Em novembro, Belo Horizonte torna-se a capital do violão:
IX FESTIVAL INTERNACIONAL DE VIOLÃO - FIV
maior evento do gênero do país, o FIV já recebeu, em seus palcos,
mais de 100 nomes do violão mundial
Nos dias 10 e 11 de novembro, sexta-feira e sábado, Belo Horizonte/MG vai sediar o IX Festival Internacional de Violão – FIV.
O Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2244 – Lourdes – 31 3516-1360) será palco para o encontro de mestres violonistas, consagrados no país e exterior.
O Conservatório da UFMG (Av. Afonso Pena, 1534 – Centro) sediará masterclasses, palestras e oficinas.
O FESTIVAL
A cada edição, Belo Horizonte torna-se a capital nacional do violão, ao reunir grandes mestres e admiradores do instrumento, em encontros inusitados, shows, concertos, oficinas e master classes, muito especiais!
Mais de 100 nomes do violão nacional e internacional já passaram pelo FIV!
O evento reúne, desde 2005, alguns dos melhores violonistas da atualidade - de jovens virtuoses a verdadeiros ícones da música brasileira e do violão mundial.
Com foco principal no violão, o FIV apresenta o melhor do que é produzido no país e no exterior, com equilíbrio entre as diversas manifestações populares e eruditas.
Uma confraternização musical entre violonistas de diversos países e de várias gerações, além de ícones do violão e da música popular no Brasil. Oportunidade rara para o público geral, estudantes e amantes do instrumento mergulharem em seu vasto universo, acessando história e memória, possibilidades técnicas, experimentos e caminhos contemporâneos, do erudito ao popular.
O Festival é uma realização dos músicos Aliéksey Vianna, Juarez Moreira e Fernando Araújo, com patrocínio do Instituto Unimed-BH, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte – Fundação Municipal de Cultura.
A PROGRAMAÇÃO
CONCERTOS
Na sexta-feira, dia 10, subirão ao palco ícones do violão, o montenegrino Goran Krivokapić e o paulista André Geraissati.
No sábado, dia 11, dividem a noite musical o duo formado por Fernando Araújo e Celso Faria, com um repertório de obras de um dos maiores compositores brasileiros do século XX, Francisco Mignone. Manuscritos de Buenos Aires – Obras Inéditas de Francisco Mignone contêm obras para duo de violões escritas em agosto de 1970 e dedicadas ao casal de violonistas argentinos Graciela Pomponio e Jorge Martínez Zárate. As peças eram desconhecidas pela comunidade musical e acadêmica no Brasil até o mergulho de Fernando nos manuscritos do músico paulista para a sua tese de doutorado.
Ainda no sábado, Anat Cohen e Marcello Gonçalves recriam as “coisas” de Moacir Santos, no show Outra Coisa: a música de Moacir Santos. A clarinetista israelense e o violonista brasileiro reforçam o legado musical do compositor com toques pessoais nesta rara mistura.
MASTER CLASSES E OFICINAS
As
atividades acontecerão no Conservatório da UFMG (Av. Afonso Pena, 1534 –
Centro).
O interessado deverá preencher e enviar o formulário
na página inscrições, contendo curriculum (até 150 palavras) e link para
gravação em vídeoda peça a ser executada.Opcionalmente, podem
ser enviados vídeos de duas peças. Neste caso, a seleção da peça que será
apresentada ficará a critério da coordenação do Festival.
O resultado oficial da seleção de alunos
executantes será divulgado no dia 3 de novembro, no site do Festival.
Programação
das atividades didáticas:
Sexta-feira,
10 de novembro:
09h
às 12h: Fernando Araújo e Celso Faria
14h
às 17h: André Geraissati
Sábado,
11 de novembro:
09h
às 12h: Goran Krivokapić
14h
às 17h: Marcello Gonçalves
Oficina com Marcello
Gonçalves e Anat Cohen:
“Violão
de 7 cordas e a arte de tocar em duo”A oficina irá trabalhar fundamentos das
escolas do violão de 7 cordas de aço e de nylon, focando em características que
possam ser adaptadadas e incorporadas a outras escolas violonísticas. Juntos,
Marcello e Anat falarão sobre a arte de tocar em duo, mostrando exemplos do
trabalho sobre a obra de Moacir Santos.
