O
fotógrafo Marcílio Gazzinelli lança
o livro “Alma Mineral – Coleções Mineiras”
(Rona Editora). Com imagens feitas por
Gazzinelli, a publicação documenta e revela a beleza e a preciosidade da
natureza mineral, guardada por importantes colecionadores particulares e
museus. Uma rara oportunidade para o público geral realizar um passeio por esse
universo, com 272 páginas e 250 minerais
fotografados, em cuidadosa curadoria
de Paulo Amorim.
Com
tratamento de imagens, projeto gráfico e editoração de Paulo Fatal e revisão de Sávio
Grossi, “Alma Mineral” tem apresentação
bilíngue – com traduções feitas por Laura
Lobato Baars e Sérgio Birchal. O prefácio é de Paulo Amorim e os textos de abertura são assinados por Marcílio Gazzinelli e Cláudio de Moura
Castro.
Além
disso, a edição conta com textos literários de escritores convidados, que
conferem ao conteúdo editorial um tom poético sobre o tema ‘Alma Mineral”.
Ineditismo: A obra apresenta de forma
pioneira um novo modo de se contemplar um mineral em edição impressa:
junto a algumas amostras está posicionado um código QR, que, quando acionado
através de um aparelho celular, possibilita ao leitor observar o mineral
em um giro de 360° sobre o seu eixo. Assim, é possível admirar o mineral
em toda a sua plenitude, como se o tivéssemos bem diante de nós.
O lançamento oficial,
apenas para convidados, acontece no dia 15 de junho, no MMGERDAU - Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, 680 - Belo
Horizonte – MG). A publicação “Alma Mineral” poderá ser adquirida nas lojas do CCBB-BH e MMGerdau e
Livraria Quixote, na capital mineira.
O livro realizado com os benefícios da Lei
Rouanet de Incentivo à Cultura e tem o patrocínio da GEOSOL e da
MAGOTTEAUX. O lançamento conta com o apoio da Fundação Victor Dequech,
Krug Bier, Confeitaria Avellan, Engeloc e Equipe do MMGerdau.
ALMA MINERAL – COLEÇÕES MINEIRAS
Prefácio
Paulo Amorim
O projeto
para a concepção do livro Alma Mineral começou a ser delineado por
seus autores em 2018, depois de uma reflexão sobre as coleções de minerais
existentes em Minas Gerais, mais especificamente em Belo Horizonte. Foi
quando se percebeu a grandiosidade e riqueza existentes em cada uma dessas
coleções; e como seria relevante que outras pessoas também pudessem
conhecer esses tesouros, mantidos e preservados, cuidadosamente, por seus
guardiões, “os colecionadores de minerais”. O principal objetivo desta
obra é divulgar para todos os amantes da mineralogia a beleza e
as preciosidades contidas nas principais coleções de minerais do estado,
para que todos possam conhecer essas verdadeiras joias da natureza, guardadas
por colecionadores particulares e museus. Minas Gerais, devido à sua geologia e
à riqueza do seu subsolo, é um estado fértil em minerais colecionáveis,
encontrados em enorme variedade e diversidade de origens – ígnea, metamórfica e
sedimentar – oferecendo um vasto campo para pesquisa e coleta de amostras.
Atualmente, nota-se um aumento crescente do número de colecionadores e
pessoas interessadas em buscar conhecimento na área da mineralogia.
A primeira
grande missão ao se preparar o livro Alma Mineral foi a seleção das coleções
que fariam parte deste conteúdo editorial, levando-se em conta a existência de
vários colecionadores em Minas Gerais. Vencida esta etapa, seguiu-se a
escolha das melhores peças de cada uma das coleções para que fossem
fotografadas, trabalho realizado em comum acordo entre os colecionadores e
a curadoria do livro.
Como não
foi possível incluir todas as coleções de minerais e todas as boas amostras
dos colecionadores selecionados nesta obra, uma segunda edição do livro já
está programada, onde colecionadores importantes, que não puderam ser
incluídos nesta edição, terão a oportunidade de expor seus minerais.
Esta obra
apresenta de forma pioneira um novo modo de se contemplar um mineral em edição impressa:
junto a algumas amostras está posicionado um código QR, que quando acionado
através de um aparelho celular, possibilita ao leitor observar alguns
deles girando 360° sobre o seu eixo. O mineral, então, pode ser visto por
todos os seus ângulos, inclusive por cima. Assim, é possível admirar o
mineral em toda a sua plenitude, como se o tivéssemos bem diante de nós.
O FOTÓGRAFO E A PRODUÇÃO
Como lapidar uma alma mineral
Marcílio Gazzinelli
Ao projetar
a edição deste livro, Alma Mineral, senti-me desafiado a conciliar
duas tendências que marcaram de maneira decisiva meu percurso pessoal e
profissional. O interesse pela geologia e a paixão pela fotografia.
Aos 14
anos, recebi de presente de minha mãe uma Kodak Rio 400. Lente plástica, sem
recursos técnicos, mas significou uma semente para toda a minha produção
técnica e artística desde a década de 1970 até os dias de hoje. Começou a
germinar nos cursos oferecidos pelo SENAC, onde fui definitivamente
contaminado pela sabedoria de mestres-fotógrafos, como José Eduardo
Ferolla, Maurício Andrés, Fernando Ziviani e Bernardo Magalhães (o “Nem de
Tal”), que me ensinaram a ler e produzir fotografia. Pulei de uma Yashica
emprestada para a minha primeira Nikon F2.
