11 de abr. de 2017

TREM DAS 7 - DE VIAJANTE A CONDUTOR DA PRÓPRIA VIDA.



ex-apresentadora de TV, psicóloga e coach Érica Machado, criou e está desenvolvendo um projeto voluntário que realiza coaching com pessoas em situação de rua.

Os encontros são coordenados por Érica Machado e Tânia Campos, também coach e psicóloga. Mais que uma ação assistencialista, Érica propõe e está desenvolvendo um trabalho que já está fazendo a diferença para os participantes. Os membros do grupo estão realizando palestras, onde compartilham as experiências de vida antes e após o processo que dura 12 sessões. A história não termina aí. Alguns deles estão sendo encaminhados para recolocação no mercado de trabalho e um curso de empreendedorismo é a pauta da segunda etapa do projeto.

Érica Machado e o Trem das 7

 No final de 2016, Érica Machado iniciou sua participação em um projeto voluntário no Albergue Tia Branca.  Liderado pelo Tio Flávio Cultural, quinzenalmente, leva arte e cultura para os albergados. Em conversa com os albergados, certo dia, a coach encontrou um que afirmou estar bebendo muito e consumindo muita droga. “A pergunta mais óbvia foi a que fiz: ‘Por quê?’A resposta que ouvi, foi a mais desconcertante: ‘Para dar conta’. Me atravessou com um punhal e conversamos sobre este ‘dar conta’: medos reais. Medo da violência, medo de ser queimado vivo, medo de não conseguir reconstruir a vida, culpas, a dor causada pela  invisibilidade, saudade de casa, o frio. Naquele momento eu me fiz  perguntas decisivas e que me colocaram em ação: O que eu posso fazer para mudar esta situação? Mesmo que seja a situação de uma pessoa? No impulso, levantei-me  e procurei a diretora do Albergue e propus um processo de coaching. Eu e a Tânia Campos já tínhamos experiência em desenvolvimento de grupos com processos de coaching. Então, decidi  convidá-la a participar e ela aceitou, na mesma hora.” (Érica Machado)

No dia 03 de janeiro Érica realizou uma palestra no Albergue, explicando o que seria o projeto. No início, a turma acolheu doze participantes.  Dois deles desistiram na primeira sessão, outros três, ao longo do processo deixaram o grupo. Tânia e Érica finalizaram os trabalhos com a primeira turma com seis integrantes.

“O processo de coaching é um processo de transformação que possibilita às pessoas alcançarem seus objetivos . Investiga o estado atual de vida e define, com clareza, o estado de vida desejado. A partir daí, traçamos metas, planejamos ações, desenvolvemos habilidades necessária para se alcançar o objetivo”, explica Érica Machado.

Por que " Trem das 7"?
“Sete horas – 7 –  é o horário do início da sessão. O trem é uma metáfora. Para que uma mudança aconteça, você tem que abandonar crenças que te limitam, ter metas, planejar ações, ultrapassar limites, vencer desafios. É ir pulando de vagão em vagão, até  se tornar o "condutor da própria vida" (Érica Machado)

A primeira turma do “Trem das 7” teve início no dia  05 de janeiro.  E, a segunda, já está em ação desde o dia 30 de março.  As sessões acontecem toda quinta-feira, das 7 às 9 da manhã, no Albergue Tia Branca (Rua Conselheiro Rocha, 351 – Floresta – BH - MG).

“No início dos trabalhos com a primeira turma, encontramos homens que não acreditavam que uma mudança pudesse acontecer. Desacreditados de si, com dificuldade de "sonhar". As mudanças são muito concretas: desde a eliminação do consumo de substâncias tóxicas até o planejamento da saída da rua.” (Érica Machado).

