Foto:Márcia Francisco
No dia 18 de agosto, segunda-feira, chega às principais plataformas digitais, o primeiro álbum autoral do pianista e compositor mineiro Írio Júnior. “Nuance” foi gravado no Estúdio Cachoeira|SP.
Com sete faixas que entregam a versatilidade do artista, o álbum traz Írio Júnior em piano-solo e Música Contemporânea. Gravado em piano um Yamaha - cauda inteira, o disco traz capa com foto e arte de Márcia Francisco.
“Nuance” já tem pré-save disponível no link Quae Music:
NUANCE, por Írio Júnior
Eu já pensava em fazer um trabalho próprio, quando tocava com Nenê trio. Sempre fui um pianista que se tornou conhecido pela habilidade dos improvisos. Neste trabalho fui instigado a criar improvisos menos convencionais no âmbito do Jazz. Essa experiência começou a me apontar o caminho das minhas composições.
O trabalho no Nenê Trio me deixava livre para permitir fazer fluir todas as minhas influências - da Música Erudita (desde o Barroco, Classicismo, Impressionismo, moderno, contemporâneo...), da Música Brasileira (Tom Jobim, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal...) e, logicamente, o Jazz (em especial, os pianistas mais modernos - Herbie Hancock, Chick Corea, artistas visionários).
E foi através dos improvisos que minha musica foi surgindo.
Como eu já toquei muita Música Brasileira, defini escolher um caminho à contramão: criar sem me preocupar com rótulos.
Assim, busco meus próprios caminhos melódicos, meu jeito de construir, as cadências. A minha maneira de criar a forma da música. A intuição é o que me guia nessa trilha. Vou sendo fiel ao que está dentro de mim. Assim é com o improviso e, naturalmente, com a composição. Afinal, o improviso é uma composição.
A faixa titulo deste álbum foi o norte para todas as demais. Apontou a direção e as demais vieram em consequência.
Meu pai foi muito importante na minha formação musical. Era um grande compositor, exímio multi-instrumentista e um líder nato. Essa soma de qualidades fazia do homem, um ser de profunda determinação e habilidades para gerenciar, criar, agir, fazer. Era autodidata, buscava conhecimento por ele mesmo, muito inteligente. Sinto que trago dele, essas características, inclusive. Quando percebeu meu interesse pela música, logo me ensinou teoria e piano e sempre acompanhou minha formação. Ao lado dele - maestro da orquestra que criou -, fiz muitos bailes.
Vida afora, a música se tornou parte da minha vida. Profissão e caminho. Nuance - a primeira música chega - nessa memória e valor essencial do amor entre filho e pai.
O foco do disco se contrapõe aos trabalhos, anteriormente, executados, no trio. Se antes, o olhar era o virtuosismo, escolho, aqui, entregar um disco recheado de melodias. Essa esfera mais melódica me encaminhou ao conceito do disco. As músicas foram nascendo com claro propósito de conexão entre si. Cada contexto, na minha visão de compositor permitiu a escolha dos elementos musicais. Me interessa instigar sensações emotivas diversas e possíveis aos ouvintes. Isso é algo que me interessa muito e tem muita importância para mim. A conexão entre as faixas, nesta "nuance" passeia pelo contexto das trilhas sonoras.
TRAJETÓRIA DO ARTISTA
Nasci em Lavras/MG. Iniciei meus estudos musicais com meu pai. Aos 12 anos, comecei a tocar na orquestra de baile criada por ele. E foi aí que se deu meu contato real com a Música Popular.
Entre 15 e 22 anos, estudei Música Erudita com a professora Eldah Rezende e o pianista Flávio Augusto. Ambos me prepararam para diversos concursos brasileiros deste gênero musical.
Entre 1996 e 2007, morei em Belo Horizonte. Então, segui para São Paulo, onde permaneci até 2010, retornando à Lavras, minha terra natal. Em 2017, escolhi a capital mineira para fixar residência.
As experiências musicais fervilharam em interpretação e criação, durante todos estes anos.
Aos 29 anos, comecei a tocar com o grande saxofonista Vinicius Dorin. Juntos, estivemos em diversos festivais pelo país. Esta vivência resultou na gravação do álbum “Revoada”, de autoria do artista.
Foi em 2007, que ingressei no grupo do grandioso baterista Nenê – o Nenê trio. Então, gravei seis discos de autoria deste respeitável artista: “Outono”, “Inverno”, “Verão”, “Primavera” e “Mudando de rumo”.
Em 2021, lancei o disco Jamba Trio, em parceria com o baixista Enéias Xavier, premiado como melhor disco no Prêmio BDMG Cultural de Música Instrumental – Marco Antônio Araújo. O trio se completa com um baterista convidado. Nele, apresentações em importantes festivais como Savassi Festival, Tim Jazz Festival, Ipatinga Live Jazz e Savassi Jazz Festival. Além de projetos diversos como Seis e Meia e casas brasileiras de Jazz, como o Clube de Jazz do Café e Conservatório UFMG.