Comecei
registrando eventos do cenário cultural de Belo Horizonte – shows musicais,
espetáculos de dança e montagens teatrais – mas logo caí na estrada,
abraçando a fotografia documental. Em julho de 1978 (com André Bila) e
julho de 1979 (com Renato Caporali), descemos de canoa o Rio São
Francisco, remando, conversando com a população ribeirinha e fotografando
a paisagem do sertão. Passagem marcante deste roteiro foi a romaria de Bom
Jesus da Lapa, que influenciou fortemente a minha forma de ver e sentir as
manifestações de fé e religiosidade popular. Em dezembro de 79 subi para
conhecer o grande Rio Amazonas, viajando pela Amazônia brasileira, peruana
e colombiana. Após cinco meses, fui parar na cidade do México, e aí
estiquei até San Francisco, onde conheci José Wellington Araújo, então
concluindo o doutorado em cinema, que me convidou para ser o câmera em um
documentário no Brasil.
De volta
à Belo Horizonte, tentei retomar o curso de Geologia na UFMG, mas alguns contratos
de fotografia aérea e documentação de grandes obras de engenharia pesada
me proporcionaram a chance de conhecer todo o Brasil e boa parte da
América do Sul, além de retornar à América Central e percorrer parte da
África. Nestes muitos anos de “trecho”, os deslocamentos aéreos
(normalmente feitos com a porta do helicóptero aberta, olhar atento e boa
vontade dos comandantes) me deram de presente o registro de um grande
acervo de campos de futebol de várzea pelo país afora, resultando em importante
exposição que circulou por sete cidades brasileiras.
Nestas
últimas quatro décadas, tive a felicidade de dividir estúdios com outros três
grandes fotógrafos mineiros – Antônio Maria, Tibério França e Miguel Aun.
Este foi um convívio extremamente valioso não apenas pela troca de
conhecimentos sobre técnicas fotográficas, mas também pelo caráter e ética
desses bons companheiros, com quem tive a honra de compartilhar minhas
experiências. Já com vários equipamentos adquiridos, aprendi a dominar a
luz artificial, fundamental para iluminar amostras de minerais.
Vários
fatores contribuíram para que meu trabalho fotográfico mais recente tomasse o
rumo das pedras: ser natural de Teófilo Otoni, grande polo de produção e
comércio de gemas em Minas Gerais; minha passagem pelo curso de Geologia;
ser casado com uma geóloga; e, finalmente, ter conquistado inúmeros amigos
e clientes do meio geológico. Impossível citar todos eles, mas registro aqui
os nomes de Eurípedes Palazzo, Naldo Torres e João Henrique Grossi (in
memoriam), com quem comecei a desenvolver o projeto dos Calendários Geosol.
A primeira edição, no ano 2000, retratou o conjunto arquitetônico e
museológico da Escola de Minas de Ouro Preto. Além de apoiar a edição do
presente livro, a atual diretoria da Geosol continua apostando no sucesso
do projeto Calendários.
A
fotografia de minerais passou a ter para mim uma importância muito especial
principalmente depois que conheci o geólogo Paulo Amorim, detentor de
enorme cabedal mineralógico e de uma coleção reconhecida
internacionalmente tanto em qualidade como em número de peças. Em pouco tempo
de contato, nos tornamos bons amigos. Juntos, já fizemos três edições do
Guia de Mineralogia do Museu Victor Dequech e produzimos fotos para
publicações no Brasil e no exterior. A curadoria de Paulo Amorim é sempre
muito assertiva, sustentada por seu amplo conhecimento da matéria. Foi a
partir destes anos de parceria, em que fotografamos sua própria coleção,
os acervos dos museus Victor Dequech, UFOP e MMGerdau, além de outros
colecionadores, é que começamos a idealizar este livro, aprovado pela Lei
Rouanet.
No
interior do Alma Mineral, algumas páginas apresentam uma interessante inovação
editorial: ao clicar com o celular sobre o QR CODE presente em algumas das
páginas, o leitor poderá visualizar o mineral em um giro 3D virtual, com
direito a aproximações em zoom – revelando assim todos os ângulos e
facetas das amostras escolhidas. Eu e meus amigos, Leonardo Alvin e Márcio
Zaidan, desenvolvemos, dentro das oficinas da Skymídia, um equipamento
capaz de posicionar a câmera fotográfica em qualquer eixo,
massempre
mantendo a distância correta em relação ao ponto central do mineral, enquanto
giramos em 360o a plataforma onde ele está apoiado.
Se
fotografias fornecem testemunhos, a grande utilidade deste banco de imagens das
coleções fotografadas é comprovar que aquilo que os museus e
colecionadores preservam nos seus acervos minerais nos contam histórias
remotas, geralmente de milhões de anos. Por meio das fotografias
deste livro, cada coleção constrói uma crônica visual de si mesma. Na
fotografia de minerais, o fotógrafo não tem o direito de diminuir a beleza
das amostras que “pousam” na sua frente. O exercício de melhor ver e
melhor iluminar, utilizando a melhor técnica, nos permite extrair de cada
amostra o máximo de visualidade possível, para que a imagem o valorize,
fazendo-o crescer aos olhos de todos, leigos e entendidos.
Belo
Horizonte, maio de 2023
Assessoria
em Comunicação Criativa: Márcia Francisco – 31 991659778