Relatos de alguns integrantes da primeira turma do “Trem das 7”
A sessão que fez a diferença para mim foi quando fui levado a pensar as ‘perdas e ganhos’. Me emocionei muito no dia. Eu ficava achando que a mudança seria difícil, que sair da rua seria difícil, abandonar os maus hábitos seria difícil, mas quando eu parei para pensar o quanto eu estava perdendo por estar nesta situação eu chorei muito. Me deu saudade de quando eu trabalhava, das minhas filhas, de ser uma pessoa respeitada. Eu vi que eu precisava mudar naquela hora e que só dependia de mim". (Leo)

"Todas as sessões foram importantes para mim. Eu ainda tenho medo da recaída, sabe.. Mas quando eu lembro do grupo, eu fico forte. O grupo da força pra gente, a gente fica disputando entre a gente quem tem mais vitórias. Isso é tão bom! Eu quero voltar a ser o orgulho para a minha filha. Eu serei." (Ednilson)

 "Eu não tinha mais perspectiva de nada nessa vida. Entrei nesse projeto para ver qual seria o lero-lero. Pensei:  não tenho nada para fazer mesmo, vou lá ver qual é! Hoje, eu voltei a estudar, tô fazendo curso de cabeleireiro, vou ter uma profissão. Dei até entrevista na rádio. Tô me sentindo gente. Acho que a minha mãe, que já morreu, deve estar sentindo orgulho de mim”. (Fernando)
O Projeto conseguiu uma parceria com o Centro Divina Providência, onde alguns estão fazendo cursos profissionalizantes.
Um dos grandes desafios relatados por eles é que -  além de todas as dificuldades que viver na rua representa -  arrumar emprego não é nada fácil. Os relatos apontam que quando entregam algum currículo e tem que comprovar residência, são preteridos.

Para evitar que os integrantes do grupo fiquem reféns do emprego formal, as profissionais voluntárias decidiram dar continuidade ao projeto com um curso de Empreendedorismo.  As aulas serão ministradas por uma Guilhermina Abreu, empreendedora social, que já tem expertise em empreendedorismo social e que já trabalha com recuperandos da APAC. “Mais um voluntário que sobe no trem, nessa viagem”, celebra Érica Machado.

Outros voluntários estão embarcando nesse tremLaura Barreto e Bê Santanna, dois praticantes da corrida de rua, criaram o Projeto “Vou Correndo”: um grupo de corredores de rua com os participantes do Trem das 7. Correr é muito simbólico: é sair do lugar, além de todos os benefícios físicos que pode proporcionar.  Eles passarão por exames médicos, fisioterápico e nutricional.

No dia 20 de abril os integrantes do primeiro grupo “Trem das 7” realizam a palestra “TREM DAS 7: de viajante a condutor da própria vida”, na Defensoria Pública, como convidados do projeto “Sala de Espera”.

Informações adicionais sobre o Projeto Trem das 7:


(31) 995492449 - oprojetotremdas7@gmail.com

CIRCUITO MODERNO DA PAMPULHA


O Conjunto Moderno da Pampulha, reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, ganha mais uma atração para turistas e moradores da cidade.  A Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura e da Belotur, inaugura, nesta terça-feira, dia 11, o "Circuito Pampulha Noturno”. O projeto irá promover semanalmente, sempre às terças-feiras, até as 21h, uma programação integrada em diversos espaços da região, envolvendo atividades culturais, artísticas, esportivas e de lazer.
    Além dos equipamentos culturais como o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile e a Casa Kubitschek, haverá programação também em diversos outros espaços, entre eles o Iate Tênis Clube, o Museu do Futebol, o Aquário da Bacia do Rio São Francisco e o CAT Veveco, além das praças Dino Barbieri e Dalva Simão. O Circuito Pampulha Noturno é mais uma ação integrada de promoção do patrimônio mundial. 
    
        Confira a programação completa no site http://www.bhfazcultura.pbh.gov.br/
 
  

10 de abr. de 2017

CAFUZO - SÉRGIO MOREIRA SE APRESENTA EM BH!

foto: Mônica da Pieve

“Misturaram pretos e índios, dalí nasceu minha avó, eu vivia meio confuso sem saber o porque do arrepio ao bater do tambor,mas agora eu sou cafuzo, a morena tingiu minha cor, eu não vivo mais tão confuso, compreendo o porque do arrepio ao bater do agogô”
Este é um trecho da canção “Cafuzo” de Sergio Moreira, composta em 1982.

