdade do ser, partindo de algum lugar para uma “escolha” aventureira, traz à tona os perigos da vida, a fragilidade do ser, a impotência que se fortalece num cíclico contexto de buscas, sofrimento e degradação de sonhos perdidos num tempo que se viveu ou não. Paisagens, rios poluídos, cidades desaparecidas retratam os trôpegos personagens e seus próprios trilhos, submersos em passado, ancorados em presente, desprovidos de futuro.

A densidade do filme ecoa, através do envolvimento de cena, trilha, fotografia e, principalmente, dos personagens. Cariry deixa os atores livres para dissecarem seus personagens. 

A atriz cearense, Ana Luiza Rios, teve sua estreia no cinema em 2010.  Em poucos anos já tem extensa filmografia e faz ver, em ‘Mais pesado é o céu’ porque além de outros reconhecimentos de carreira, recebeu o Prêmio Especial do Júri 2023, em Gramado. Ela, que chega junto a uma geração que renova o cinema nacional, entrega talento e se lança, visivelmente, inteira na elaboração de Teresa. É através dela que nos vêm cenas do que mais fortalece esta produção. Ao lado do aparente movimento dos personagens pelas estradas, a estagnação e a inércia da vida de cada um deles, frente aos desafios... Num tempo em que já seria vida resolvida para alguns, ambos prosseguem nas dores primárias dos aprendizados do chacra básico, a luta pela sobrevivência, a corrida contra a fome... Tão básica quanto essa busca surge, então, a luta vívida em Teresa, diante de um mundo machista, execrável, de abusos sexuais. Se, de Antônio tem a ternura do homem quem ampara e insiste no cuidado com o “filho” (ainda que nos caiba a reflexão sobre os motivos dele, na acolhida paternal do bebê sem nome, que pode, metaforicamente, ser ele próprio, ou Teresa, para si própria), é ela que vai à luta para prover o trio. E é aí, que alcançando o impensável, dentro das ações para gerar algum retorno financeiro e material, a mulher encontra o lugar da prostituta. A esta altura, o bebê já terá nome de anjo...Teresa protagoniza momentos tão fortes que, seus próprios gritos são capazes de nos fazer descer goela abaixo, a realidade hipócrita e persistente através dos tempos. A esperança que move os passos iniciais de Antônio pelas estradas é a chance ganhar a vida com caranguejos, em seu destino almejado. Como os crustáceos, parece andar para trás. Senão em círculos...

Ah! O sempre Matheus Nachtergale! Tudo é pequeno quando tentamos descrever esse ser incrível. Pego emprestadas as falas de um texto que escrevi está semana: Nachtergaele é, seguramente, a melhor representação da atualidade, quando falamos de Arte feita com talento, entrega, comprometimento, verdade. Uma versatilidade estupenda nas grandes e diversas interpretações que parece vir do útero imaginário possível deste homem que ao lado de um masculino fazer latente, tem seu feminino bem resolvido a gerar no cerne da criatividade, um sentido existencial.  

Faz do personagem o fio invisível a costurar cada um dos aspectos mencionados acima e que tornam esse filme parte de um universo sagrado, onde o artístico alcança o Olimpo. Onde o imaginário torna-se tão real em nós mesmos, como na quebra da quarta parede, pelo mesmo ator, na pele de seu cativante personagem da novela ‘Renascer’, em cartaz na telinha a adentrar nossos lares. 

Aclamado, nesta mesma semana de estreia, com o Troféu Oscarito, em Gramado, Nachtergaele reafirma seu lugar de força no cenário cinematográfico. Fico pensando como Petrus deve ter visto o personagem ultrapassar sua, já grandiosa, proposta, através de Matheus. O ator fecha a película, sem fechar questão. Sangra nossa capacidade de julgamento, frente ao indizível, nos dá o direito de fazer justiça ou seguir, com a própria condenação. 

Diz-se que quando um crime é investigado, evidências como o número de golpes por armas brancas fazem avaliar acerca de autoria feminina. “Antônio, brasileiro”, homem de sonhos e verdades cruas, desalentos e desilusões, em seu movimento, grita pela voz calada de todas nós.  

A trama alcança, seguramente, a plenitude das intenções seja no tangente à existência humana, seus paradoxos e dualidades...Seja nas construções sociais, onde o homem rasga sua essência suportando, ou não, um universo de desigualdades, preconceitos, violência, exclusão... Seja em cada detalhe técnico, cuidadosamente, bem tratado, coerente, coeso e digno de cinco estrelas, em todas as críticas. Ainda que, no contexto atual das produções tantas e dos critérios que formatam os veículos do segmento, os respeitáveis profissionais do gênero tornem-se quase obrigados a não alcançar os dígitos, em suas publicações. 

Sem mais. Corra aos cinemas! 

Márcia Francisco

http://www.instagram.com/marciafranciscooficial

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