CINEMA
Para os amantes da sétima arte, imperdível é assistir à produção cinematográfica mineira "Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, baseada no livro de Frei Betto, em cartaz em várias salas de cinema, no circuito belo-horizontino. Em produção da Quimera Filmes, Batismo de Sangue tem como tema central a participação de frades dominicanos em luta clandestina contra a ditadura militar. Baseada em fatos reais, a justa montagem - rodada em BH, RJ e França - rasga duras verdades em seus frames, com a propriedade de descortinar o drama e a dor de um período ainda velado no tempo da História, em uma abordagem humanista. Texto e cena vão além de conceitos de religiosidade e denotam a espiritualidade urgente no coração de seres que, visceralmente e com lucidez, clamam por justiça. Ratton transmite em seu filme, a mais sutil película que nos aproxima da consciência, da possibilidade de reflexão: o fio que toca a emoção. A fotografia nos surpreende, com inusitadas tomadas das locações escolhidas, em que percebemos regiões de Minas e sua capital (para quem é da terra) perfeitamente ambientadas. A trilha sonora, assinada por Marco Antônio Guimarães é assinatura personalizada e à medida exata. O elenco, primorosamente encabeçado por Caio Blat, traz em seu vértice um emergir de brilhantes talentos da cena mineira, que se revezam, em constantes atuações competentes. Menção necessária para a ótima estréia de Odilon Esteves e Léo Quintão, além da performance sempre digna de Jorge Emil, e as participações presentes de Renato Parara, Daniel de Oliveira, Ângelo Antônio. Se destacarmos todo o elenco há ainda um sem número de aparições bem-colocadas ou fortes presenças mesmo que, algumas, breves: Maurício Tizumba, Chico Pelúcio, Glicério Rosário, Eduardo Moreira, J. D'Ângelo, Rita Clemente... enfim! Mas, um intérprete nos salta aos olhos em louvável atuação: Marku Ribas. Sim, Ribas - que é eloquente bandeira do melhor da nossa música, da representação ativa e da pesquisa da nossa cultura artística e popular - é incansável fonte de surpresas em suas ações. Sua atuação chama a atenção para a multiplicidade das artes. Marku é artista completo. Essa não foi sua estréia no cinema, mas, renova a coroa desse empreendedor. EM TEMPO: registro ainda sua brilhante participação no DVD "Alabê de Jerusalém", de Altay Veloso. Marku sempre escancara capacidade de ser instrumento e voz de verdades várias. Recebe, faz. PS.: Que Helvécio Ratton, mestre no que faz, me desculpe pela emocionada e talvez pouco técnica abordagem nessa redação, mas, é expressão da minha reverência aprendiz, no que tange a arte em seu exercício mais sincero. Fazer cinema com essa verdade, ainda em tempo de precários incentivos às produções é "pegar o boi pelo chifre", há que se louvar. (Márcia Francisco)
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