O índio habita a criação de Sérgio Moreira desde o início da sua carreira, é um discurso permanente em suas apresentações. “Ser índio não é questão de sangue, é estado de espírito” - é nesse pensamento que Sérgio Moreira subirá ao palco no próximo dia 19 de abril, Dia do Índio, apresentando canções que nos levam a meditar sobre a nossa existência, neste momento caótico em que vivemos.

show “Cafuzo”, de Sérgio Moreira, acontecerá no dia 19 de abril, quarta-feira, às 20h30, no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315 – Centro – BH).  No palco, Sérgio Moreira (voz e violão), Serginho Silva (percussão), Rogério Delayon (violões, viola de 10, ukelele) e Juninho Fiuza (baixo). Participação especial: Déa Trancoso. Ingressos já à venda: www.compreingressos.com

Nascido em Teófilo Otoni, moldado em Nanuque e amadurecido em Belo Horizonte, Sérgio Moreira começou sua carreira aos 15 anos na Rádio Difusora de Nanuque.  Ali, a música se fez presente através de artistas também em início de carreira como Xangai, Zé Edison, Kamil, e o jovem Sérgio absorvendo todas aquelas informações.
Em 1972 mudou se para Belo Horizonte e foi estudar no Colégio Estadual Central, referência  cultural da época, onde conheceu Flávio Venturini, Sirlan, Fernando Brant, Lô Borges, Beto Guedes, Melão, Leri Faria, Celso Moreira e muitos outros músicos da “geração 70”. Logo fundou sua primeira banda “A nuvem de Gafanhotos” e depois foi convidado a participar do “Grupo Ingazeira”, até iniciar sua carreira  solo em 1980. A partir daí Sérgio Moreira começa a gravar seus primeiros discos, dirige espetáculos, apresenta-se em festivais e feiras de cultura, participa ativamente da vida cultural da cidade.

Sérgio Moreira por Sérgio Moreira
“Faço música pautado na capacidade de mudar, de incluir, de abraçar. Os temas surgem do cotidiano, das minhas vivências comigo mesmo e com o próximo. Faço da música um escape e a música faz de mim seu veículo. Preciso conversar com o íntimo e o externo, fazer essa ponte de duas vias. Todas  as letras têm um traço próprio. A poesia ensina e meu estilo conta estórias como num roteiro de curta metragem ou videoclip. Sou visionário com os pés no chão, me encanto com as estrelas, mas sou difícil de seduzir. A música tem sua própria força, quem faz a música é ela própria, o músico é só o pedreiro”.

O primeiro LP - “Sérgio Moreira” - gravado em 1985, já dava notícia de um ecletismo sem preconceitos, provavelmente herança de seu trabalho em rádio FM do interior, onde Odair José, Jerry Adriani, Tom Jobim, João Gilberto e Chopin conviviam em santa harmonia , cada um em seu contexto e importância.
O segundo CD - “Transparente” - é fruto da tentativa de organizar esse ecletismo. Todas as canções falam de coisas bem de dentro, de como o artista se posiciona  diante  do lúdico, do pensamento subjetivo. Em uma das faixas, a letra diz “Quando a luz do raio / apaga a luz da rua / e vem aquela estranha sensação / cidade nua / os faróis iluminam teu rosto / e teu corpo ganha um novo tom”.
O terceiro CD - “Negro” - aporta em sua vida a partir de histórias contadas pela mãe. “Negra é a pele que me veste / é o calor que me reverte a um lugar onde vivi / eu sou filho do teu leite / e espero que me aceite / na cor em que me acolhi”. Todas as canções têm raiz afro, incluindo “Brejo da Cruz” de Chico Buarque,  “Cravo e Canela” de Milton e Ronaldo Bastos, “Lero Lero” de Edu Lobo e Cacaso.
Sérgio tem a sensação de seguir seu percurso tentando explicar o inexplicável - “afinal a arte nunca se explica, é por isso que se chama Arte”
 SÉRGIO MOREIRA
Show “Cafuzo”
19 de abril, quarta-feira, às 20h30
Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec
Av. Amazonas, 315 – Centro – BH
Ingressos já à venda: www.compreingressos.com

4 de abr. de 2017

MINAS TREND ANO 10: COMEÇA HOJE!