VISITE:
IX FESTIVAL INTERNACIONAL DE VIOLÃO – FIVBH
shows – oficinas – masterclasses
10 e 11 de novembro de 2017 – Belo Horizonte/MG
CONCERTOS:
Teatro Bradesco – Rua da Bahia, 2244 – Lourdes - 31 3516-1360
(acesso completo para portadores de mobilidade reduzida, com elevador)
Sexta-feira, 10 de novembro, às 21h:
Goran Krivokapić (Montenegro)
André Geraissati (São Paulo/Brasil)
Sábado, 11 de novembro, às 21h:
Celso Faria e Fernando Araújo (Belo Horizonte/ Brasil)
Anat Cohen e Marcello Gonçalves (Israel/Rio de Janeiro/Brasil)
Classificação etária: livre.
Ingressos, R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), já à venda na bilheteria do teatro e
Funcionamento da bilheteria:
segunda a sábado, das 12h às 21h e domingo, de 12h às 19h
ATIVIDADES DIDÁTICAS:
Conservatório da UFMG – Av. Afonso Pena, 1534 – Centro
Sexta-feira, 10 de novembro:
9h às 12h: Fernando Araújo
14h às 17h: André Geraissati
Sábado, 11 de novembro:
9h às 12h: Goran Krivokapić
14h às 17h: Marcello Gonçalves
Oficinas e palestras também têm entrada franca e não requerem inscrição prévia.
Informações adicionais:
Idealização e coordenação geral:
Aliéksey Vianna, Fernando Araújo e Juarez Moreira
O FIV tem patrocínio do Instituto Unimed-BH, por meio da
Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte - Fundação Municipal de Cultura
Goran Krivokapic
Goran Krivokapić
Definir novos padrões com virtuosidade técnica e suas características interpretações de repertório antigo e novo fazem de Goran Krivokapić um dos principais violonistas do novo cenário internacional de violonistas.
Ele venceu seu primeiro concurso internacional aos quatorze anos de idade, e seguiu vencendo mais dezoito, incluindo dois dos mais importantes concursos de violão do mundo - “Guitar Foundation of America” (GFA) em Montreal, Canadá, e “Dr. Luis Sigall International Competition of Musical Performance” em Vina del Mar, Chile, ambos em 2004.
Dois prêmios “Golden Guitar” se seguiram na “International Guitar Convention in Alexandria”, na Italia- 2005 como melhor jovem violonista do ano e em 2006 pelo seu CD de estreia. Desde então ele tem tocado em toda a Europa, Américas do Norte e do Sul, Ásia, África e Rússia, aparecendo em casas de show prestigiadas como o Concertgebouw em Amsterdam, a Sala Tchaikovsky em Moscou, o Palácio Lubkowitz em Viena e Auditório Conde Duque em Madrid.
Como perfomer, palestrante e jurado, Goran Krivokapić é convidado frequente em muitos festivais como Fetspiele Meklenburg- Volpommern, Festival Internacional de Música y Danza de Granada, Kotor Art, Koblenz International Guitar Festival, GFA International Guitar Convention, A Tempo Festival, Guitar Art Festival, Shenyang Guitar Festival e Daejon Guitar Festival.
Como solista ele se apresentou com a Orquestra de Câmara Eslava de Bohdan Warchal, Orquestra Sinfônica de Moscow “Russian Filharmony”, Nova Orquestra Sinfônica Russa, Orquestra Filarmônica de Turim, Orquestra Filarmônica de Belgrado, Orquestra Sinfônica Montenegrina, Orquestra da Rádio Nacional da România, Orquestra de Câmara de Folkwang, Orquestra Sinfônica do Chile, Orquestra Primavera, Orquestra Sinfônica Estadual de Istambul, Orquestra de Cordas de St. George, Camerata de Berlin, Orquestra Filarmônica Bremerhaven e Orquestra Sinfônica Shenyang.