Em minha trajetória contínua, além de Nenê e Dorin, toquei com nomes luminosos da Música. Entre eles: Toninho Horta, Carlos Malta, Marcio Bahia, Itiberê, Márcio Montarroyos.
Como compositor, meus caminhos de influência são vastos e passam pela Música Erudita, pelo Jazz Contemporâneo, pela Música Brasileira e pelo Rock.
John Coltrane, Herbie Hancock, Maccoy Taynner, Egberto Gismonti, Tom Jobim, Milton Nascimento, Beethoven, Bach, Stravinsky, Debussy e Brahms, estão entre os pilares admiráveis que me inspiram.
Mas, percebo que as criações autorais fluem através de parâmetros harmônicos, melódicos e estruturais bem próprios. Penso que a minha música soma o conhecimento às as influências. É fruto de um caminho de vida. Algo que vivi, influencia. Talvez, isso seja o que dá mais profundidade. Mais verdade. Porque, sempre, podemos colocar mais verdade. E o que eu vivo, portanto, expresso com minha música.
Me interessa o que soma sentimento e alma. Essa sensação é muito superior a tudo: a dinheiro, ego, vaidade... Vai muito além disso tudo. E é uma coisa única. É espiritual. Fecho os olhos e, ao lado do conhecimento, das experiências e influências, abro portas e a coisa vem. Nessa essência e verdade, o que eu fiz naquele momento - a nota - , foi o que senti ali. Em outro, será outra coisa. E, assim, nascem improvisos, composições...
Um dos meus trabalhos autorais – “Nuance”, composto em 2011, ganhou show, com casa lotada no Amazonas Green Festival – Festival que reúne os principais nomes do Jazz nacional e mundial na Amazônia - , no Theatro Amazonas, além de me apresentar na Argentina e em São Paulo, através Projeto Sesc Instrumental, entre outros eventos. Este trabalho, já documentado em áudio no Estudo Cachuera (SP), está sendo adequado para levar a vocês, em breve, ao lado de outras produções recentes.
A Moda chegou para mim, há pouco tempo. Mas, não por acaso. Meu estilo de vida e hábitos ritualizados há anos, foram gerando uma assinatura visual que têm despertado interesse deste universo artístico. As tatuagens chegaram, fortalecendo um estilo que se une à minha expressão física, à escolha peculiar de me vestir, aos parâmetros comportamentais e à minha personalidade.
É especial, no entanto, ver que apesar de, aparentemente, específico, meu perfil chega para a Moda e agências em visão capilar e abrangente. Se com o visual esportivo, tatuagens, traços, corpo e rosto atendo a um público, faixa etária, campanha ou cliente, ao colocar um terno, por exemplo, a visão executiva ou formal se instala. Tatuagens ocultas, vestuário afim... E tudo muda. O modelo aqui, camaleão, dialoga com a diversidade e possibilidades incontáveis. E isso é bom.
No encontro das Artes, uma agrega à outra e este artista segue atento ao que melhor possa expressar em essência.
Írio Júnior - pianista | compositor | modelo
IG @iriojunioroficial
O PIANISTA TATUADO
A força e a coragem de Írio Júnior para cravar a pele com agulhas e vestir-se na capa de um super herói de si mesmo, traduz muito sobre alguém que, comprometido com a retidão de caráter e índole, poderia parar aí. Mas, sua conduta é abrangente, segue os passos com olhar para o todo, para o ser, para os seres e além deles. Isso habita distante da vaidade e do ego.
Entender a arte como um processo de construção ininterrupta, onde o ser se revela em conexão com a plenitude e a essência do universo... Se o artista parte da academia, passeia, incansável pela experiência do traço em seu fazer. Conhecendo e recebendo influências da ancestralidade histórica da Música, que determina estilos, gêneros e tendências de cada tempo, Írio edifica e se desconstrói, tantas vezes, a si próprio, até compor, em contemporaneidade, algo que transcenda o ordinário. Evoca e faz lembrar essa ou aquela influência, sem, contudo, apropriar-se ou dela fazer a condução da melodia. Aperfeiçoa a palavra final, com propriedade que, sim, abre espaço para sutis referências, mas, se faz presente por si mesmo, criando, executando, emocionando.
Como um pintor que domina ferramentas, conhecimento acadêmicos e cada vez mais refina o traço, seu abstrato, definitivamente, não é rabisco. É evolução de conceitos próprios, aliados à intensidade que tem consigo o intelecto, os estudos e seu exercício ostensivo. Até que a esponja ou o pincel que deslizam sobre papel ou qualquer outro suporte, imprimam a conexão do conhecimento com a essência de uma expressão. A arte toca, assim, o mais profundo do ser, transcende o ordinário, transforma, cura, cria sua rubrica e nos presenteia. E, claro, é atemporal. Improvisos tornam-se irretocáveis e podem ser transcritos, integralmente, tornando-se novas composições.