 SUCESSO E INOVAÇÃO MARCAM A HISTÓRIA DA SEMANA DE MODA MINEIRA 

A noite de abertura do MInas Trend, realizado no Expominas, na segunda, dia 3, imprimiu um olhar diferente aos desfiles. Na passarela, uma moda que parece pronta a ganhar as ruas. Looks  com ares de urban scenes desfilaram ao som de Flávio Renegado, com as modelos levando consigo notebook, skate, jornais e mais... enfim, elementos que disseram, com clareza, que os estilistas estão propondo moda para a vida real. O vermelho colore  o preto brinca com o prata e a vida acontece, celebrada por grandes nomes da moda mineira, brasileira, universal! 

desfile de abertura MInas Trend 2017

Completando 10 anos de existência, o Minas Trend, hoje considerado uma das principais feiras de lançamento de moda do país, pouco lembra o já distante ano de 2007 quando 90 grifes, incluindo marcas ícones da moda mineira como Barbara Bela, Maria Bonita Extra, Renato Loureiro, Mary Design, Elisa Atheniense e Luiza Barcelos, entre outras, se reuniram para lançar suas coleções através de um evento inovador que tinha como principal objetivo aliar conceito de moda a uma forte plataforma de negócios. Promovido pela Fiemg – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, o Minas Trend foi, a cada edição, consolidando seu perfil inovador como único evento do setor que oferece aos compradores profissionais a possibilidade de avaliar, em um único local, os lançamentos das principais grifes brasileiras de vestuário, bolsas, calçados, joias, bijuterias e acessórios. Além das principais grifes mineiras, reconhecidas pelos diferenciais que distinguem suas criações internacionalmente, o evento foi, gradativamente, agregando em seu portfolio marcas formadoras de opinião de todo o país, caracterizando-se hoje por apresentar o que de melhor é produzido no território nacional em termos de moda e design. 

 A 20ª edição do Minas Trend, que acontece de 04 a 07 de Abril de 2017, irá destacar os 10 anos do evento e sua importância para o reposicionamento e qualificação da produção mineira de vestuário, calçados, joias, bijuterias e acessórios na última década. O evento irá adotar como tema inspiracional estes 10 anos de realizações, refletidos através da concepção visual especialmente desenvolvida pelo escritório Pedro Lázaro Arquitetura. Definida como “ano.dez”, a simbologia adotada traz como referência o ciclo evolutivo das borboletas para exprimir as características que pautaram a história do Minas Trend como evolução, transformação, liberdade, fertilidade e continuidade, entre outras. Para reforçar o espirito comemorativo, algumas atividades já estão definidas como a exposição “Tempo”, que reunirá looks das grifes mineiras participantes do Salão de Negócios inspirados nas simbologias do tempo e na importância dos 10 anos da moda mineira para o Brasil através de uma visão que permita novas possibilidades para o futuro. Outro destaque será a exposição “Minas Trend + 10”, onde a grife Plural, que registra 16 participações no Salão de Negócios e 12 desfiles realizados durante o evento, irá apresentar sua concepção sobre a democratização das tecnologias como fenômeno pop do século XXI, aliadas às novas necessidades do mercado que volta-se, cada vez mais, para a busca da personalidade individual através da exclusividade customizada. Também estão previstas ações promovidas pelo SENAI, como o “Laboratório Aberto”, espaço colaborativo, aberto à comunidade, que oferece todo apoio técnico para a protipação de novos produtos, processos e negócios, e SENAI Modatec, centro de referencia de criação e produção de vestuário, que visa a capacitação e formação profissional, desenvolvimento e transferência de tecnologia e prestação de serviços para os setores têxtil, confecção, calçados e bolsas. 
www.minastrend.com.br 