Goran Krivokapić deu máster classes,e palestras sobre Bach e oficinas em universidades tais como Grieg Academy (Noruega), Universidade Estadual de Nova York, Universidade de Toronto, Hochschulle für Musik Detmold, Universidade do Estado da Florida, Consevatorium Maastricht, Universidade da Cidade do Cabo, Universidade do Texas em Dalas, Victoria Conservatory of Music, Universidade Chapman, Royal Conservatory of Music em Montreal, Universidade Nacional de Seoul, Universidade de Manitoba, Universidade do Texas em Brownsville, Conservatório Estadual M. I. Glinka Nizhny Novogorod, Universidade do Winconsin, Universidade Marymont Loyolla em Los Angeles, Universidade Estadual do Arkansas, Universidade de Veracruz e Conservatório Tianjin.
Ele tem atuado regularmente no projeto “Rhapsody in School” (Rapsódia na Escola), uma iniciativa de Lars Vogt devotada a levar música clássica para a sala de aula.
Transmissões regulares e entrevistas para televisão e rádio incluem a WDR, BBC, Hessicher Rundfunk, Bayerischer Rundfunk, Radio Bremen, Arte, Fox 7, WBGH Boston, Fine Musc Radio, Classic FM, ABC Classic FM e RTCG.
Suas gravações e performances foram altamente elogiadas na Classical Guitar Magazine(Reino Unido), Soundboard Magazine(USA), Akustik Gitarre, Neve Musikzeitung(Alemanha), Gendai Guitar Magazine(Japão), Musica, Seicorde, Il Fronimo e La Stampa(Itália), Les Cahiers de la Guitare(França), Beeld e Die Burger(Africa do Sul), Vijesti e Mobilart(Montenegro).
O foco musical de Goran Krivokapić está no desenvolvimento de novos trabalhos para o violão clássico, principalmente por meio de suas próprias transcrições de obras clássicas e barrocas, e na colaboração com compositores contemporâneos tais como Gerard Drozd e o vencedor da Queen Elizabeth Music Competition, Hendrik Hofmeyr. Drozd e Hofmeyr dedicaram a ele várias de suas composições solo e de câmara.
Como músico de câmara ele faz parte do Montenegrin Guitar Duo, junto com Danijel Cerović. Suas apresentações foram aclamadíssimas pela audiência e pela crítica, que elogia suas apresentações historicamente informadas das Suítes Inglesas de J. S. Bach, em ema nova abordagem em dois violões.
Nascido em 1979, Goran Krivokapić começou sua formação musical aos oito anos de idade com Mico Poznanovic na Escola de Música de Herceg Novi em Montenegro e continuou seus estudos na Faculdade de Arte Musical em Belgrado, na classe de Srjdan Tošić, graduando-se em 2000. Ele continuou seus estudos com Hubert Käppel e Roberto Aussel na “Hochschule für Musik Köln” na Alemanha, onde ele se formou e recebeu o diploma “Konzertexamen”. Em seguida cursou o Mestrado no Conservatorium Maastrcht, na Holanda, sob a orientação de Carlo Marchione. Atualmente trabalha em seu Doutorado sob a orientação de Raphaella Smits e Carl Van Eyndhoven na Luca School of Arts em Leuven, Bélgica, onde ele foi recentemente nomeado professor convidado. Goran mora em Colônia com sua esposa e filho.
André Geraissati
André Geraissati
Envolvido com a música desde os anos 60, André Geraissati surgiu para o grande público no final da década de 70, com o grupo D’Alma, tocando nos principais festivais internacionais de jazz. Ao lado de Egberto Gismonti, realizou turnês pelo país, “Fantasia” e “Cidade Coração”. Em 1988, participou da Hot Night do Festival de Jazz de Montreaux e em 1990 gravou o CD Brazilian Image, ao lado do flautista Paul Horn, que concorreu ao Grammy na categoria Jazz. De 1992 a 1998, André reuniu para uma série de concertos e gravações artistas envolvidos com a música instrumental brasileira, no projeto Tom Brasil/Banco do Brasil Musical. Foram realizados centenas de concertos e apresentações. Além de instrumentista, Geraissati também atua como produtor e diretor musical.
