6 de dez. de 2023

Os dois dias de Paul McCartney na Arena MRV



 fotos: Márcia Francisco ©
Confira todas as fotos em @marciafranciscooficial 

Sim, passaram-se três dias para conseguir escrever e postar imagens e texto sobre a experiência vivida nos dois primeiros dias dessa semana. Mas, cá estamos! 

Um show do meu ídolo maior é PAULco!  Assistir Got Back, dois dias seguidos, faz gravar as impressões dessa presença iluminada no DNA dos maiores afetos.

Em BH, a Arena MRV recebeu esse eterno Beatle, que construiu sua história musical com personalidade única, tão própria e digna, em mais de oito décadas. O carisma irrevogável desse grandioso artista, encanta gerações e gerações e cativa outras tantas. 

O show? No dia 3 foram 42 mil pessoas na plateia, no dia 4, 40 mil. Em cerca de três horas de show, Paul cantou quase quatro dezenas de músicas.

Paul é uma divindade.

Um ser de esferas superiores nos ensinando a ser humanos. Brisa que toca  sem distinção.  

Uma vitalidade ímpar! No primeiro dia não bebeu sequer uma gota d'água no palco! Tocou vários instrumentos: seu baixo, guitarra, violão, piano, ukulelê... 

Falou um "cadim" de Português, com a gentileza de sempre. Falou "uai", trem bão", traduziu importâncias como a música em homenagem ao amigo George... 

Ao lado de um time de talentos, onde o guitarrista Rusty Anderson esbanjou sua simpatia e competência em solos ritualisticos, tocando mais perto da beira do palco, várias vezes; o naipe dos metais começou o show numa performance linda, iluminados na arquibancada à esquerda do palco, depois seguiram ao lado da banda, com coreografias entre os três instrumentistas, fazendo querer dançar junto...  Como não amar a dança do baterista Abe Laboriel Jr que tocou nos shows da Arena, com somente uma das mãos, já que o punho esquerdo estava lesionado? Acha pouco? Em "Dance Tonight" esbanjou todo seu carisma, na tradicional dancinha. Inigualável. 

Tive a alegria de assistir a  cinco shows de Paul McCartney nessas vindas dele ao Brasil.  Também tive  chance de vê-lo pessoalmente,  recebendo bênção e reverência num encontro inusitado, em 2011, nas terras cariocas. Esses dois últimos shows, entretanto, trouxeram um sopro diverso dos demais.

É como ter recebido o carimbo da dádiva, ao revê-lo tão intenso na sua força de vida inteira.

Também foi a primeira vez que fiquei há menos de dois metros da plateia. Dali, dava para sorver cada expressão, cada brilho no olhar, gestos, nos clássicos dos Wings, dos Beatles ou de sua carreira solo.  

Foi embaixo da nuvem de fogos de "Live and let die", que minha comunhão se deu como nunca. O cheiro da pólvora, as mãos de Macca cobrindo os ouvidos no estouro final, luzes, sons, cores, profusão de presença e estado de atenção. 

Minha "Here today", que não por acaso tatua meu braço, trouxe na interpretação, luz e cenário da homenagem ao John, um flash da compreensão de um universo que une os seres de lá e de cá, com a sutileza do atmo, como medida do tempo. Exagerei? Sensações são mesmo difíceis de se explicar com palavras. A vida soma experiências várias, em sua impermanência diária e, talvez, nossa existência venha perceber seus valores essenciais, ao entender que cada vida que habita esse universo, só traz o presente do instante. Quando vimos, já passou. Vidas, pessoas, presenças, histórias. 

Paul McCartney em sua vida, longeva e bem-vivida, nos presenteia com a importância de inspirar o raro, na entrega dos sentidos à latência atenta do instante. A soma de história, música, luz, som, tecnologia, mas, principalmente, a presença dessa personalidade cuja expressão não se repetirá na história da humanidade é a  gênese da experiência. 

A espera de quatro meses desde a venda dos ingressos, a eterna saga do público de megaeventos e shows internacionais, as presenteadas três horas de cada performance... As escolhas que fazemos, as possibilidades que temos, as entregas que vão além do cansaço. O encontro de tantas gerações. McCartney e a vida valendo à pena, novamente!  

A jornada desse ídolo, em terras nacionais continua até o dia 16. Que ele viva, essa experiência com a mesma plenitude unânime e  indescritível em totalidade, que todos nós vivemos. Que ele viva. Viva Paul McCartney! 

PS.: 

Produção:

Orgulho da produção brasileira que somou forças para a fidelidade da entrega.

À Arena, minha querida casa  atleticana o desejo de que siga no empenho, aprendizado e aperfeiçoamento contínuo para receber maravilhas! Que venham muitas. 

Milton:

Sublime ver um ídolo à espera de outro ídolo, também marcando presença em dois dias. Bituca, que também soma mais de oito décadas de vida, trouxe nos olhos e no sorriso, a esperança que faz querer repetir com honra e orgulho: "Sou do mundo, sou Minas Gerais". 

Meu país:

Antes do bis, Paul e os músicos, empunhando as bandeiras do Brasil, do Reino Unido e LGBTQIAP+

Da plateia amei a nossa bandeira brasileira, florescendo, cultural. 

Dedicatória:

Escrevo esse relato em memória dos mestres e amigos, Brant e Tavito. 

Márcia Francisco - jornalista e escritora 

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