2 de abr. de 2017

MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES: DESCOBERTA HISTÓRICA E VALIOSA PARA A MÚSICA


Através de importante tese de doutorado defendida pelo
violonista mineiro Fernando Araújo, chegam a público
OS MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES:
obras recém-descobertas de Francisco Mignone,
ao lado de Villa-Lobos, Oscar Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri,
um dos maiores compositores brasileiros do século XX
Concerto inédito apresenta o repertório, dia 18 de abril, no Conservatório da UFMG
 
Com entrada franca, no dia 18 de abril, terça-feira, às 20h, o projeto Conexões Musicais apresenta Fernando Araújo e Celso Faria, violões em um programa inédito:“Os Manuscritos de Buenos Aires: obras recém-descobertas de Francisco Mignone”,

OS MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES
As obras do compositor, pianista, regente, professor e flautista Francisco Mignone (São Paulo SP 1897 - Rio de Janeiro RJ 1986) -  um dos maiores compositores brasileiros do século XX - chegam a público, graças a defesa da tese de doutorado do violonista Fernando Araujo, em trabalho e apresentação notáveis. Revelação compartilhada exatamente no ano em que celebra-se os 120 anos de nascimento de Mignone. 

“Mignone foi talvez o músico mais completo que possuímos. Compositor de primeira plana, excelente professor,experimentado regente, virtuoso do piano, acompanhador insuperável, hábil orquestrador, notável intérprete da música de câmara,
poeta aceitável, escritor cheio de verve, intelectual de ampla cultura geral, tornou-se uma das figuras mais importantes da história da música brasileira. E possuía esse tesouro inestimável que tão poucos compositores patrícios chegaram a adquirir - métier, um dos segredos de seu sucesso.” (Vasco Mariz, historiador)

Os referidos manuscritos contêm obras para duo de violões escritas em agosto de 1970 e dedicadas ao casal de violonistas argentinos Graciela Pomponio e Jorge Martínez Zárate, que formavam o Duo Pomponio-Zárate. Estas peças permaneciam, com exceção de uma (Lundu), inteiramente desconhecidas e ignoradas pela comunidade musical e acadêmica no Brasil, estando ausentes de todos os catálogos e literatura dedicados à obra de Mignone.

Trata-se, portanto, de pauta valiosa para o apreço de jornalistas atentos ao segmento artístico e musical, professores, músicos, entre tantos que possam perceber a importância significativa de um trabalho que merece ser publicado e, ainda registrado fonograficamente, por Fernando Araújo. Afinal, ainda são raras as oportunidades de fácil acesso a conteúdos de teses úteis e atemporais.


“A descoberta de uma coleção como essa é como a descoberta de um novo “jardim de veredas que se bifurcam”. A riqueza da arte se abre à coexistência de inúmeras visões, versões e interpretações, no que posso vislumbrar como a materialização do sonho delirante de Ts’uiPên, o fictício sábio de Borges: a coexistência de “tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou secularmente se ignoram” através das inúmeras possiblidades oferecidas pela obra de arte em interação com a criatividade do performer.
Espero que a divulgação desses manuscritos estimule o aparecimento de outros exploradores.”
(Fernando Araújo)

O evento acontece no Conservatório da UFMG (Av.. Afonso Pena, 1453 – Centro – MG – 31 34098300). As cortesias serão disponibilizadas por ordem de chegada. A retirada das cortesias acontece a partir das 19h30, no saguão principal do Conservatório UFMG.

O PROGRAMA:
Duo de violões – Fernando Araújo e Celso Faria
Francisco Mignone (1897-1986)
Os Manuscritos de Buenos Aires (1970) (Edição: Fernando Araújo)*
- Quatro Peças Brasileiras:
1. Maroca
2. Maxixando
3. Nazareth
4. Toada
- 1ª Valsa Brasileira
- 2ª Valsa Brasileira
- Canção
- Lundu

Solo de Celso Faria
Heitor Villa-Lobos (1887-1959):
- Valsa-Choro
Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006):
- Estudo nº 2
Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955):
- Festival Ary Barroso

Solo de Fernando Araújo
Francisco Mignone:
- Valsa Brasileira Nº 9, em Lá bemol menor
- Estudo Nº 5, em Lá menor
- Estudo Nº 3, em Sol maior

*Obras para duo de violões do Acervo “Martínez Zárate”, pertencente ao Instituto Nacional de Musicologia “Carlos Vega”, Buenos Aires.

