O projeto
“O autor na Academia” recebe o
escritor e
membro da Academia Brasileira de Letras,
Antonio
Carlos Secchin,
na AML,
para um encontro com o universo de
Alphonsus
de Guimaraens
“O autor na
Academia”, projeto realizado pela Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466 – Centro - BH - MG), com o apoio da FIAT, receberá no dia 11 de setembro, quarta-feira, às
19h, o escritor e
membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos
Secchin.
Na
palestra “Um outro Alphonsus”,
Secchin apresentará perspectivas pouco exploradas na obra de Alphonsus de Guimaraens, a partir da
leitura do poema “A cabeça de corvo” In: GUIMARAENS,
Alphonsus de. Kiriale. Porto:
Typographia Universal, 1902. p.11-2.
Vale destacar que Alphonsus de Guimaraens foi um dos
fundadores da Academia Mineira de Letras. O Palacete Borges da Costa, atual
sede da Academia é cognominado Casa de
Alphonsus de Guimaraens.
No dia do evento, 100 (cem) exemplares do livro
o livro “Memórias de um leitor de
poesia” (2010),
Editora TopBooks, de Antônio Carlos Secchin estarão à venda pelo preço simbólico de R$5,00 (cinco
reais) e o escritor estará disponível para autógrafos.
“O autor na Academia” tem entrada franca e visa aproximar o
público leitor da realidade dos autores, através da Academia Mineira de Letras
que abre suas portas para compartilhar cultura e arte. O projeto concede certificado de participação para
alunos universitários. Informações adicionais: 3222
5764.
ANTONIO CARLOS
SECCHIN
Antonio Carlos Secchin
nasceu no Rio de Janeiro. É professor
emérito da UFRJ e Doutor em Letras
pela mesma Universidade . Poeta
com seis livros publicados, destacando-se Todos os ventos (poesia reunida, 2002), que obteve os prêmios da
Fundação Biblioteca Nacional , da
Academia Brasileira de Letras e do PEN
Clube para
melhor livro do gênero
publicado no país em 2002. Ensaísta, autor de João
Cabral; a poesia do menos , ganhador de três
prêmios nacionais , dentre eles o
Sílvio Romero, atribuído pela ABL
em 1987. Em 2010, publicou Memórias de um leitor de poesia.
Atualmente é um dos curadores da reedição da poesia de Carlos Drummond de
Andrade, publicada pela Cia.das Letras. Proferiu mais de quatrocentas palestras
em vários estados do país e no exterior. Foi Professor convidado
das Universidades de Barcelona, Bordeaux,
Califórnia , Lisboa, Mérida, México, Los
Angeles, Nápoles, Paris (Sorbonne), Rennes e Roma. Autor de centenas de textos (poemas ,
contos , ensaios ) publicados nos principais
periódicos literários brasileiros e internacionais. Eleito
em junho de 2004, tornou-se à época
o mais jovem
membro da Academia Brasileira de Letras .
ALPHONSUS DE GUIMARAENS
Alphonsus
de Guimaraens,
pseudônimo do escritor brasileiro Afonso
Henrique da Costa Guimarães (Ouro
Preto, 24
de julho de 1870 — Mariana, 15
de julho de 1921) era
filho de Albino da Costa Guimarães,
comerciante português, e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, sobrinho do
poeta Bernardo de Guimarães. Matriculou-se em 1887 no curso de Engenharia.
Perdeu prematuramente a prima e noiva Constança, o que o abalou moral e
fisicamente. Foi, em 1894, para São Paulo, onde matriculou-se no curso de
Direito da Faculdade do Largo São Francisco, voltou a Minas Gerais e formou-se
em direito em 1894, na recém inaugurada Faculdade Livre de Direito de Minas
Gerais, que na época funcionava em Ouro Preto. Em São Paulo, colaborou na
imprensa e freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas Vale, onde se reuniam os
jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza, poeta do
qual já admirava e tornou-se amigo pessoal. Também foi juiz substituto e
promotor em Conceição do Serro (MG). No ano de 1897, casa-se com Zenaide de
Oliveira. Posteriormente, em 1899, estreou na literatura com dois volumes de
versos: Septenário das dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente, e Dona Mística;
ambos de nítida inspiração simbolista. Em 1900 passou a exercer a função de
jornalista colaborando em "A Gazeta", de São Paulo. Em 1902 publicou Kyriale,
sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens; esta obra o projetou no universo
literário, obtendo assim um reconhecimento, ainda que restrito de alguns raros
críticos e amigos mais próximos. Em 1903, os cargos de juízes-substitutos foram
suprimidos pelo governo do estado; consequentemente Alphonsus perdeu também seu
cargo de juiz, o que o levou a graves dificuldades financeiras.Após recusar um
posto de destaque no jornal A Gazeta, Alphonsus foi nomeado para a direção do
jornal político Conceição do Serro, onde também colaboraria seu irmão o poeta
Archangelus de Guimaraens, Cruz e Souza e José Severino de Resende. Em 1906,
tornou-se Juiz Municipal de Mariana, MG, para onde se transferiu com sua esposa
Zenaide de Oliveira, com quem teve 15 filhos, dois dos quais também escritores:
João Alphonsus (1901-44) e Alphonsus de Guimaraens Filho (1918-2008).Devido ao
período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana",
apesar de ter vivido lá com a mulher e com seus 15 filhos. O apelido foi dado a
ele devido ao estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época,
passou a ser dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua
obra poética.
Alphonsus de Guimaraens
figura, com destaque, entre os nomes dos fundadores da Academia Mineira de
Letras – AML
Principais Obras de Alphonsus de
Guimaraens: Setenário das Dores de
Nossa Senhora, Câmara
Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália". Póstumas Pastoral aos crentes Escada de Jacó Pulvis Salmos Poesias Jesus Alponsos
A CABEÇA DE CORVO
Alphonsus de
Guimaraens
Na mesa,
quando em meio à noite lenta
Escrevo
antes que o sono me adormeça,
Tenho o
negro tinteiro que a cabeça
De um
corvo representa.
A
contemplá-lo mudamente fico
E numa
dor atroz mais me concentro:
E
entreabrindo-lhe o grande e fino bico,
Meto-lhe
a pena pela goela adentro.
E
solitariamente, pouco a pouco,
De bojo
tiro a pena, rasa em tinta...
E a minha
mão, que treme toda, pinta
Versos
próprios de um louco.
E o
aberto olhar vidrado da funesta
Ave que
representa o meu tinteiro
Vai-me
seguindo a mão, que corre lesta,
Toda a
tremer pelo papel inteiro.
Dizem-me
todos que atirar eu devo
Trevas em
fora este agoirento corvo,
Pois dele
sangra o desespero torvo
Destes
versos que escrevo.
A cabeça
de corvo. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Kiriale. Porto: Typographia Universal,
1902. p.11-2.
Conheça e acompanhe:
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