Fernando Araújo
Fernando Araújo
Natural de Belo Horizonte/MG, Fernando Araújo é Bacharel e Doutor em Música pela Escola de Música da UFMG e Mestre em Música pela Manhattan School of Music de Nova York.
Fernando Araújo obteve, entre outros, o Prêmio Turíbio Santos no II Concurso Internacional Villa-Lobos e o 1o. Lugar e Prêmio de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no II Concurso Nacional Villa-Lobos. Foi vencedor, com o soprano Mônica Pedrosa, do XX Artists International Auditions em Nova York, tendo o duo se apresentado no prestigioso Carnegie Recital Hall.
O violonista apresentou-se em diversas cidades dos EUA, Europa e Brasil. Atuou como solista com várias orquestras, dentre elas a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Tem sido convidado a participar como jurado em diversos concursos, dentre eles o Concurso Julián Arcas, na Espanha.
Lançado pelo selo Karmim, o CD ‘Universal’, no qual Fernando Araújo interpreta obras de Villa-Lobos, Piazzolla e Garoto, foi muito bem recebido pela crítica especializada. Recentemente, lançou, com a cantora Mônica Pedrosa, o CD ‘Canções da Terra, Canções do Mar’, no qual o duo interpreta seus arranjos de canções de compositores eruditos brasileiros. O violonista é um dos músicos destacados no documentário “Violões de Minas”, escrito e dirigido por Geraldo Vianna.
Fernando Araújo é Professor da Escola de Música da UFMG.
Buscando fomentar e divulgar o violão em sua riqueza de possibilidades, vem se dedicando também à criação e coordenação de eventos, tendo dirigido as duas edições do Concurso de Violão José Lucena Vaz, realizados em Belo Horizonte. Atualmente coordena, juntamente com os violonistas Juarez Moreira e Aliéksey Vianna, o Festival Internacional de Violão de Belo Horizonte, evento que, já na sua oitava edição, é reconhecido como o maior e mais importante do gênero no Brasil.
Celso Faria
Celso Faria
Nascido em Passos (MG) no ano de 1979, Celso Faria iniciou seus estudos musicais de maneira autodidata aos dez anos de idade. Em 1994 ingressou no Curso de Formação Musical, da Escola de Música da UFMG, estudando na classe do professor José Lucena Vaz. Obteve o título de bacharel em violão na mesma instituição sob a orientação do professor Fernando Araújo. É especialista em Música Brasileira - Práticas Interpretativas - pela Universidade do Estado de Minas Gerais e Mestre em Performance Musical pela Universidade Federal de Minas Gerais. Celso também foi aluno de violão de Beto Davezac na Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte) e de música de câmara de Norton Morozowicz na UERJ (Rio de Janeiro).
Celso Faria obteve várias premiações, dentre elas: menção honrosa no “VII Concurso Nacional de Violão Souza Lima” (São Paulo, 1996), vencedor do “IX e XIV Concurso Jovens Solistas” da Escola de Música da UFMG (Belo Horizonte, 1998 e 2004), vencedor do “III e IV Concurso Jovem Músico BDMG” (Belo Horizonte, 2002 e 2003), vencedor do “Concurso Bianca Bianchi” (Curitiba, 2003), vencedor do concurso “Música da Universidade para a Comunidade” (Belo Horizonte, 2003), vencedor do “I Concurso Furnas Geração Musical” (Belo Horizonte, 2004) e semifinalista do “II Concurso de Violão Fred Schneiter” (Rio de Janeiro, 2005).
Com um repertório que se estende desde o período renascentista até o século XXI, Celso Faria tem se apresentado nas mais importantes cidades brasileiras, seja como recitalista de violão solo, integrante em formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. Celso gravou diversos programas de rádio e televisão e foi responsável também por várias primeiras audições. Na sua produção fonográfica/audiovisual, destacamos: Romencero Gitano, com o “Coro Madrigale” (selo independente); “100 anos de Arthur Bosmans” (selo “Minas de Som”); e o dvd que acompanha o livro “Caminhos, encruzilhadas e mistérios” de Turíbio Santos (selo “Artviva”).