A PESQUISA
“Dejo a los varios porvenires (no a todos) mi jardín de senderos que se bifurcan.”
(Jorge Luis Borges, Ficciones)

Através de vasta e consistente pesquisa, cuja defesa denotou sensibilidade em conteúdo e escrita acerca dos documentos recém descobertos, Fernando Araújo, que abriu seu trabalho em uma feliz e sutil analogia metafórica com frase de Jorge Luis Borges, abordou o tema segundo três linhas principais de investigação: aspectos musicológicos, interpretação e edição. Soma de conhecimento técnico, experiência no âmbito acadêmico e, uma linguagem consciente para compreensão e apropriação da informação em outras vertentes. Olhar atento e consideração histórica respeitável, porém, igualmente, viável à inspiração, por exemplo, relacionada ao exercício das atividades de edição musical, eventualmente, consideradas através dos tempos. 


Na banca examinadora do exame de doutorado, unânime em reconhecimentos a Fernando Araújo:  o Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira – UFMG (orientador e que, em uma visita ao Instituto Nacional de Musicología “Carlos Vega”, em Buenos Aires, descobriu os manuscritos de Mignone, objetos da tese de Fernando Araújo), a Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla – UBA (Universidad de Buenos Aires – Argentina) – participação em língua pátria, via Skype, o Prof. Dr. Daniel Wolff – UFRGS, o Prof. Dr. Guilherme Caldeira Loss Vincens – UFSJ e o Prof. Dr. Oiliam José Lanna – UFMG. 


“Essa tese vem para preencher uma lacuna em um tema que, a meu ver, tinha uma necessidade latente - os manuscritos de Buenos Aires. (...)
O alcance e a consistência de conteúdo estão perfeitamente definidos e as conclusões constituem contribuições e aplicações bastante fortes e concretas.”  (Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla – UBA – Universidad de Buenos Aires – Argentina)

FERNANDO ARAÚJO
Natural de Belo Horizonte/MG, Fernando Araújo é Bacharel e Doutor em Música pela Escola de Música da UFMG e Mestre em Música pela Manhattan School of Music de Nova York.
Fernando Araújo obteve, entre outros, o Prêmio Turíbio Santos no II Concurso Internacional Villa-Lobos e o 1o. Lugar e Prêmio de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no II Concurso Nacional Villa-Lobos. Foi vencedor, com o soprano Mônica Pedrosa, do XX Artists International Auditions em Nova York, tendo o duo se apresentado no prestigioso Carnegie Recital Hall.
O violonista apresentou-se em diversas cidades dos EUA, Europa e Brasil. Atuou como solista com várias orquestras, dentre elas a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Tem sido convidado a participar como jurado em diversos concursos, dentre eles o Concurso Julián Arcas, na Espanha.

Lançado pelo selo Karmim, o CD ‘Universal’, no qual Fernando Araújo interpreta obras de Villa-Lobos, Piazzolla e Garoto, foi muito bem recebido pela crítica especializada. Recentemente, lançou, com a cantora Mônica Pedrosa, o CD ‘Canções da Terra, Canções do Mar’, no qual o duo interpreta seus arranjos de canções de compositores eruditos brasileiros. O violonista é um dos músicos destacados no documentário “Violões de Minas”, escrito e dirigido por Geraldo Vianna.

Fernando Araújo é Professor Adjunto da Escola de Música da UFMG. Buscando fomentare divulgar o violão em sua riqueza de possibilidades, vem se dedicando também à criação ecoordenação de eventos, tendo dirigido as duas edições do Concurso de Violão José Lucena Vaz, realizados em Belo Horizonte. Atualmente coordena, juntamente com osviolonistas Juarez Moreira e Aliéksey Vianna, o Festival Internacional de Violão de BeloHorizonte, evento que, já na sua oitava edição, é reconhecido como o maior e mais importante do gênero no Brasil.