A execução, aqui, faz o pianista ser mais que um, com o instrumento que escolheu. É como se veias se estendessem dos seus dedos cravando - feito teias e raizes -, teclas e madeiras do piano, cauda afora. É assim que vejo e escuto, Írio Júnior e cada nuance deste grande, virtuoso, sensível, disponível em experiência, verdadeiro em suas conexões e notável artista.
Em seu tempo, Írio Júnior é sua marca e nos entrega algo, profundamente novo, diverso, intenso na força ou na suavidade, preciso, incomum na verborragia dos tempos das plataformas digitais, necessário como referência contemporânea legitima. Faz e é Música.
(MÁRCIA FRANCISCO, jornalista e escritora)
NUANCE, FAIXA A FAIXA, por Írio Júnior
Dois contra três
A música que abre o disco chega diferente das demais, que têm contexto mais dramático. Alegre, carrega elementos da música brasileira.
Quimera
Essa música evoca a era do Romantismo.
Visionário
Nessa composição direciono aspectos que se desenvolvem para alcançar o ápice. Neste ponto, a música ganha vigor máximo na execução. Nele, exploro a sonoridade mais intensa do piano, onde surge o visionário.
Espera
Inspirada numa espera, destas que nem sempre se consumam como a expectativa do sujeito. O ritmo repetitivo da introdução evoca a sensação da espera. O aspecto harmônico e a melodia sempre passam pelo mesmo caminho. Poucas mudanças rítmicas se instalam sem, contudo, afastar a música de seu objetivo primordial.
Enigma
Essa música retrata muito o Impressionismo. Exploro o mistério, através da tensão em notas e execução, na densidade da intenção. Mas, a estrutura evolui, sem que o enigma seja desvendado. O mistério me revela, no estilo que me conduz, inclusive, na assinatura visual.
Nuance
Música de difícil interpretação, exatamente, por passar por várias nuances e sonoridades. Isso tange os aspectos suaves e dramáticos presentes na dinâmica, onde busco coloridos diversos. Na intenção, meu sentimento quer explorar e tocar algo mais profundo e legítimo, que possa traduzir o que é sensação. É sutil. A definição virá a partir de cada ouvinte.
Sentido contrário
É a única música do disco que revela um piano mais virtuoso. Uma frase de difícil execução técnica - mão esquerda -, se repete muitas vezes. Em paralelo, a mão direita apresenta polirritmia contrária à mão esquerda.
IMPRESSÕES:
"Ouvir o Írio é meio como olhar pro mar: dá vontade de viver e de morrer... Sentimento do Todo, da Maravilha e do Horror. Arte." (MATHEUS NACHTERGAELE, ator, diretor e autor)
"O pianista e educador Irio Júnior é um músico surpreendente. Alia sua destreza técnica e a dinâmica performática do clássico pelos dedos, com a liberdade mental e criativa do jazz, porém de forma orgânica e natural.
Há pouco tempo descobri o seu lado de compositor brilhante, com ideias melódicas futurísticas em harmonias avançadas.
O Irio tem uma alma pura, que busca o aperfeiçoamento e sofisticação musical através de seu estilo incomum, do carisma à sua simplicidade humana.” (TONINHO HORTA, guitarrista, compositor e cantor)
“Irio Júnior é um músico que traz vigor e sensibilidade na apresentação de peças clássicas e contemporâneas, interagindo com classe e domínio técnico em improvisações complexas, modernas e sensoriais. Um artista com profundo conhecimento harmônico, cruzando fronteiras criativas e emocionantes, numa simbiose com um instrumento tão completo como o piano. Uma grande expressão artística que só os músicos talentosos são capazes de apresentar.”
(FRED MAYRINK, Diretor Artístico de TV e Cantor – Tributo a Frank Sinatra)
"Já faz bastante tempo que não ouvia um artista com tanta sensibilidade musical. Quando conheci Irio Júnior, fiquei impressionado com o seu talento único. Ele é um artista sensacional, cuja sensibilidade, técnica e amor pela arte transparecem em cada uma de suas composições e performances. Guardem bem este nome: Irio Júnior, um verdadeiro sinônimo de brasilidade em cada nota que toca. Agradeço a Deus por nos presentear com esse talento tão genial." (CELSO RANGEL, Produtor, Diretor Musical, Guitarrista, Compositor e Engenheiro de Som, Membro do Grammy Latino)
“Írio Júnior, um Hendrix do piano, alta frequência e volume” (JOTABÊ MEDEIROS, jornalista, crítico de música e escritor)
“ Há muito tempo, um pianista não me desperta curiosidade do bem como agora, quando acabo de ouvir o trabalho de Irio Júnior. O título “Nuance” traduz bem o espírito do álbum que está sendo lançado. Vale a pena ouvir e se emocionar.”
(KIKO FERREIRA, jornalista, crítico musical, poeta e compositor)