Framcisco Mignone - acervo pessoal
Os Manuscritos de Buenos Aires
As obras do compositor, pianista, regente, professor e flautista Francisco Mignone (São Paulo SP 1897 - Rio de Janeiro RJ 1986), um dos maiores compositores brasileiros do século XX, chegam a público, graças a defesa da tese de doutorado do violonista Fernando Araujo, em trabalho e apresentação notáveis.
“Mignone foi talvez o músico mais completo que possuímos. Compositor de primeira plana, excelente professor, experimentado regente, virtuoso do piano, acompanhador insuperável, hábil orquestrador, notável intérprete da música de câmara, poeta aceitável, escritor cheio de verve, intelectual de ampla cultura geral, tornou-se uma das figuras mais importantes da história da música brasileira. E possuía esse tesouro inestimável que tão poucos compositores patrícios chegaram a adquirir - métier, um dos segredos de seu sucesso (Vasco Mariz, historiador)
Os referidos manuscritos contêm obras para duo de violõesescritas em agosto de 1970 e dedicadas ao casal de violonistas argentinos Graciela Pomponio e Jorge Martínez Zárate, que formavam o Duo Pomponio-Zárate. Estas peças permaneciam, com exceção de uma (Lundu), inteiramente desconhecidas e ignoradas pela comunidade musical e acadêmica no Brasil, estando ausentes de todos os catálogos e literatura dedicados à obra de Mignone.
Trata-se, portanto, de pauta valiosa para o apreço de jornalistas atentos ao segmento artístico e musical, professores, músicos, entre tantos que possam perceber a importância significativa de um trabalho que merece ser publicado e, ainda registrado fonograficamente, por Fernando Araújo. Afinal, ainda são raras as oportunidades de fácil acesso a conteúdos de teses úteis e atemporais.
“A descoberta de uma coleção como essa é como a descoberta de um novo “jardim de veredas que se bifurcam”. A riqueza da arte se abre à coexistência de inúmeras visões, versões e interpretações, no que posso vislumbrar como a materialização do sonho delirante de Ts’uiPên, o fictício sábio de Borges: a coexistência de “tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou secularmente se ignoram” através das inúmeras possiblidades oferecidas pela obra de arte em interação com a criatividade do performer. Espero que a divulgação desses manuscritos estimule o aparecimento de outros exploradores.” (Fernando Araújo)
A PESQUISA
“Dejo a los varios porvenires (no a todos) mi jardín de senderos que se bifurcan.”
(Jorge Luis Borges, Ficciones)
Através de vasta e consistente pesquisa, cuja defesa denotou sensibilidade em conteúdo e escrita acerca dos documentos recém descobertos, Fernando Araújo, que abriu seu trabalho em uma feliz e sutil analogia metafórica com frase de Jorge Luis Borges, abordou o tema segundo três linhas principais de investigação: aspectos musicológicos, interpretação e edição. Soma de conhecimento técnico, experiência no âmbito acadêmico e, uma linguagem consciente para compreensão e apropriação da informação em outras vertentes. Olhar atento e consideração histórica respeitável, porém, igualmente, viável à inspiração, por exemplo, relacionada ao exercício das atividades de edição musical, eventualmente, consideradas através dos tempos.
Na banca examinadora do exame de doutorado, unânime em reconhecimentos a Fernando Araújo: o Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira – UFMG (orientador e que, em uma visita ao Instituto Nacional de Musicología “Carlos Vega”, em Buenos Aires, descobriu os manuscritos de Mignone, objetos da tese de Fernando Araújo), a Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla– UBA (Universidad de Buenos Aires – Argentina) – participação em língua pátria, via Skype, o Prof. Dr. Daniel Wolff – UFRGS, o Prof. Dr. Guilherme Caldeira Loss Vincens – UFSJ e o Prof. Dr. Oiliam José Lanna – UFMG.