CELSO FARIA
Nascido em Passos (MG) no ano de 1979, Celso Faria iniciou seus estudos musicais de maneira autodidata aos dez anos de idade. Em 1994 ingressou no Curso de Formação Musical, da Escola de Música da UFMG, estudando na classe do professor José Lucena Vaz. Obteve o título de bacharel em violão na mesma instituição sob a orientação do professor Fernando Araújo. É especialista em Música Brasileira - Práticas Interpretativas - pela Universidade do Estado de Minas Gerais e Mestre em Performance Musical pela Universidade Federal de Minas Gerais. Celso também foi aluno de violão de Beto Davezac na Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte) e de música de câmara de Norton Morozowicz na UERJ (Rio de Janeiro).
Celso Faria obteve várias premiações, dentre elas: menção honrosa no “VII Concurso Nacional de Violão Souza Lima” (São Paulo, 1996), vencedor do “IX e XIV Concurso Jovens Solistas” da Escola de Música da UFMG (Belo Horizonte, 1998 e 2004), vencedor do “III e IV Concurso Jovem Músico BDMG” (Belo Horizonte, 2002 e 2003), vencedor do “Concurso Bianca Bianchi” (Curitiba, 2003), vencedor do concurso “Música da Universidade para a Comunidade” (Belo Horizonte, 2003), vencedor do “I Concurso Furnas Geração Musical” (Belo Horizonte, 2004) e semifinalista do “II Concurso de Violão Fred Schneiter” (Rio de Janeiro, 2005).
Com um repertório que se estende desde o período renascentista até o século XXI, Celso Faria tem se apresentado nas mais importantes cidades brasileiras, seja como recitalista de violão solo, integrante em formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. Celso gravou diversos programas de rádio e televisão e foi responsável também por várias primeiras audições. Na sua produção fonográfica/audiovisual, destacamos: Romencero Gitano, com o “Coro Madrigale” (selo independente); “100 anos de Arthur Bosmans” (selo “Minas de Som”); e o dvd que acompanha o livro “Caminhos, encruzilhadas e mistérios” de Turíbio Santos (selo “Artviva”).

CONEXÕES MUSICAIS
O projeto Conexões Musicais é uma série de concertos que acontece desde 2014 no Conservatório UFMG, com apresentações de artistas conceituados de Belo Horizonte e de outras instituições e estados.

CONSERVATÓRIO DA UFMG
O Conservatório UFMG é um espaço cultural, localizado em área nobre da cidade de Belo Horizonte. O prédio foi construído em 1926 para abrigar o Conservatório Mineiro de Música, que passou a integrar em 1962 a Universidade Federal de Minas Gerais oferecendo à cidade de Belo Horizonte um curso de música de nível superior. A partir de 1972 o Conservatório Mineiro de Música recebe o nome de Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, permanecendo, porém, o seu nome original na fachada do prédio. O prédio, tombado como patrimônio arquitetônico de Belo Horizonte pelo IEPHA e pela Secretaria Municipal de Cultura, teve as características originais de sua construção recuperadas, tornando-se um espaço requintado e apropriado à realização de eventos.
Entre os anos de 1996 e 2000, o prédio foi restaurado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa/Fundep, permanecendo sob sua administração até o ano de 2000. Atualmente, o Conservatório UFMG integra a Diretoria de Ação Cultural/DAC, juntamente com o Centro Cultural UFMG, a Fundação Rodrigo Mello Franco e o Espaço UFMG do Conhecimento.

CONEXÕES MUSICAIS
Fernando Araújo e Celso Faria, violões
“Os Manuscritos de Buenos Aires: 
obras recém-descobertas de Francisco Mignone”
18 de abril, terça-feira, às 20h
Conservatório da UFMG
Av.Afonso Pena, 1453 – Centro – MG – 31 34098300
ENTRADA FRANCA
cortesias disponíveis a partir das 19h30, no saguão principal do Conservatório UFMG