Foto:Marcelle Facury (Carlos Carretero, Adão e Eva)
Morreu, hoje, dia 19 de novembro, em Belo Horizonte/MG, o artista plástico Carlos Carretero.
Carlos estava internado no CTI da Santa Casa, desde que sofreu um infarto, há 11 dias. Morreu no mesmo hospital.
Carlos Carretero (15/12/1947 - 19/11/2023), nasceu em Madri, cresceu em Granada e se mudou para o Brasil, em 1971. Filho de Angel Carretero e grande amigo de Federico Garcia Lorca.
Foram cinco décadas de profunda conexão com o Brasil e a capital mineira.
Aqui, casou-se com a bailairina flamenca, Fátima Carretero, com quem constituiu família e um legado que foi além do próprio núcleo. Juntos, através de seu respeitável “La Taberna Centro de Cultura Flamenca" foram pioneiros e responsáveis por estabelecer, difundir e fomentar o Flamenco em Belo Horizonte. De lá, saíram inúmeros profissionais relevantes do mercado que, posteriormente, criaram os próprios espaços e grupos de dança. O La Taberna também acolheu os mais diversos tipos de arte, abrindo espaço para a música, em décadas de atuação. Vale lembrar as belas "Romerias Del Rocio", que ganhavam as ruas de Belo Horizonte, cidade-irmã de Granada. A festa, em homenagem à Virgen Del Rocio, tornou-se tradição e parte do calendário oficial da cidade.
“ Desde pequeno, sempre senti o aroma das tintas dos quadros pintados pelo meu pai ”(Carlos Carretero)
Das memórias olfativas à própria arte, foram passos firmes, cores quentes, pinceladas próprias:
após ganhar alguns prêmios, ele ganhou uma bolsa para estudar na Escola de Artes e Ofícios de Granada, passou pelo Círculo Artístico São Lucas, em Barcelona, por Paris e desembarcou no Brasil.
Sua arte compreendeu o estilo e as fases dos expoentes da época, sem perder a originalidade e a identidade.
Em tempos de Guignard, Carretero rememorava os sábados de convívio na galeria com Inimá de Paula, Chanina, Álvaro Apocalypse, Haroldo Mattos, Fernando Pacheco, Carlos Wolney, Yara Tupinambá. De Bracher, revelou, certa vez: “Identifico-me com o despojamento, a pincelada solta, a força das pinturas dele”.
Mas, o seu pincel tinha voz própria, sempre, permeada de emoções, onde retratou, por exemplo, o rosto do pai do bailarino flamenco, Alejandro Garcia, num corpo de bailarino, em uma homenagem por ocasião do falecimento deste pai.
Assim, contava e recontava histórias com sua visão sensível e sua personalidade elegante.
Carlos Carretero deixa a esposa Fátima, duas filhas, Aixa e Marien e as netas, Marisol e Analiz.
O velório de Carlos Carretero acontece nesta segunda, dia 20 de novembro, das 9h30 às 12h, no Memorial Grupo Zelo (Av. Contorno, 8657 - Gutierrez - BH). A cremação será terça-feira, com acesso restrito à familiares.
Depoimentos:
"Belo Horizonte perdeu hoje um artista criativo que soube unir as artes visuais, a gastronomia, a dança e arte flamenca à cidade e sua cultura. Que sua história na cultura de Belo Horizonte seja sempre lembrada e nossos sentimentos e conforto à família e amigos" (Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte)
"Hoje o Flamenco está de luto. E meu coração agradece todos os momentos de Arte e amizade com este grande artista e amigo. Agradeço a vida todo aprendizado e momentos inesquecíveis. Viva Carlos Carretero!” (Noemi Gelape, Bailaora Flamenca, produtora cultura e psicóloga)
"Carlos Carretero se foi. Mais um, amante das artes e das manhas em geral deixa esse mundo e parte para outro. Gostava muito dele. Na Taberna da Sergipe ainda nos anos 80, abriu seu belo restaurante e seu Tablao para a poesia e seus poetas dentro do projeto Viva Poesia. Dias de enorme tristeza, esses!" (Tonico Mercador, publicitário e escritor)
"Extremamente sentido com a passagem do estimado Carlos Carretero. A alma do flamenco em Belo Horizonte, e que deu origem a tantas histórias e caminhos através da casa de shows La Taberna. Lembranças boas ficarão como dos ensinamentos posturais para baile e Toureiro. Seus registros fotográficos da dança e em belas pinturas . Uma convivência prazerosa sempre!"(Alejandro Garcia, bailarino flamenco, DJ e produtor cultural)
"Carlos Carretero era um visionário. Devo a ele, não somente, o início do Sempre um Papo, em Agosto de 1986. Iniciamos uma nova etapa do meu projeto, que se desdobrou em essência, até hoje, como era naqueles dias. Fizemos ali, no seu La Taberna, debates memoráveis, com: Décio Pignatari, Frei Betto, Leonardo Boff, entre tantos.
Num momento difícil da vida brasileira - 1986 -, ele teve a coragem e a visão para enxergar num pequeno projeto de debates, a extensão que ele teria hoje. Já são 37 anos de trabalho. Mais de nove mil eventos. Só tenho a agradecer a Carlos Carretero". (Afonso Borges, escritor, jornalista e gestor cultural, criador do Sempre um Papo)
"Quando conheci Carlinhos Carretero, seu pai ainda estava vivo. Éramos muito meninos, eu tinha 20 e poucos anos, Carlos, também. Ficamos amigos para o resto da vida. Fui dos primeiros a chegar no dia da inauguração do La Taberna, instalado onde seu pai teve um restaurante. Não havia dúvidas que o lugar ia ser sucesso. E foi. Ele sempre foi muito trabalhador e um grande artista. Fiz uma das poucas exposições do Carretero, na Galeria Guignard, nos anos 70. Éramos companheiros na Arte. Era uma pessoa do bem, sensacional. Um poeta das tintas e, também, das palavras." (Pedro Paulo Cava, diretor teatral)
"Muito triste o falecimento do nosso querido e inesquecível Carlos Carretero! Junto com a Fátima difundiu a Cultura Flamenca nas terras mineiras com muito amor e dedicação! Que Deus ilumine a sua passagem!" (Saulo Laranjeira, cantor, humorista, ator e apresentador)
Nenhum comentário:
Postar um comentário