“Essa tese vem para preencher uma lacuna em um tema que, a meu ver, tinha uma necessidade latente - os manuscritos de Buenos Aires. (...) O alcance e a consistência de conteúdo estão perfeitamente definidos e as conclusões constituem contribuições e aplicaçõesbastante fortes e concretas.” (Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla – UBA – Universidad de Buenos Aires – Argentina)
Outra Coisa - A música de Moacir Santos
Anat Cohen e Marcello Gonçalves trazem no disco Outra Coisa uma nova perspectiva para a música de Moacir Santos, um dos mais inovadores e influentes compositores brasileiros, no ano em que se comemoram seus 90 anos.
Os timbres do clarinete e do violão de 7 cordas se unem para dar leveza, elegância, alegria, prazer e liberdade à sua música.
Um encontro entre um violonista brasileiro e uma musicista de Jazz, tocando uma música que já nasce cosmopolita, como se a negritude da música de Moacir amalgamasse diferentes culturas.
O resultado soa curiosamente familiar tanto para brasileiros quanto para americanos, como talvez só haja paralelo em Getz/Gilberto.
No caso de Anat isto fica ainda mais intenso porque seu próprio estilo já é forjado a partir desta soma de influências. Desde a música clássica até o Jazz, passando pela música brasileira, colombiana, venezuelana, cubana.
O estilo orquestral do violão de 7 cordas de Marcello Gonçalves possibilita que as ideias contrapontísticas de Moacir sejam incorporadas na própria condução rítmica, além de um diálogo constante com a melodia, em um efeito camerístico raro.
Como se a música tivesse sido composta desta maneira. Como se clarinete e violão fossem o esqueleto a partir do qual Moacir construísse suas versões orquestrais.
Ouvida desta forma, a obra de Moacir Santos ganha outro sabor.
Outra Coisa é um disco fiel a Moacir, na sua precisão de escrita e também na liberdade que sua música sugere.
Clarinete e violão são instrumentos importantes na história de Moacir.
Se o clarinete foi seu primeiro instrumento, foi o violão de Baden Powell que gravou pela primeira vez sua obra.
Baden Powell estudou com Moacir Santos. A série dos Afro-Sambas surgiram a partir dos exercícios de composição das aulas com Moacir.
É como se houvesse uma ligação de Moacir com o violão ainda não explorada, que até então estava no imaginário apenas pelas gravações de Baden Powell e pelos Afro-Sambas.
Indicado ao Premio da Música Brasileira como melhor disco instrumental, Outra Coisa coloca Moacir Santos na tradição da música escrita para violão no Brasil.
“Com uma certa experiência em trabalhos musicais que envolvem uma dose de arqueologia, tenho quase certeza de que Anat Cohen e Marcello Gonçalves tiveram um encontro transcendental com Moacir Santos. Digo isso pela alegria que vi nos olhos dos dois, já vi nos de Moacir e dá para sentir os três se transformando em música.
Anat e Marcello são artistas experientes, com assinaturas bem definidas. Podem ser considerados virtuoses (amorosos) de seus instrumentos pelo talento, conhecimento, qualidade de som e pelo carinho com que cuidam de cada nota e fraseado musical.
Moacir é um caso raro, de menino nascido pobre no sertão de Pernambuco e que foi guiado pela música, transpondo todo o tipo de barreiras da vida até se tornar um músico universal, que ainda precisa ser reconhecido no Brasil e no mundo.
Ainda menino chamou a atenção de mestres e músicos de bandas das pequenas cidades do interior pelo seu virtuosismo no clarinete. Suas melodias soam como se tivessem sido compostas para o instrumento. Anat parece seguir à risca e com uma brasilidade universal o mapa do tesouro deixado por ele.
Marcello, com seu violão de sete cordas, faz o papel de orquestra, tocando arranjos complexos como se fossem a coisa mais fácil do mundo. Lembra outro menino, virtuose do violão, que era chamado carinhosamente pelo maestro Radamés Gnattali de “o menino do chinelo”, por ter começado muito novo na Rádio Nacional: Baden Powell. Baden, como ele mesmo dizia, tinha aulas de “música superior” com Moacir no início dos anos 60 e, não por acaso, foi o primeiro artista a gravar as músicas do professor (Coisa nº1 e Coisa nº2).
Marcello e Anat soam como amalgamation, palavra que Moacir adorava e batizou uma de suas incríveis composições.
Tive a sorte de poder ouvir diversas vezes e vou continuar ouvindo sempre esse encontro, que considero uma felicidade, alegria rara!”
(Mario Adnet, junho de 2016)
“A relação entre Moacir Santos e o violão está presente em meu imaginário desde que ouvi as gravações de Baden Powell de duas músicas de Moacir no disco “Baden Powell swings with Jimmy Pratt.”
Sempre amei os ricos sons orquestrais das composições de Moacir, mas não conseguia imaginar como transcrever para meu violão a grande variedade de sons que ouvia. No último ano, lendo as partituras de Moacir Santos diretamente de seu songbook, tive a surpresa de ver como elas se encaixavam perfeitamente no violão de 7 cordas, no tom original, como se tivessem sido compostas para o instrumento.
Fiquei um ano trabalhando nesse repertório e, quando Anat esteve no Brasil, propus nos encontrarmos para lhe mostrar os arranjos que estava trabalhando. Clarinete foi o primeiro instrumento de Moacir. Se suas composições soavam tão bem no violão, só poderia imaginar o quão especiais elas soariam tocadas por Anat no clarinete. Anat propôs que marcássemos diretamente em um estúdio de gravação, e assim fizemos. Quando começamos a tocar, Anat, que me conhece há anos, disse: “Eu nunca te vi tão feliz!” Eu respondi: “Sim, eu nunca estive!” Essa gravação documenta dois dias felizes no estúdio.
Espero que vocês gostem de ouvir essa música tanto quanto nós gostamos de tocá-la.”
(Marcello Gonçalves, Julho de 2016)
Anat Cohen e Marcello Gonçalves
Anat Cohen
A clarinetista e saxofonista Anat Cohen ganhou corações pelo mundo inteiro com sua virtuosa expressividade e deliciosa presença de palco. Foi eleita a Clarinetista do Ano por nove anos consecutivos pela Jazz Journalists Association, o mesmo acontecendo, desde 2011, tanto na eleição dos críticos quanto na dos leitores da revistaDownBeat.
Viajou pelo mundo como atração principal em festivais como o de Newport, Umbria Jazz, SF Jazz e o North Sea, além de ser presença frequente nas principais casas de Jazz e salas de concerto do mundo.
Em seus shows pode-se observar sua fluência entre o estilo crioulo de Nova Orleans, ritmos africanos, o samba e o choro do Brasil. Anat nasceu em Tel Aviv, Israel, e foi criada em uma família musical. Ao se mudar para Nova Iorque em 1999, após se formar na Berklee, passou uma década em turnê com a Diva Jazz Orchestra; também trabalhou em grupos brasileiros como o Choro Ensemble e o Duduka Da Fonseca’s Samba Jazz Quintet. Fundou seu próprio selo, o Anzic Records, em 2005 e deslanchou sua carreira discográfica como líder de banda, com Place & Time. Em 2007 lançou Noir (com uma orquestra de jazz) e Poetica (jazz de câmara e clarinete). Seus discos foram listados como os melhores do ano pelo New York Times e por revistas especializadas de Jazz.
Em Março de 2015, a Anzic Records lançou Luminosa, seu sétimo disco solo. Em Luminosa Anat toca suas melódicas e suingadas composições, interpreta compositores clássicos da música brasileira como Milton Nascimento, e mesmo re-imagina a eletrônica como acústica com o engenhoso arranjo para a música Flying Lotus.
“Anat does what all authentic musicians do: She tells stories from her own experiences that are so deeply felt that they are very likely to connect listeners to their own dreams, desires and longings.” — Nat Hentoff
The New York Times said: “Notes From The Village is a resounding confirmation – yes, she is the real deal.”
The Washington Post: “Cohen has emerged as one of the brightest, most original young instrumentalists in jazz. . . with a distinctive accent of her own.”
DownBeat magazine stated that “Cohen makes it seem easy, mixing a gift for melody with an improvisational fluidity that has few peers today.” “Cohen not only proved to be a woodwind revelation of dark tones and delicious lyricism, but also a dynamic bandleader who danced and shouted out encouragement to her group – whooping it up when pianist Jason Lindner followed her clarinet trills on a Latin-flavored number. . . With her dark, curly, shoulder-length hair swaying to the beat as she danced, she was a picture of joy.”
Marcello Gonçalves
É um dos mais celebrados violonistas de 7 cordas do Brasil. Seu estilo une a espontaneidade e malícia da música popular com a sonoridade e o acabamento da música clássica.
Participa como violonista, arranjador e Diretor Musical dos seguintes trabalhos:
Trio Madeira Brasil, com o qual participou do Free Jazz Festival, gravou especial para a TV Francesa com Baden-Powell e realizou show com Egberto Gismonti no Sesc-Pompéia (SP), além de receber as indicações de “Melhor Disco” e “melhor grupo” no prêmio Sharp. Realizou turnês por todo o mundo, incluindo participações nos Festivais de Guitarra de Santo Tirso, Rock in Rio-Lisboa, Berlin Jazz-Fest e Patrimonio, na Córsega. O grupo lançou CDs em parceria com o cantor Zé Renato e com o grande compositor brasileiro de Samba Guilherme de Brito, trabalho este indicado para o prêmio TIM, na categoria “Melhor Disco de Samba”.
Grupo Rabo de Lagartixa, com o qual gravou os CDs Rabo de Lagartixa e Papagaio do Moleque, este último totalmente dedicado à obra de Heitor Villa-Lobos, indicado ao Prêmio da Música Brasileira, categoria “melhor grupo”.
Duo com o cavaquinista Henrique Cazes, com o qual gravou os CDs Pixinguinha de Bolso, totalmente dedicado à obra de Pixinguinha e Vamos Acabar com o Baile, sobre a obra de Garoto.
Cds/DVDs Batuque, Cartola e Canto em Qualquer Canto, do cantor Ney Matogrosso.
Direção Musical do Longa-Metragem Brasileirinho, documentário sobre Choro dirigido pelo finlandês Mika Kaurismaki, que teve sua estréia em Fevereiro de 2005 no Festival de Berlim e foi exibido em salas de cinema de mais de 20 países.
Produção, Direção Musical e Arranjos do CD/DVD Uma Noite Noel Rosa, com participações de Roberta Sá, Ney Matogrosso, Zé Renato e Rodrigo Maranhão.
Produção Musical e Direção Artística do CD YV, de Yamandú Costa e Valter Silva.
Diretor Musical do CD “Quando o Canto é Reza”, de Roberta Sá e Trio Madeira Brasil, sobre a obra de Roque Ferreira, vencedor do Premio da Música na categoria Melhor Disco de MPB.
Produção, Direção Musical e arranjos do CD Até Pensei que fosse minha, do cantor português António Zambujo, dedicado à obra de Chico Buarque.
REPERTÓRIO:
Amphibious (Moacir Santos)
Coisa nº 1 (Moacir Santos/Clovis Mello)
Outra Coisa (Moacir Santos)
Coisa nº 6 (Moacir Santos)
Coisa nº 10 (Moacir Santos)
Nanã (Coisa nº 5) (Moacir Santos/Mario Telles)
Coisa nº 9 (Moacir Santos/Regina Werneck)
Mãe Iracema (Moacir Santos)
Oduduá (Moacir Santos/Nei Lopes)
Maracatucutê (Moacir Santos)
Paraíso (Moacir Santos)
Carrossel (Moacir Santos)
Anat Cohen - clarinete
Marcello Gonçalves - violão de 7 cordas
Produzido por Anat Cohen e Marcello Gonçalves
Anzic Records